Não cometa a grave injustiça de insinuar que, por estas bandas, não consideramos o que escreve e o que pensa. A situação é rigorosamente a inversa e só lamentamos mesmo que não tenha visto ainda a luz em toda a sua magnificência! Ou seja, que largue definitivamente esse tique do socialismo (onde verdadeiramente nunca o situei, lembra-se?) e abrace, qual vocação religiosa, o liberalismo.
Como estamos a entrar no fim-de-semana, onde o merecido repouso nos obriga à frugalidade, apenas lhe farei um reparo. Quando diz: «não vejo como se possa ser socialista, ter preocupações sociais, e não defender o mercado livre», você, meu caro, está a cair numa incontornável contradição. Porque, se atender ao termo «mercado livre» ele mesmo encerra em si o princípio fundamental da não intervenção. Ele é livre porque deve bastar-se no jogo não condicionado da oferta e da procura, e da plena liberdade de movimentos dos indivíduos, em condições de igualdade perante a lei. O socialismo, ou o «mito da terceira via», como lhe chamou Mises, é incompatível com essa liberdade. Pelo que, aguardando que finalmente veja a luz, só posso refutar a sua hipótese conciliatória e repetir que socialismo e liberdade são mesmo conceitos incompatíveis e antagónicos.
O resto fica para depois.
Saudações liberais,