26.8.04

O natural, o artificial e o espontâneo XVI

Diz o autor das Cartas de Londres:

O neo-liberalismo esse sim parece radicalmente céptico quanto à capacidade do Estado para fazer algo de útil. (Veja-se os delírios do João Mirando sobre o artificial e o natural; será que ele prefere o bairro ?natural? da Musgueira ao bairro 'artificial' da Expo?)


Eu não conheço a Expo, nem a Musgueira. Nem tenho que conhecer. O Bruno parte do princípio que eu conheço porque Lisboa é a capital do Império. Como capital do Império foi crescendo descontroladamente por causa das políticas centralistas do estado. O mesmo estado que, com a lei das rendas destruiu o centro de Lisboa. E o mesmo estado que separou as zonas habitacionais, as zonas de estudo, as de lazer e as de trabalho e agora não sabe o que fazer ao trânsito. O mesmo estado que desertificou ainda mais o centro urbano de Lisboa promovendo uma nova cidade na Expo. O mesmo estado que construiu a ponte Vasco da Gama alargando ainda mais a área urbana de Lisboa. O mesmo estado que subsidiou a Expo mas se calhar não subsidiou a Musgueira. Ou que se calhar até subsidiou a Expo à custa da Musgueira.

É assim tão dificil de perceber que se o estado descurar ou destruir tudo o resto, consegue fazer maravilhas com o dinheiro público em determinados casos muito específicos?