E ao fim de três meses de vida, damos o grande salto em frente. Hoje concretizamos a fusão com o Liberdade de Expressão, o blogue mais intrinsecamente liberal que existe. Um raid surpresa feito no final de um debate da Tertúlia das Antas, seguido de uma reunião de trabalho com duríssimas negociações em agenda (leia-se, de um lauto e bem regado repasto) no Rivoli, foi quanto bastou para se concretizar a primeira OPA amigável da lusa-blogosfera.
Claro que o good-will a pagar é elevadíssimo, facto natural quando se está a adquirir o blogue mais bem cotado do sector liberal. Pior do que isso, o danado do João Miranda soube vender muito bem a sua marca, o que implicou um prémio acrescido. Ou seja, extingue-se o blogue, mas não a marca Liberdade de Expressão. Esta, será doravante o título de uma coluna neste blogue, exclusiva do João, que nela postará as blasfémias mais heréticas, como só ele sabe fazer.
Não obstante, trata-se de um excelente negócio, pois sabemos que o enorme good-will será amortizado, como é habitual nas OPAs bem sucedidas, "com o pêlo do mesmo cão". Ou seja, com a qualidade inegável e única das postas do João Miranda, na sua futura coluna exclusiva, mas não só.
Diga-se que esta fusão é um facto perfeitamente lógico e inevitável: tarde ou cedo, o Blasfemo-mor da blogosfera teria de integrar o Blasfémias. E, engenheiro químico - facto que talvez explique a saborosa acidez das suas postas - vem equilibrar a tendência demasiado direitista deste blogue (do Direito, entenda-se).
Daqui a uns minutos, por cá continuaremos todos, sempre heréticos e agora renovados e de ânimo redobrado com tão valioso reforço.
Carlos Abreu Amorim
Carlos Loureiro
Gabriel Silva
Luís Rocha
Pedro Madeira Froufe
Rui Albuquerque
Sara Muller
31.5.04
É UMA VERGONHA!
É mesmo!
Sei que vão surgir os arautos do sistema pressurosos a assegurar que tudo isto é normal, que a justiça está a funcionar de modo regular, que estas são as regras do jogo.
Mas não é assim, não pode ser assim!
Se Paulo Pedroso cometeu os horrores de que o Ministério Público o acusou, então esta não pronúncia demonstra que a investigação foi mal feita, que a equipa de João Guerra foi incompetente e as decisões de Rui Teixeira não tinham a devida cobertura dos factos, como tantos suspeitavam desde há muito. A ser assim, é uma vergonha!
Se, pelo contrário, Pedroso foi despronunciado porque é inocente e todas as provas foram engendradas, resultando em que as autoridades foram enganadas e caíram numa patranha, este processo tornou-se abominável. A ser assim, também é uma vergonha!
Dar o Exemplo
Segundo o Público, o Provedor de Justiça terá detectado uma "deficiente aplicação da lei", a propósito do novo Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), que substituiu a velha contribuição autárquica.
Depois das anunciadas coimas pesadas para os contribuintes proprietários de imóveis que não comunicassem à Administração Fiscal o seu número de contribuinte, a Provedoria acusa agora a DGCI (Direcção Geral de Constribuições e Impostos) de erros em larga escala (em prejuízo dos contribuintes) na avaliação dos imóveis para efeitos de aplicação daquele imposto, com a consequente cobrança de quantias indevidas. A par desta crítica, a Provedoria recomenda à DGCI que informe devidamente os contribuintes dos critérios utilizados nas avaliações (em vez da simples remissão para artigos complexos de diplomas de ainda mais difícil interpretação).
Mais recomenda o "rápido reembolso das importâncias indevidamente pagas".
Qual será a primeira recomendação a ser seguida?
O Estado tem aqui uma excelente possibilidade para dar o exemplo e mostrar que, ao contrário de muitos contribuintes, cumpre escrupulosamente as suas obrigações.
Depois das anunciadas coimas pesadas para os contribuintes proprietários de imóveis que não comunicassem à Administração Fiscal o seu número de contribuinte, a Provedoria acusa agora a DGCI (Direcção Geral de Constribuições e Impostos) de erros em larga escala (em prejuízo dos contribuintes) na avaliação dos imóveis para efeitos de aplicação daquele imposto, com a consequente cobrança de quantias indevidas. A par desta crítica, a Provedoria recomenda à DGCI que informe devidamente os contribuintes dos critérios utilizados nas avaliações (em vez da simples remissão para artigos complexos de diplomas de ainda mais difícil interpretação).
Mais recomenda o "rápido reembolso das importâncias indevidamente pagas".
Qual será a primeira recomendação a ser seguida?
O Estado tem aqui uma excelente possibilidade para dar o exemplo e mostrar que, ao contrário de muitos contribuintes, cumpre escrupulosamente as suas obrigações.
OS FUNDAMENTALISTAS EUROPEUS
Mais uma intervenção lamentável de Jorge Sampaio, hoje num artigo no DN.
No intuito de apelar ao voto nas próximas eleições europeias, o Presidente da República faz uma defesa dolosa das transformações aportadas pela dita "constituição" europeia. Embora, no seu estilo esquivo, nunca a mencione.
É a opinião de quem está plenamente convencido das vantagens do modelo de integração proclamado por Giscard d'Estaing e seus acólitos, dirigido a quem possui ainda mais fé giscardiana do que o seu próprio autor.
Obviamente, não convencerá ninguém que não esteja já convencido. Sobretudo porque repete mimeticamente as posições do PS e da coligação governamental sobre a dita "c"e.
No momento em que alguns dos mais reputados juristas portugueses manifestam os seus receios pela perda acentuada de soberania constitucional, saliento este excerto fundamentalista/irrealista de Sampaio:
"Com a Europa conquistámos um campo privilegiado para afirmação da nossa identidade nacional".
Ninguém irá votar persuadido por esta prosa.
Espanha e Brasil... e Portugal a vê-los passar!
"Espanha promete defender os interesses do Brasil na União Europeia",é o título de uma notícia/comentário publicado no Democracia Liberal.
Vale a pena ler e reflectir. Reflectir em algumas ideias feitas, em alguns desejos (mais unilaterais, ou seja, só "alimentados" por portugueses)do que efectivamente bilaterais (com o acordo e a vontade política do Brasil). Para quem defende intransigentemente a tese do "eixo atlântico" como alternativa à "opção europeia" nacional (e não como opção/objectivo complementar), vale a pena pensar, em termos políticos, como é que somos vistos (Portugal) "do lado de lá"....
Vale a pena também (talvez, sobretudo!) perguntar por onde anda a nossa (tradicionalmente distraída) política externa? E a nossa diplomacia?....
Vale a pena ler e reflectir. Reflectir em algumas ideias feitas, em alguns desejos (mais unilaterais, ou seja, só "alimentados" por portugueses)do que efectivamente bilaterais (com o acordo e a vontade política do Brasil). Para quem defende intransigentemente a tese do "eixo atlântico" como alternativa à "opção europeia" nacional (e não como opção/objectivo complementar), vale a pena pensar, em termos políticos, como é que somos vistos (Portugal) "do lado de lá"....
Vale a pena também (talvez, sobretudo!) perguntar por onde anda a nossa (tradicionalmente distraída) política externa? E a nossa diplomacia?....
30.5.04
TÃO INCHADO QUE NÃO VÊ O RIDÍCULO
António Lobo Xavier foi nomeado vice-presidente do F.C.P. por Pinto da Costa há cerca de uma semana. A escolha insere-se numa lógica de envolvimento da política e de políticos mais ou menos conhecidos no dirigismo futebolístico - ao lado de ALX estão as subidas presenças de Fernando Gomes e de mais um ou outro sujeito do mesmo calibre.
Mas quem escolhe é quem pode e, por isso, nada mais há a dizer.
Acontece que o recém Vice, na "Quadratura do Círculo" da Sic-Notícias, com o topete que o caracteriza, atreveu-se a criticar a pose de José Mourinho, dizendo nomeadamente que "Mourinho não percebeu como é que o Futebol Clube do Porto funciona".
Sem mais.
