28.10.05

UMA DECISÃO SENSATA



Segundo se pode ler na imprensa de hoje, Paulo Portas terá renunciado à peregrina ideia de se apresentar como candidato à eleição presidencial, conforme o pretendiam alguns dos seus apoiantes do CDS, agora afastados dos órgãos de decisão do partido.
Embora tardiamente e apesar de ter deixado, durante algum tempo, a hipótese em suspenso, vale mais tarde do que nunca.
De resto, se Paulo Portas quer sobreviver politicamente à década cavaquista que aí se aproxima, tem de se saber preservar e, sobretudo, não se banalizar em tristes e más figuras. Ter sido candidato presidencial para «segurar eleitorado» ou «unir o CDS» seria pô-lo a fazer uma figura deplorável. O seu eleitorado, ao que dizem as sondagens, permanece-lhe fiel e, quanto ao CDS, que tenha juízo e compustura, em vez de andar por aí a expor-se eu questiúnculas infantis, próprias de jotinhas convertidos em «personalidades» de primeira água.
Em trinta anos de democracia, a direita produziu três ou quatro figuras carismáticas: uma delas, goste-se ou não do personagem, é o Dr. Paulo Portas. Que não desbarate esse talento que Deus lhe deu, que saiba esperar e que se posicione para, num futuro que ninguém poderá adivinhar se está próximo ou longínquo, possa regressar à política para lutar pelo estatuto que sempre ambicionou e que não teve ainda oportunidade de alcançar: chefiar a direita em Portugal.