20.9.06

Quando os terroristas passam a resistentes

Vale a pena ler a notícia que o PÚBLICO dedica hoje à descoberta de explosivos numa casa da Guarda Florestal de Vieira do Minho. E vale a pena porque esta pequena notícia revela a forma peculiar com que os grupos terroristas são olhados em Portugal e sobretudo confirma a ignorância reinante sobre a realidade espanhola. Logo no início lê-se esta fantástica afirmação: «Numa casa abandonada em Vieira do Minho, no distrito de Braga, que ainda pertence há Guarda Florestal mas que há muito foi desactivada, foram encontrados diversos engenhos explosivos de carácter artesanal, bem como documentação diversa sobre a resistência galega (um grupo armado espanhol que reclama a autonomia daquela província)»

Aquela província ou seja a Galiza goza duma enorme autonomia e a autonomia não faz parte das reivindicações dos grupos nacionalistas-terroristas que operam em Espanha (Convém não esquecer que em Espanha existem também nacionalistas que não são terroristas e terroristas que não são nacionalistas).
O que os grupos nacionalistas (terroristas e não só) revindicam ou dizem que reivindicam é sim a independência. A isto acresce a questão da resistência: ou o movimento se chama Resistencia Galega - e nesse caso escreve-se com maiúsculas - ou então cabe perguntar a que título passam terroristas a resistentes? Contra quem resistem? Contra Madrid? Contra Lisboa? Contra o governo autónomo da Galiza por sinal constituído por socialistas e pelo Bloco Nacionalista Galego?