Chegado de fresco e sempre inchado como um pavão, ALX entende que o homem que ofertou 2 campeonatos nacionais, 1 Taça de Portugal, 1 Super-Taça, 1 Taça UEFA e 1 Taça da Liga dos Campeões Europeus, não "percebeu" como se processam os mecanismos no clube onde trabalhou 2 anos e meio e onde ganhou quase tudo o que havia para ganhar...
Ele sim, ALX, "percebeu" tudo, certamente. "Percebeu" como funciona o Porto e como funciona tudo o resto onde já esteve e onde ainda está. "Percebeu"-o tão bem que fala do alto da cátedra que nunca ganhou (nem conseguiu herdar) acerca de assuntos que desconhece por completo.
E porquê? Porque essa é a lógica que caracteriza o carreirista - "perceber" o que fazer para subir sem ter de dar provas, nem ganhar coisa nenhuma.
Do lado contrário temos José Mourinho, que sabe fazer uma carreira vencendo, provando o seu mérito e falando apenas do que sabe.
Esta é a diferença entre ter uma carreira e ser um carreirista.
Mas quem escolhe é quem pode e, por isso, nada mais há a dizer.
Acontece que o recém Vice, na "Quadratura do Círculo" da Sic-Notícias, com o topete que o caracteriza, atreveu-se a criticar a pose de José Mourinho, dizendo nomeadamente que "Mourinho não percebeu como é que o Futebol Clube do Porto funciona".
Sem mais.
Chegado de fresco e sempre inchado como um pavão, ALX entende que o homem que ofertou 2 campeonatos nacionais, 1 Taça de Portugal, 1 Super-Taça, 1 Taça UEFA e 1 Taça da Liga dos Campeões Europeus, não "percebeu" como se processam os mecanismos no clube onde trabalhou 2 anos e meio e onde ganhou quase tudo o que havia para ganhar...
Ele sim, ALX, "percebeu" tudo, certamente. "Percebeu" como funciona o Porto e como funciona tudo o resto onde já esteve e onde ainda está. "Percebeu"-o tão bem que fala do alto da cátedra que nunca ganhou (nem conseguiu herdar) acerca de assuntos que desconhece por completo.
E porquê? Porque essa é a lógica que caracteriza o carreirista - "perceber" o que fazer para subir sem ter de dar provas, nem ganhar coisa nenhuma.
Do lado contrário temos José Mourinho, que sabe fazer uma carreira vencendo, provando o seu mérito e falando apenas do que sabe.
Esta é a diferença entre ter uma carreira e ser um carreirista.
JURISTAS CONTRA A REVISÃO CONSTITUCIONAL
Segundo o Democracia Liberal, vários juristas e professores de direito decidiram apresentar uma petição ao Presidente da República, ao Procurador-Geral da República e ao Provedor de Justiça em que pedem a fiscalização sucessiva da constitucionalidade da recente revisão constitucional.
O problema reside na existência de artigos que positivam o primado do direito comunitário sobre todo o direito português, inclusivamente sobre a Constituição da República.
Segundo o Público, o texto, que nasceu no circuito académico das faculdades de Direito, tem a assinatura de Jorge Miranda, Paulo Otero, Menezes Cordeiro, Carlos Blanco de Morais, Teresa Coelho e Rui de Albuquerque, entre outros. Políticos do PSD, como Paulo Teixeira Pinto e Pedro Passos Coelho, monárquicos, como Gonçalo Ribeiro Teles e Luís Coimbra, e o ex-assessor do Presidente da República, João Ferreira do Amaral, também se juntaram à iniciativa. A recolha de assinaturas ainda prossegue.
O problema reside na existência de artigos que positivam o primado do direito comunitário sobre todo o direito português, inclusivamente sobre a Constituição da República.
Segundo o Público, o texto, que nasceu no circuito académico das faculdades de Direito, tem a assinatura de Jorge Miranda, Paulo Otero, Menezes Cordeiro, Carlos Blanco de Morais, Teresa Coelho e Rui de Albuquerque, entre outros. Políticos do PSD, como Paulo Teixeira Pinto e Pedro Passos Coelho, monárquicos, como Gonçalo Ribeiro Teles e Luís Coimbra, e o ex-assessor do Presidente da República, João Ferreira do Amaral, também se juntaram à iniciativa. A recolha de assinaturas ainda prossegue.
As eleições para o PE e a questão Turca.
As eleições para o Parlamento Europeu têm, como pano de fundo, algumas questões fulcrais da "agenda europeia". E já nem falo naquela que é, estruturalmente, a questão mais premente e decisiva (actualmente, ainda num impasse): a "Constituição" Europeia (avança ou não? e em que termos?; avançando, quais as mudanças que, porventura, serão introduzidas no projecto convencional Giscardiano, em sede de re-negociação inter-governamental?, etc., etc.)...
A questão Turca começa, agora, a debater-se com mais mediatismo, na medida em que a União Europeia deverá decidir, em Dezembro do corrente ano, se e quando serão, ou não, abertas as negociações com vista á adesão daquele Estado de maioria muçulmana (fixando o respectivo calendário). A Comissão tem, presentemente, em curso, a elaboração de um relatório que servirá de base para a tomada de uma decisão. Já tivemos oportunidade de postar sobre esta questão Turca (O Califado Europeu, 9.05.2004). Outros também já o fizeram.
Alguns Estados comunitários já "adoptaram", em termos de discussão política interna, o problema da eventual adesão da Turquia à EU. A questão é complexa e, naturalmente (como está em voga dizer-se) fraccionante.
Seria bom que a campanha relativa às eleições para o PE reflectisse o debate (será que entre nós existe? ... até agora ainda não notamos!) sobre a questão Turca!
Que posição deverá Portugal defender? Vantagens vs inconvenientes da possível adesão ou não adesão? Que soluções para os riscos de formação de um eventual Califado Europeu (título de uma posta do Nova Frente, a propósito de um livro recente de Alexandre del Valle), a partir da integração da Turquia? Será que os critérios/requisitos estabelecidos pela UE (Critérios de Copenhaga) já se verificam efectivamente, no quotidiano Turco?
Aguardamos a posição dos nossos partidos....
A questão Turca começa, agora, a debater-se com mais mediatismo, na medida em que a União Europeia deverá decidir, em Dezembro do corrente ano, se e quando serão, ou não, abertas as negociações com vista á adesão daquele Estado de maioria muçulmana (fixando o respectivo calendário). A Comissão tem, presentemente, em curso, a elaboração de um relatório que servirá de base para a tomada de uma decisão. Já tivemos oportunidade de postar sobre esta questão Turca (O Califado Europeu, 9.05.2004). Outros também já o fizeram.
Alguns Estados comunitários já "adoptaram", em termos de discussão política interna, o problema da eventual adesão da Turquia à EU. A questão é complexa e, naturalmente (como está em voga dizer-se) fraccionante.
Seria bom que a campanha relativa às eleições para o PE reflectisse o debate (será que entre nós existe? ... até agora ainda não notamos!) sobre a questão Turca!
Que posição deverá Portugal defender? Vantagens vs inconvenientes da possível adesão ou não adesão? Que soluções para os riscos de formação de um eventual Califado Europeu (título de uma posta do Nova Frente, a propósito de um livro recente de Alexandre del Valle), a partir da integração da Turquia? Será que os critérios/requisitos estabelecidos pela UE (Critérios de Copenhaga) já se verificam efectivamente, no quotidiano Turco?
Aguardamos a posição dos nossos partidos....
BARATEZA
Ou como a China sempre produziu produtos mais baratos. Ou ainda de como foram as porcelanas chineses introduzidas nas cortes europeias .
"Era manjar de alma o que o Arcebispo [D. Frei Bartolomeu dos Mártires OP] tinha nestas práticas, muito mais saboroso pera êle que todos os que vinham à mesa; e, desejando mostrar-se grato a tantos favores de Sua Santidade [Papa Pio IV], pareceu-lhe que tinha bastante matéria no grande número de vasos de prata que ali via, considerando que havia prato que podia ser casamento de uma orfã e outro que podia bem vestir muitos pobres e notando com mágoa que só o ouro dos dourados, que já estava perdido, pudera matar a fome a muitos miseráveis a quem tomava a noite sem ceia e às vezes sem jantar.
