15.9.06

MAS QUE RAIO...

Julgo que será relativamente pacífico o reconhecimento de que não nutro especial predilecção pelo actual Papa. Mas as sucessivas condenações pelo mundo islâmico (o seu todo e não apenas dos sectores considerados radicais) das suas declarações aquando da recente visita à Alemanha são inacreditáveis.
Então o Papa - ou qualquer outro cidadão numa sociedade europeia livre - não pode fazer uma interpretação histórico-filosófica acerca de factos com relevância, cultural, teológica e civilizacional? Ou sobre o que lhe apetecer?
Ainda por cima num contexto de diálogo universitário, i.e. diante dos "representantes da ciência" na aula magna da Universidade de Regensburg? ###
Vai-se agora consolidar o absurdo de que não podemos dissertar acerca de matérias susceptíveis de enxofrar esses senhores?
Em nome deste multiculturalismo lerdo e asséptico, vamos renunciar àquilo que nos fez enquanto civilização?
Vamos ter de perguntar previamente aos que nada respeitam que não seja integralmente seu se aquilo que dizemos e propomos é do seu agrado?
Teremos nós de prescindir daquilo que somos para não desagradar àqueles que são o que querem doa a quem doer?
Mas o que é isto? - terá a partir de agora o Papa de passar pelo crivo de um Ayatola ou de um Iman qualquer antes de proferir uma declaração, não vão os muçulmanos irritar-se?
Exigem desculpas aqueles que nunca as pediram?
Assassinam, ameaçam, lançam fatwas, amaldiçoam, tentam sequestrar a Europa e a América pelo medo, exploram cinicamente as deficiências intelectuais e de carácter da esquerda folclórica e revivalista do Maio de 68, tentam conformar a nossa forma de existir - mas onde e quando é que isto vai parar?

No dia da morte de Oriana Fallaci, que melhor demonstração poderia existir de que essa grande mulher tinha razão?