Era esta sua ordinária teima e invectiva contra os bispos que se serviam com prata; e não admitia a desculpa que davam que era serviço que durava tôda a vida e gasto feito por uma vez, e na hora da morte ficava pera satisfação de criados e dividias miúdas que sempre havia nas casas grandes. E afirmava que não podia haver razão que abonasse tamanha sem justiça, como era em terras cheias de pobreza e de necessidades de próximos urgentíssimas resplandecerem os aparadores dos Prelados com aquela riqueza ociosa. Sabia êle como já o Pontifice tinha noticia desta sua paixão, fêz conta que pequeno remoque bastaria pera quem estava advirtido e tinha o engenho esperto; e, tomando ocasião de um fermoso vaso dourado que veio à mesa:
- Temos - disse - em Portugal um género de baixela que, com ser barro, se aventeja tanto à prata em graça e limpeza que aconselhara eu a todos os Principes (se um pobre frade pode fiar de si dar conselhos) que não usaram outro serviço e desterraram de suas mesas a prata. Chamamos-lhe em Portugal procelanas, vêm da India, fazem-se na China; é o barro tão fino e transparente que as brancas deixam atrás os cristais e alabastros; e as que são variadas de azul enleiam os olhos representado uma composição de alabastros e safiras. O que têm de quebradiço recompensam com a barateza; podem-se estimar dos maiores Principes por delícia e curiosidade e por tal se têm em Portugal.
Não passou por alto ao Papa o tiro do Arcebispo e bem notou onde apontava com a tenção; e, dissimulando, disse-lhe que tevesse lembrança, quando se visse em Portugal, de dizer ao Cardial Ifante [D. Henrique] seu amigo lhe mandasse destas procelanas, que, como as tevesse, daria de mão à prata. Contou o Arcebispo esta história ao embaixador, que teve cuidado de avisar o Cardial; e, dentro de poucos dias, estavam em Roma grande número de procelanas de tôda sorte com que Sua Santidade mostrou muito gôsto e partiu com Cardiais e outras pessoas e ficou com serviço bastante para muitos dias."
(Fr. Luis de Souza, "Vida do Arcebispo", Cap. XXIV, Viana do Castelo, 1619)
"Era manjar de alma o que o Arcebispo [D. Frei Bartolomeu dos Mártires OP] tinha nestas práticas, muito mais saboroso pera êle que todos os que vinham à mesa; e, desejando mostrar-se grato a tantos favores de Sua Santidade [Papa Pio IV], pareceu-lhe que tinha bastante matéria no grande número de vasos de prata que ali via, considerando que havia prato que podia ser casamento de uma orfã e outro que podia bem vestir muitos pobres e notando com mágoa que só o ouro dos dourados, que já estava perdido, pudera matar a fome a muitos miseráveis a quem tomava a noite sem ceia e às vezes sem jantar.
Era esta sua ordinária teima e invectiva contra os bispos que se serviam com prata; e não admitia a desculpa que davam que era serviço que durava tôda a vida e gasto feito por uma vez, e na hora da morte ficava pera satisfação de criados e dividias miúdas que sempre havia nas casas grandes. E afirmava que não podia haver razão que abonasse tamanha sem justiça, como era em terras cheias de pobreza e de necessidades de próximos urgentíssimas resplandecerem os aparadores dos Prelados com aquela riqueza ociosa. Sabia êle como já o Pontifice tinha noticia desta sua paixão, fêz conta que pequeno remoque bastaria pera quem estava advirtido e tinha o engenho esperto; e, tomando ocasião de um fermoso vaso dourado que veio à mesa:
- Temos - disse - em Portugal um género de baixela que, com ser barro, se aventeja tanto à prata em graça e limpeza que aconselhara eu a todos os Principes (se um pobre frade pode fiar de si dar conselhos) que não usaram outro serviço e desterraram de suas mesas a prata. Chamamos-lhe em Portugal procelanas, vêm da India, fazem-se na China; é o barro tão fino e transparente que as brancas deixam atrás os cristais e alabastros; e as que são variadas de azul enleiam os olhos representado uma composição de alabastros e safiras. O que têm de quebradiço recompensam com a barateza; podem-se estimar dos maiores Principes por delícia e curiosidade e por tal se têm em Portugal.
Não passou por alto ao Papa o tiro do Arcebispo e bem notou onde apontava com a tenção; e, dissimulando, disse-lhe que tevesse lembrança, quando se visse em Portugal, de dizer ao Cardial Ifante [D. Henrique] seu amigo lhe mandasse destas procelanas, que, como as tevesse, daria de mão à prata. Contou o Arcebispo esta história ao embaixador, que teve cuidado de avisar o Cardial; e, dentro de poucos dias, estavam em Roma grande número de procelanas de tôda sorte com que Sua Santidade mostrou muito gôsto e partiu com Cardiais e outras pessoas e ficou com serviço bastante para muitos dias."
(Fr. Luis de Souza, "Vida do Arcebispo", Cap. XXIV, Viana do Castelo, 1619)
Toma lá, dá cá
A chave para não deixar morrer a indústria ferroviária na Amadora está num contrato com a Federação da Bósnia Herzegovina para o fabrico de 400 vagões de mercadorias e cujo valor pode rondar os 40 milhões de euros.
O governo português concedeu um empréstimo de 32 milhões de euros à Bósnia-Herzegovina para apoiar a modernização dos caminhos-de-ferro, anunciou sábado o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).
29.5.04
AUTARQUIAS II
"O vereador da Habitação da Câmara do Porto, Paulo Morais, justificou aumentos extraordinários de rendas sociais com o recurso a um decreto-lei com mais de uma década, o 166/93", afirma escandalizado o jornalista Carlos Romero.
De facto, mais de uma década!
Mas ele insiste: "Começa a tornar-se um hábito de Paulo Morais o recurso a velharias legais para impor a sua política."
Velharias. Sim senhor. Temos então que as leis a aplicar deverão ser apenas as fresquinhas,do género, aprovadas nesta legislatura. Será?
Mas ele continua: "Não é nada bom sinal este recurso ao passado para justificar políticas do presente."
Vejamos. Carlos Romero é contra a actual Constituição da República, esse "fóssil" datado já de 1975, quase três décadas! E o que dizer do jurássico Código Civil, esses instrumento legislativo salazarista, o qual estranhamente é ainda todos os dias aplicado, por exemplo, na simples compra do jornal "Público"? Nem vale a pena falar do período Paraládossico, nomeadamente o Código Comercial, situado, segundo os arqueólogos legistas em 1888!
Mas afinal o que se deveria discutir não era os aumentos em si. Mas sim o facto, injusto, profundamente injusto, escandaloso, de os proprietários de prédios imóveis que sejam autarquias locais, orgãos com funções públicas e de carater social, pagas pelos contribuintes, poderem aumentar as rendas aos seus inquilinos. E o contribuinte, que seja igualmente proprietário, não o pode fazer. O proprietário é obrigado a fazer acção social à custa do seu próprio rendimento e património.
Isso sim, é injusto. É retrógado. É bolorento. É salazarista. É bovino. Mas isso já não interesa, não é Carlos Romero?
De facto, mais de uma década!
Mas ele insiste: "Começa a tornar-se um hábito de Paulo Morais o recurso a velharias legais para impor a sua política."
Velharias. Sim senhor. Temos então que as leis a aplicar deverão ser apenas as fresquinhas,do género, aprovadas nesta legislatura. Será?
Mas ele continua: "Não é nada bom sinal este recurso ao passado para justificar políticas do presente."
Vejamos. Carlos Romero é contra a actual Constituição da República, esse "fóssil" datado já de 1975, quase três décadas! E o que dizer do jurássico Código Civil, esses instrumento legislativo salazarista, o qual estranhamente é ainda todos os dias aplicado, por exemplo, na simples compra do jornal "Público"? Nem vale a pena falar do período Paraládossico, nomeadamente o Código Comercial, situado, segundo os arqueólogos legistas em 1888!
Mas afinal o que se deveria discutir não era os aumentos em si. Mas sim o facto, injusto, profundamente injusto, escandaloso, de os proprietários de prédios imóveis que sejam autarquias locais, orgãos com funções públicas e de carater social, pagas pelos contribuintes, poderem aumentar as rendas aos seus inquilinos. E o contribuinte, que seja igualmente proprietário, não o pode fazer. O proprietário é obrigado a fazer acção social à custa do seu próprio rendimento e património.
Isso sim, é injusto. É retrógado. É bolorento. É salazarista. É bovino. Mas isso já não interesa, não é Carlos Romero?
EMPRESÁRIOS
"(...)Pois em Resende, capital da cereja, acontece esta coisa extraordinária: em plena época do tão apreciado fruto, é difícil encontrar uma loja no centro da vila que venda um punhado de cerejas autênticas de Resende a um forasteiro." (Público)
Faz-me lembrar o tempo (oito anos atrás), em que na Régua ou no Pinhão era impossível encontrar um local para comprar Vinho do Porto.
Espero que as coisas tenham mudado.
Faz-me lembrar o tempo (oito anos atrás), em que na Régua ou no Pinhão era impossível encontrar um local para comprar Vinho do Porto.
Espero que as coisas tenham mudado.
AUTARQUIAS I
"(...)o vice-presidente da autarquia [Gaia], Poças Martins, respondeu que os aumentos fixados [sobre as taxas sobre rampas de acesso a edifícios], são "um mal necessário", motivado pela necessidade que a autarquia sentiu de ver aumentadas as suas receitas. "Se não fosse a taxa da rampa teria que ser outra taxa qualquer" (...)".
Pois, a gente quer é sugar o cidadão.
Pois, a gente quer é sugar o cidadão.
SEGURANÇA PSICOLÓGICA (ou "queremos apenas aborrecer os cidadãos e os turistas")
"(...)Se aqueles romenos queriam passar, bastava descerem da carrinha ali naquela bomba de gasolina (do lado de Espanha) e contornarem por trás o próprio edifício do posto misto", atira um observador atento da operação das forças de segurança. "E estavam logo em Portugal", conclui, sem querer revelar a identificação. "Quem quiser entrar no país fá-lo por lá com muita facilidade", garante.
De facto, existe um acesso pedonal livre mesmo atrás do edifício, junto ao parque TIR. "E neste exacto momento nem sequer há brigada fiscal na via de entrada de camiões no país, porque eles só fazem seis horas por dia", afirma, ao apontar para o sítio onde normalmente os agentes estão.
Questionados pelo PÚBLICO acerca daquele acesso pedonal e da ausência de fiscalização na entrada para os camiões, os agentes da GNR a operar no corredor oficial de acesso respondem com um encolher de ombros".
De facto, existe um acesso pedonal livre mesmo atrás do edifício, junto ao parque TIR. "E neste exacto momento nem sequer há brigada fiscal na via de entrada de camiões no país, porque eles só fazem seis horas por dia", afirma, ao apontar para o sítio onde normalmente os agentes estão.
Questionados pelo PÚBLICO acerca daquele acesso pedonal e da ausência de fiscalização na entrada para os camiões, os agentes da GNR a operar no corredor oficial de acesso respondem com um encolher de ombros".
A QUEDA DE CONSTANTINOPLA
Acontecimento choque na sua época, vai determinar em grande parte os cinco séculos seguintes da história da Europa. Incluindo o actual XXI, com as actuais discussões sobre o papel da Turquia e da sua europalidade ou não.
Foi em 29 de Maio de 1453. A cidade, sob o governo do último imperador romano, Constantino XII foi tomada pelo Sultão Mahomet II (na imagem),que por este feito passou à posteridade como O Conquistador.
Assim terminou o Império Romano. Quinze séculos de longevidade.
Para variar do futebol...
Os "dragões" fazem o pleno nesta época (2003/2004), conseguindo juntar aos títulos de vencedor da Taça da Liga e da Taça de Portugal o Campeonato da Liga Profissional de basquetebol hoje conquistado. (aqui)
28.5.04
MEU CARO IRREFLEXÕES,
Não cometa a grave injustiça de insinuar que, por estas bandas, não consideramos o que escreve e o que pensa. A situação é rigorosamente a inversa e só lamentamos mesmo que não tenha visto ainda a luz em toda a sua magnificência! Ou seja, que largue definitivamente esse tique do socialismo (onde verdadeiramente nunca o situei, lembra-se?) e abrace, qual vocação religiosa, o liberalismo.
Como estamos a entrar no fim-de-semana, onde o merecido repouso nos obriga à frugalidade, apenas lhe farei um reparo. Quando diz: «não vejo como se possa ser socialista, ter preocupações sociais, e não defender o mercado livre», você, meu caro, está a cair numa incontornável contradição. Porque, se atender ao termo «mercado livre» ele mesmo encerra em si o princípio fundamental da não intervenção. Ele é livre porque deve bastar-se no jogo não condicionado da oferta e da procura, e da plena liberdade de movimentos dos indivíduos, em condições de igualdade perante a lei. O socialismo, ou o «mito da terceira via», como lhe chamou Mises, é incompatível com essa liberdade. Pelo que, aguardando que finalmente veja a luz, só posso refutar a sua hipótese conciliatória e repetir que socialismo e liberdade são mesmo conceitos incompatíveis e antagónicos.
O resto fica para depois.
Saudações liberais,
Como estamos a entrar no fim-de-semana, onde o merecido repouso nos obriga à frugalidade, apenas lhe farei um reparo. Quando diz: «não vejo como se possa ser socialista, ter preocupações sociais, e não defender o mercado livre», você, meu caro, está a cair numa incontornável contradição. Porque, se atender ao termo «mercado livre» ele mesmo encerra em si o princípio fundamental da não intervenção. Ele é livre porque deve bastar-se no jogo não condicionado da oferta e da procura, e da plena liberdade de movimentos dos indivíduos, em condições de igualdade perante a lei. O socialismo, ou o «mito da terceira via», como lhe chamou Mises, é incompatível com essa liberdade. Pelo que, aguardando que finalmente veja a luz, só posso refutar a sua hipótese conciliatória e repetir que socialismo e liberdade são mesmo conceitos incompatíveis e antagónicos.
O resto fica para depois.
Saudações liberais,
SNGCG PARA SI TAMBÉM
"O Conselho de Ministros anunciou ontem ter criado o Sistema Nacional de Gestão de Crises Governamentais (SNGCG), uma estrutura não-permanente chefiada pelo primeiro-ministro que irá permitir, "com elevada prontidão, fazer face a cenários, mais ou menos imprevisíveis, difusos e de contornos pouco claros, que poderão afectar a comunidade nacional".
Gestão de Crises Governamentais? De que tipo? Theias, Celeste, Isaltino?
"O comunicado governamental refere que "o aumento de acidentes graves, de conflitos armados, de situações de fome, de doenças epidérmicas, de catástrofes e de outras calamidades, abrangendo vastas áreas populacionais" impõe a criação de uma "estrutura que, de forma interactiva e transversal, abranja todas as componentes necessárias e gestão de crises, independentemente da sua natureza".
Sim, sei lá, uma estrutura que em outros países até se chama de Governo. E de forma a coordenar as coisas chegam ao ponto de reunir entre todos uma vez por semana, vejam lá o profissionalismo da coisa!
"(...) O ministro Paulo Portas (Defesa) disse que um órgão deste género poderia ter actuado na "crise Prestige", caso existisse na altura."
Pois é, ouvi dizer que na altura até foi chato, teve que se recorrer mais uma vez a Nossa Senhora de Fátima, sempre tão ocupada e hesitante entre defender as costas portuguesas ou as espanholas.
(citações do Público)
Gestão de Crises Governamentais? De que tipo? Theias, Celeste, Isaltino?
"O comunicado governamental refere que "o aumento de acidentes graves, de conflitos armados, de situações de fome, de doenças epidérmicas, de catástrofes e de outras calamidades, abrangendo vastas áreas populacionais" impõe a criação de uma "estrutura que, de forma interactiva e transversal, abranja todas as componentes necessárias e gestão de crises, independentemente da sua natureza".
Sim, sei lá, uma estrutura que em outros países até se chama de Governo. E de forma a coordenar as coisas chegam ao ponto de reunir entre todos uma vez por semana, vejam lá o profissionalismo da coisa!
"(...) O ministro Paulo Portas (Defesa) disse que um órgão deste género poderia ter actuado na "crise Prestige", caso existisse na altura."
Pois é, ouvi dizer que na altura até foi chato, teve que se recorrer mais uma vez a Nossa Senhora de Fátima, sempre tão ocupada e hesitante entre defender as costas portuguesas ou as espanholas.
(citações do Público)
O PROBLEMA ESTÁ EM SABER QUAL
Scolari: Selecção vive em "ambiente de clube".
É que faz toda a diferença viver o "ambiente" do FCP ou do Alverca...
É que faz toda a diferença viver o "ambiente" do FCP ou do Alverca...
GUARDIÕES
"(...) Daí a grande importância, na reforma institucional da União Europeia, do reforço de poderes da Comissão Europeia, guardiã do interesse comum. (...)" Sérgio Sousa Pinto, n' O Independente
Este rapaz não pára de nos surpreender nos seus pergaminhos "democráticos". Sempre entendi que os Parlamentos são os guardiões dos interesses comuns, onde o conjunto dos interesses particulares se depuram, resultando no final o interesse comum. Agora este iluminado vem dizer que uma Comissão composta por técnicos obscuros e políticos reformados, ambos ao serviço dos respectivos Estados, nomeados sem qualquer escrutínio democrático, serão os "guardiões do interesse comum".
Os deputados europeus, como ele, serão então o quê? Um apêndice necessário? Uns chatos que pedem contas à Grande Guardiã?
Este rapaz não pára de nos surpreender nos seus pergaminhos "democráticos". Sempre entendi que os Parlamentos são os guardiões dos interesses comuns, onde o conjunto dos interesses particulares se depuram, resultando no final o interesse comum. Agora este iluminado vem dizer que uma Comissão composta por técnicos obscuros e políticos reformados, ambos ao serviço dos respectivos Estados, nomeados sem qualquer escrutínio democrático, serão os "guardiões do interesse comum".
Os deputados europeus, como ele, serão então o quê? Um apêndice necessário? Uns chatos que pedem contas à Grande Guardiã?
100% DE ACORDO
"(...) O que a Manuela Moura Guedes faz muito poucas pessoas são capazes de fazer. (...)
Ricardo Costa, n'O Independente
Ricardo Costa, n'O Independente
AUTOCRACIAS - PARTE XXIV
Graças ao conselho amigo e avisado de alguns dos meus leitores, a propósito da minha anterior posta «Autocracias» (doravante denominada «Autocracias - Parte I», por razões evidentes), fui ao site da Câmara Municipal do Porto ler as referidas felicitações da edilidade ao FCP pela brilhante vitória na Liga dos Campeões, que me tinham escapado por razões incompreensíveis.
Confesso-vos que estava à espera de encontrar uma coisa anódina, meramente formal, cumpridora de uma obrigação de protocolo, enfim, de uma sensaboria. Qual quê! Contra as minhas expectativas, deparei-me com uma genuína manifestação de regozijo e de alegria, pela dimensão do acontecimento, claramente ao encontro do sentimento da cidade e até (com algum exagero populista e «anti-liberal» que bem me caracterizam) do país, numa altura em que a depressão nacional em que estamos mergulhados bem precisa de emoções positivas como esta (vd. a fantástica iniciativa «Portugal Positivo», essa sim a merecer o apoio, quiçá uns subsídiozinhos, dos poderes públicos).
Para que não restem mais dúvidas, com o meu público e vexado pedido de desculpas, aqui seguem, ipsis verbis, as referidas declarações:
«O Presidente da Câmara do Porto felicitou o FCP pela «memorável vitória» na Liga dos Campeões, um feito que milhares de pessoas puderam seguir a par e passo, e em directo, através das imagens do jogo projectadas no ecrã gigante (30 metros-quadrados), que a Câmara Municipal mandou instalar na Praça General Humberto Delgado.»
Confesso-vos que estava à espera de encontrar uma coisa anódina, meramente formal, cumpridora de uma obrigação de protocolo, enfim, de uma sensaboria. Qual quê! Contra as minhas expectativas, deparei-me com uma genuína manifestação de regozijo e de alegria, pela dimensão do acontecimento, claramente ao encontro do sentimento da cidade e até (com algum exagero populista e «anti-liberal» que bem me caracterizam) do país, numa altura em que a depressão nacional em que estamos mergulhados bem precisa de emoções positivas como esta (vd. a fantástica iniciativa «Portugal Positivo», essa sim a merecer o apoio, quiçá uns subsídiozinhos, dos poderes públicos).
Para que não restem mais dúvidas, com o meu público e vexado pedido de desculpas, aqui seguem, ipsis verbis, as referidas declarações:
«O Presidente da Câmara do Porto felicitou o FCP pela «memorável vitória» na Liga dos Campeões, um feito que milhares de pessoas puderam seguir a par e passo, e em directo, através das imagens do jogo projectadas no ecrã gigante (30 metros-quadrados), que a Câmara Municipal mandou instalar na Praça General Humberto Delgado.»
27.5.04
Autocracias (II)
Sinceramente Rui, não te conhecia essa faceta basista, populista e tão pouco liberal!!!... Para além de teres escrito sem te informares devidamente dos factos e fazeres juízos de valor que me parecem muito pouco fundamentados.
De facto, o edil teu homónimo pode ser teimoso, mas tem bom senso. Só um perfeito imbecil deixaria de felicitar o FCP, depois de um evento que pôs o nome da cidade no mapa em letras bem mais gordas. Por outro lado, não me lembro que ele alguma vez acusasse o PC(FCP) de ser uma personagem dominadora e autoritária. E acreditas realmente que ele consegue impôr a sua vontade a todo o executivo camarário? Não conheces a legislação eleitoral autárquica que temos? Sendo os executivos camarários eleitos pelo método de Hondt, mais não são do que mini-parlamentos, levando a que as Câmaras deste País funcionem em compartimentos estanques e inviabilizando a execução de qualquer estratégia de actuação coerente.
A Câmara deverá felicitar a Instituição FCP (como o fez e muito bem), mas associar-se às festividades??? Heresia de lesa-liberalismo, meu Caro!!! Por que raio é que os poderes públicos se terão de associar a manifestações espontâneas de carácter lúdico da população??? Gostar ou não gostar de futebol, festejar ou não, é uma opção individual de cada um que o Estado tem apenas de respeitar, jamais imiscuir-se ou tomar partido. Querias ver os vereadores aos pinotes no meio da turba, agitando freneticamente cachecóis e bandeiras e aos berros de "Campeõõõõeees!!! Campeõõõõeees!!! Nós somos Campeõõõõeees!!!" E já agora, no dia seguinte, participar de forma igualmente histérica em eventual manifestação anti-futebol e pró-bilharística (Abaixo a bola! Viva a carambola!)? Já estou a imaginar e a gargalhar com as postas satíricas que então escreverias... A Câmara fez quanto baste, disponibilizando algumas estruturas.
Não tenho dúvidas que o Rui Rio, tal como fez o ano transacto, irá convidar o FCP para lhe ser prestada a devida homenagem institucional pelos galardões conquistados esta época. Mais uma vez, o PC recusará, porque a agenda estará preenchida com um beberete na Câmara de Gaia...
Lamento que pouca gente neste País compreenda ou valorize a atitude de Rui Rio perante o futebol, que é a única correcta e aceitável por parte dos políticos e dos poderes públicos: relacionamento a nível institucional da mesma forma que deve existir com qualquer outra actividade económica (as emoções não são para aqui chamadas!) e recusa clara de qualquer promiscuidade como existiu no passado. Está difícil fazer escola. Como bem dizes, o CDS tem desde há uns dias um ilustre dirigente seu a número dois do FCP e a braço direito de PC. O PS tem Fernando Gomes a braço esquerdo e o PSD Paulo Teixeira como uma das pernas, fazendo-se assim a osmose total com o establishment partidário. Temo pelas consequências que poderão advir para o FCP e espero sinceramente que não se venha a verificar o cenário que em tempos antevi.
De facto, o edil teu homónimo pode ser teimoso, mas tem bom senso. Só um perfeito imbecil deixaria de felicitar o FCP, depois de um evento que pôs o nome da cidade no mapa em letras bem mais gordas. Por outro lado, não me lembro que ele alguma vez acusasse o PC(FCP) de ser uma personagem dominadora e autoritária. E acreditas realmente que ele consegue impôr a sua vontade a todo o executivo camarário? Não conheces a legislação eleitoral autárquica que temos? Sendo os executivos camarários eleitos pelo método de Hondt, mais não são do que mini-parlamentos, levando a que as Câmaras deste País funcionem em compartimentos estanques e inviabilizando a execução de qualquer estratégia de actuação coerente.
A Câmara deverá felicitar a Instituição FCP (como o fez e muito bem), mas associar-se às festividades??? Heresia de lesa-liberalismo, meu Caro!!! Por que raio é que os poderes públicos se terão de associar a manifestações espontâneas de carácter lúdico da população??? Gostar ou não gostar de futebol, festejar ou não, é uma opção individual de cada um que o Estado tem apenas de respeitar, jamais imiscuir-se ou tomar partido. Querias ver os vereadores aos pinotes no meio da turba, agitando freneticamente cachecóis e bandeiras e aos berros de "Campeõõõõeees!!! Campeõõõõeees!!! Nós somos Campeõõõõeees!!!" E já agora, no dia seguinte, participar de forma igualmente histérica em eventual manifestação anti-futebol e pró-bilharística (Abaixo a bola! Viva a carambola!)? Já estou a imaginar e a gargalhar com as postas satíricas que então escreverias... A Câmara fez quanto baste, disponibilizando algumas estruturas.
Não tenho dúvidas que o Rui Rio, tal como fez o ano transacto, irá convidar o FCP para lhe ser prestada a devida homenagem institucional pelos galardões conquistados esta época. Mais uma vez, o PC recusará, porque a agenda estará preenchida com um beberete na Câmara de Gaia...
Lamento que pouca gente neste País compreenda ou valorize a atitude de Rui Rio perante o futebol, que é a única correcta e aceitável por parte dos políticos e dos poderes públicos: relacionamento a nível institucional da mesma forma que deve existir com qualquer outra actividade económica (as emoções não são para aqui chamadas!) e recusa clara de qualquer promiscuidade como existiu no passado. Está difícil fazer escola. Como bem dizes, o CDS tem desde há uns dias um ilustre dirigente seu a número dois do FCP e a braço direito de PC. O PS tem Fernando Gomes a braço esquerdo e o PSD Paulo Teixeira como uma das pernas, fazendo-se assim a osmose total com o establishment partidário. Temo pelas consequências que poderão advir para o FCP e espero sinceramente que não se venha a verificar o cenário que em tempos antevi.
QUESTÃO DE RESPEITO OU DE INTELIGÊNCIA?
Ricardo recusou envolver-se na polémica, mesmo quando questionado sobre se Vítor Baía deveria, ou não, estar entre os 23 eleitos: "Perguntar isso, é uma falta de respeito para quem cá está". "Se o treinador entendeu que os guarda-redes que estão aqui são os melhores, também entendo que sim", acrescentou.
Pode existir uma outra interpretação acerca do respeito que um jogador merece - por exemplo, forçar toda a lógica e colocar na baliza da selecção um guarda-redes que está na sua pior forma de sempre...
... e pôr de lado, nem sequer o escolher entre os 3 melhores na sua posição, um outro guarda-redes que está num pico de forma e de auto-confiança...
... e que nos últimos dois anos ganhou 2 campeonatos nacionais e duas Taças Europeias...
e esteve, a todos os níveis, muito melhor do que o foi escolhido para a selecção, sobretudo na raça que exala e na segurança que inspira...
...pode ser um acto de genuína estupidez do seleccionador e que pode colocar o guarda-redes escolhido numa pressão insuportável - se Ricardo falhar no Euro 2004, pode ser o princípio do fim da sua carreira.
Oxalá que não...
AUTOCRACIAS
Não creio ter visto ou ouvido, até agora, qualquer associação ou declaração da Câmara Municipal do Porto ao estrondoso triunfo do Futebol Clube do Porto na Liga dos Campeões Europeus e à genuína alegria popular a que se tem assistido nas ruas da cidade. Parece que o Presidente do executivo camarário tem uma embirração pessoal pelo Presidente do FCP, a quem acusa de ser uma personagem dominadora e autoritária.
Ora, para quem não saiba, a Câmara Municipal do Porto é uma entidade política, representativa de uma importante comunidade, que exerce legitimamente uma fasquia de significativo poder local, através de um órgão democraticamente eleito. O Presidente da Câmara não é exactamente a Câmara, nem com ela deve ser confundido. Nem vemos, sequer, que a opinião do Presidente da Câmara corresponda à da totalidade da vereação, desde logo da que foi eleita pelo C.D.S., que tem desde há uns dias um ilustre dirigente seu - o Dr. António Lobo Xavier - a número dois do FCP e a braço direito de Pinto da Costa.
Ao impor a sua vontade a todo o executivo camarário, o Dr. Rui Rio está, no fim de contas, a cair no mesmo erro que imputa ao sr. Jorge Nuno Pinto da Costa. Com a diferença de que este lidera uma instituição desportiva que pertence à sociedade civil, e aquele exerce um cargo político, representativo de uma comunidade.
Por isso, é bom que quanto antes a Câmara Municipal do Porto faça o que é sua obrigação fazer: felicitar o FCP e associar-se, na medida do possível, às festividades. O Dr. Rui Rio, pelo seu lado, que faça o que melhor entender.
ALIANÇA DEMOCRÁTICA
Este artigo ontem publicado é muito interessante. Advoga que os Estados democráticos se unam numa nova organização internacional, em substituição da ONU. Tal seria a única solução para se criar uma nova ordem internacional com a necessária legitimidade, força moral, política e, se necessário, militar.
Para acabar de uma vez com as palhaçadas das Nações Unidas. Esta teve a sua época. Mas morreu e ninguém lhe disse.
Para acabar de uma vez com as palhaçadas das Nações Unidas. Esta teve a sua época. Mas morreu e ninguém lhe disse.
BARAFUNDA
E porque o mundo não pára, convém não estar completamente distraído.
No Kosovo, esse território atípico administrado pela ONU/UE/NATO, o Chefe de Missão (do género Governador colonial), demitiu-se ao fim de apenas alguns meses em funções. É "apenas" o quarto em 5 anos!
E nenhum problema foi resolvido: os ataques às minorias sérvias, a instalação de um quadro legal democrático, a segurança das populações, o futuro administrativo e político do território, a criação de condições económicas de desenvolvimento. Nada de nada.
Não percebo de facto o que estão os soldados, os funcionários internacionais, os conselheiros, os polícias, as ong's ali a a fazer, para além de consumirem vastos recursos económicos.
No Kosovo, esse território atípico administrado pela ONU/UE/NATO, o Chefe de Missão (do género Governador colonial), demitiu-se ao fim de apenas alguns meses em funções. É "apenas" o quarto em 5 anos!
E nenhum problema foi resolvido: os ataques às minorias sérvias, a instalação de um quadro legal democrático, a segurança das populações, o futuro administrativo e político do território, a criação de condições económicas de desenvolvimento. Nada de nada.
Não percebo de facto o que estão os soldados, os funcionários internacionais, os conselheiros, os polícias, as ong's ali a a fazer, para além de consumirem vastos recursos económicos.
26.5.04
MAGIA
Em 1987 fui para rua comemorar. Eu, que não sou portista. Mas aquele jogo, aquela equipa exalava um aura de génio. Dava prazer vê-los jogar.
Apesar do treinador. Sim, que ninguém me tira que os jogadores se revoltaram contra o treinador e resolveram na segunda parte deitar fora todas as táticas defensivas de Artur Jorge e partiram "sózinhos" para a vitória. Nunca me esqueci do momento mágico, no início da segunda parte, em que Futre foge com a bola, finta 3 ou 4 matulões do Bayern, deixando-os à nora e falha por pouco o golo. Nos minutos seguintes, com a equipa alemã, desconcentrada com o que lhe estava a acontecer, surge Madger com o golo mais bonito, ousado e sobranceiro da história do futebol. Não era possível ficar indiferente a uma vitória e a uma equipe assim.
É um jogo que ainda hoje se verá certamente com prazer.
A vitória de hoje, é diferente. Boa certamente. Mas até ao primeiro golo a equipa do FCP estava à rasca. Não que o Mónaco controlasse completamente o jogo, pois que não tem equipa para isso, mas a iniciativa era deles e a sua estratégia estava a impedir o FCP de jogar o quer que seja. Venceram com inteiro mérito e até com 3 golos bonitos.
Mas o grande jogo foi a segunda mão na Corunha. Um jogo 100% perfeito de tática e de estratégia. E conseguindo não ser chato. Foi simplesmente brilhante.
Apesar do treinador. Sim, que ninguém me tira que os jogadores se revoltaram contra o treinador e resolveram na segunda parte deitar fora todas as táticas defensivas de Artur Jorge e partiram "sózinhos" para a vitória. Nunca me esqueci do momento mágico, no início da segunda parte, em que Futre foge com a bola, finta 3 ou 4 matulões do Bayern, deixando-os à nora e falha por pouco o golo. Nos minutos seguintes, com a equipa alemã, desconcentrada com o que lhe estava a acontecer, surge Madger com o golo mais bonito, ousado e sobranceiro da história do futebol. Não era possível ficar indiferente a uma vitória e a uma equipe assim.
É um jogo que ainda hoje se verá certamente com prazer.
A vitória de hoje, é diferente. Boa certamente. Mas até ao primeiro golo a equipa do FCP estava à rasca. Não que o Mónaco controlasse completamente o jogo, pois que não tem equipa para isso, mas a iniciativa era deles e a sua estratégia estava a impedir o FCP de jogar o quer que seja. Venceram com inteiro mérito e até com 3 golos bonitos.
Mas o grande jogo foi a segunda mão na Corunha. Um jogo 100% perfeito de tática e de estratégia. E conseguindo não ser chato. Foi simplesmente brilhante.
PRENÚNCIO DO NORTE
18.30, descer a rua e estranhamente, o movimento era igual a um domingo à tarde. Metade das pessoas com que me cruzei tinham um cachecol do FCP. E muitos dos carros também.
Caramba, esta gente está mesmo mobilizada. Ao passar na tabacaria, o senhor Matias arrumava já os expositores. "Então Sr. Matias, hoje fecha-se mais cedo?" "- Tem que ser. Até porque daqui a bocadinho não passa ninguém na rua. Não vale a pena estar aberto". Desculpa mais esfarrapada de quem vai a correr para o sofá.
E se no prédio a cada golo parecia que se estava no café, com toda a gente aos gritos, o final foi festejado com o bater insistente de tampos de tachos, o que me faz lembrar sempre as manifestações da América Latina.
Sinceramente, parabéns aos portistas. Foi um grande feito.
Caramba, esta gente está mesmo mobilizada. Ao passar na tabacaria, o senhor Matias arrumava já os expositores. "Então Sr. Matias, hoje fecha-se mais cedo?" "- Tem que ser. Até porque daqui a bocadinho não passa ninguém na rua. Não vale a pena estar aberto". Desculpa mais esfarrapada de quem vai a correr para o sofá.
E se no prédio a cada golo parecia que se estava no café, com toda a gente aos gritos, o final foi festejado com o bater insistente de tampos de tachos, o que me faz lembrar sempre as manifestações da América Latina.
Sinceramente, parabéns aos portistas. Foi um grande feito.
NÃO É UMA EQUIPA PORTUGUESA, DE CERTEZA!
Terminar a 1ª parte a vencer. Na 2ª, procurar sucessivamente e com sucesso o 2º, depois o 3º, aguentar a reacção de desespero do adversário e terminar o jogo à procura do 4º. É ambição, é agressividade, é procurar sempre por mais.
Não se vê disto em Portugal. Pior, não se vê ninguém a emular esta atitude.
Honra e Glória aos DRAGÕES!!!
Não se vê disto em Portugal. Pior, não se vê ninguém a emular esta atitude.
Honra e Glória aos DRAGÕES!!!
CURVEM-SE PERANTE A GLÓRIA DO GRANDE DRAGÃO!
O FUTEBOL CLUBE DO PORTO É A EQUIPA PORTUGUESA COM MAIOR PALMARÉS INTERNACIONAL!
HONRA E TEMOR REVERENCIAL PERANTE A GLÓRIA DO GRANDE DRAGÃO!
Boas notícias
Gonçalo Rodrigues, do sindicato dos Trabalhadores do SEF, entrevistado pela TSF, explicou que na origem desta atitude estão garantias avançadas pelo Governo relativas à resolução das dívidas pendentes.
A má notícia:
A TSF continua a confundir as Instituições onde trabalham os funcionários e os sindicatos de que estes fazem parte. O título desta notícia é o seguinte:
SEF suspende todas as greves
Durão Barroso parece ter descoberto o calcanhar de Aquiles do movimento sindical. Ninguém gosta de ser tratado como marioneta. Depois da prestaçao de Carlos Carvalhas, hoje, no Parlamento, poucos quererão ser confundidos ou misturados com ele.
5000 OFICIAIS CONTRA A POLÍTICA DE DEFESA DO GOVERNO
Esta notícia é de enorme gravidade. Durão desconsiderou-a, Portas calou e Henrique de Freitas disse o esperado.
Aguardemos os desenvolvimentos.
Aguardemos os desenvolvimentos.
POLÍTICA PROZAC
Os estrategas da campanha da coligação «Força Portugal» empenharam-se em fazer «passar a mensagem» de que grassa, por esse país fora, uma onda de entusiasmo com o futuro próximo da pátria.
A ideia será mais ou menos a de que, a meio da legislatura da coligação governamental, ultrapassado o rubicão da crise e os sacrifícios a que o despautério do governo socialista nos obrigou, o governo de Durão Barroso teria colocado Portugal no bom caminho, em condições de maravilhar o mundo com mais um «milagre económico português».
Tendo em vista a criação deste clima, que os estrategas políticos pensam mesmo, à boa maneira keynesiana, que proporcionará um ambiente de efectiva melhoria das coisas, espalharam por aí, de norte a sul, de leste a oeste, belos cartazes cheios de jovens sorridentes, um deles segurando uma faixa com as palavras «OPTIMISMO - CONFIANÇA». O cartaz, de resto, lembra um outro dos primórdios do cavaquismo, em que o Prof. Cavaco se apresentava sorridente, em mangas de camisa, à frente duma turba igualmente bem disposta. Muito parecido, ao tempo, com outro cartaz dos hipermercados «Continente», que reproduziam uma multidão de clientes e funcionários também muito satisfeitos, pensa-se, com a qualidade dos produtos consumidos.
A diferença entre o que hoje se passa e o que se passou há quinze anos atrás é, porém, abissal. O início do cavaquismo marcou o princípio de uma extraordinária recuperação económica, inegavelmente muito apoiada por Bruxelas e pelo efeito saudável das privatizações, o que animou, talvez excessivamente, as pessoas que a sentiam, de facto, nos seus dia a dia. Actualmente, o país está longe de acreditar naquilo que, aliás, não vê: a prometida melhoria das condições de vida das pessoas. Pelo contrário, mergulhado na sua mais profunda depressão do que há memória recente, o que Portugal vê diariamente são empresas a falir, o desemprego a aumentar, escândalos sobre escândalos, e não se percebe, assim, com que capacidade produtiva poderemos aumentar o rendimento nacional e criar riqueza real. Como, também, as pessoas têm bem a consciência de que o Estado continua a devorar o dinheiro dos pesados impostos que lhe cobra, numa máquina e em serviços de péssima qualidade (a prometida reforma da administração pública do Prof. Pinheiro...). Ao contrário do que prometera, Barroso não baixou a carga fiscal, antes a tem aumentado permanentemente, nem consta que vá inverter o ciclo. Em última análise este, e só este, é o melhor índice da situação económica real de um país.
Por isso, o marketing optimista da campanha do governo tem o valor de um prozac: tenta incutir optimismo ao doente, sem lhe curar o mal nem lhe trazer mais saúde. É uma estratégia errada, porque as pessoas percebem que o que ali está dito não corresponde à verdade. Levará à derrota da coligação nestas eleições, e nas que se seguirão, caso o governo não trate urgentemente de fazer coincidir a realidade com a ficção.
PUSHKIN
No 205º aniversário do nascimento de Aleksandr Sergeevich Pushkin (1799/1837), que hoje se celebra, um poema, traduzido por Jorge de Sena.
"NÃO PENSES, MEU AMOR..."
Não penses, meu amor, que no meu seio guardo
o tumultuar do sangue, o frenesi de que ardo,
os uivos dela, os gritos de bacante em cio,
quando, como unia cobra, sob mim se torce,
e em beijos que remordem e na carícia urgente
vem o estertor final da consumada posse.
Mais doce és tu, amor, tão sossegada e calma -
pelo prazer dorido com que eu sou todo alma
quando, após longamente suplicar-te ansioso,
com pudica modéstia cedes ao meu gozo
e a mim te dás enfim, mas desviando o olhar.
SEF
Acho muito estúpida a actuação e argumentação do PM por causa da anunciada greve do SEF durante o Euro 2004.
Então se os trabalhadores do SEF tem dois anos de horas extraordinárias para receber. Se a dívida não é contestada. Se não lhes pagam. Não será natural que façam greve numa altura em que a pressão social e política seja maior e mais eficaz, por forma a verem os seus direitos garantidos? Parece-me perfeitamente compreensível e razoável.
Não entendo é porque que o Governo não paga a dívida, ainda que a prestações e resolvem o assunto de uma vez. A coisa dá um certo ar de que o Governo quer arranjar algum pretexto para o caso de alguma coisa correr mal e poderem assim deitar as culpas para cima de alguém.
Já quanto à acusação de que a CGTP é uma organização instrumentalizada pelo PCP, isso sim, é uma verdadeiro achado. Nunca ninguém tinha pensado ou constatado tal! Que argúcia. Que clarividência política! O homem é de facto brilhante. Mas porque é que quer agora desviar as atenções políticas do BE para o PCP? Será por causa das eleições europeias? Não posso crer!
Então se os trabalhadores do SEF tem dois anos de horas extraordinárias para receber. Se a dívida não é contestada. Se não lhes pagam. Não será natural que façam greve numa altura em que a pressão social e política seja maior e mais eficaz, por forma a verem os seus direitos garantidos? Parece-me perfeitamente compreensível e razoável.
Não entendo é porque que o Governo não paga a dívida, ainda que a prestações e resolvem o assunto de uma vez. A coisa dá um certo ar de que o Governo quer arranjar algum pretexto para o caso de alguma coisa correr mal e poderem assim deitar as culpas para cima de alguém.
Já quanto à acusação de que a CGTP é uma organização instrumentalizada pelo PCP, isso sim, é uma verdadeiro achado. Nunca ninguém tinha pensado ou constatado tal! Que argúcia. Que clarividência política! O homem é de facto brilhante. Mas porque é que quer agora desviar as atenções políticas do BE para o PCP? Será por causa das eleições europeias? Não posso crer!
"Mães de Bragança" - a saga continua!
Acabei de ver na repetição do jornal da noite da SIC, emitido naquela outra SIC'que nunca sei bem como se chama (SIC Gold? talvez), uma peça que reavivou a velha e saloia questão bragantina que, sob a pimbística designação de "Mães de Bragança", agitou os espaços noticiosos do país, há cerca de 4 ou 5 meses atrás.
Recorde-se a matéria de facto (tal como foi sendo divulgada pela imprensa, chegando mesmo a ser debatida numa das mais surrealistas e inimagináveis "mesas redondas" ao serão, alguma vez oferecida no espaço televisivo nacional):
Na velha, pequena e fechada Bragança, em pleno coração transmontano (se bem que a escassos 20 KM da raia espanhola e a pouco mais de 60, em boa estrada, de Zamora), um belo dia, começou a florescer um novo negócio que contrastou com os hábitos duros e contidos da generalidade da população.... Bom, dado o sucesso rápido de tais actividades comerciais, talvez não tenha, afinal, contrastado assim lá muito, pelo menos com a generalidade da população masculina! Mas, voltemos aos factos: o novo negócio era o dos bares de "alterne" e a nóvel e insólita actividade, naquelas bandas, era a das respectivas "alternadeiras".
O negócio florescia, sobretudo, à custa do "efeito novidade". Mais de uma centena de jovens e belas mulheres, maioritariamente brasileiras e sul-americanas, invadiram a pacatez da cidade, aquecendo as suas noites, tradicionalmente frias e escura. Bom, até talvez nem fossem tão belas como isso (pelo menos, todas); porém, o tal "efeito novidade" deve ter ajudado a ampliar, aos olhos da população masculina, o contraste provocado pelo colorido tropical em terra de tão agreste clima!
O certo é que, rapidamente, o mercado mostrou a sua dinâmica: às tradicionais três casas de "alterne" do centro da cidade, rezam as crónicas que, em função da pressão crescente da procura, acrescentaram-se, um pouco por toda a região, inúmeros novos bares. Até em Vinhais, terra de uma beleza rara, mas contida e frugal (bem ao jeito dos ambientes de Miguel Torga), marcada pelo velho e, agora, já pouco movimentado, Seminário, nasceu e floresceu uma das mais afamadas casas de "alterne" do nordeste transmontano.
A reacção das senhoras da terra também não se fez esperar muito. Cansadas de verem os maridos abandonarem sistematicamente o aconchego dos lares, nas noites frias de Bragança, sujeitando-se aos mais que prováveis resfriados, curas e subsequentes recaídas, começaram a organizar-se, criando um verdadeiro movimento feminino de reacção, uma espécie de "contra-ataque" de amazonas da terra, contra as invasoras estrangeiras, tropicais (apesar de tudo, da História e da proximidade a Zamora, não se tratava de Castela). E começaram a apelar e a fundamentar a respectiva acção reivindicativa na moral tradicional e nos "bons costumes".
O tom foi subindo e chegou-se mesmo a reivindicar a "protecção da família como princípio fundamental, constitucionalmente protegido". As várias reportagens dos telejornais iam-nos dando conta de alguns argumentos (fundados e respeitáveis) e de outros menos sólidos e mais inverosímeis: as velhas estórias (muito frequentes no imaginário tradicional daquela região) de mulheres que faziam feitiços aos homens, manipulando as suas vontades e desviando-os, assim, inconscientemente e sem culpa do próprio "desviado", do lar conjugal!
Algumas senhoras de Bragança, organizadas no dito movimento "Mães de Bragança", começaram a usar (e bem, a avaliar pelo impacte noticioso) as técnicas da reivindicação e das manifestações político-partidárias. E pressionaram as autoridades locais - pelo menos, o Governo Civil - para agirem. Queriam por fim àquela pouca vergonha tropical em terras frias transmontanas; queriam, sobretudo, recuperar a estabilidade familiar e enxotar as tentações que, qual ímans, atraíam como autómatos os respectivos maridos e levavam-os a desleixarem os filhos em casa, nas noites escuras de Bragança.
A polícia lá pôs termo ao negócio, fechando as ditas casa de "alterne" e prendendo (pelo que percebi da peça televisiva) os proprietários, detectando, finalmente, a prática de vários crimes (o principal dos quais de lenocínio), mas, bem entendido, á boa maneira nacional, só depois de a imprensa ter mostrado reiteradamente o escândalo de Bragança.
Bom, agora, alguns meses passados o que é que os jornalistas verificaram?
Primeiro: a actividade passou-se, de armas e bagagens, para o lado de lá da fronteira. É certo que, em Bragança, os ditos bares fecharam, porém, como os "maridos de Bragança" dispõem de automóveis, passaram, agora, a deslocar-se cerca de vinte e poucos quilómetros e, à noite, continuam a frequentar a e conviver (leia-se, a gastar o dinheiro dos orçamentos familiares), do lado de lá, ou seja, em Espanha.
Segundo: o movimento de pessoas de fora - para desespero dos comerciantes entrevistados - desapareceu, voltando Bragança à velha e tradicional pacatez de antigamente.
Queixava-se um vendedor de telemóveis que o negócio decaiu, pelo menos, 25 a 30%. Os taxistas da praça, com azedume, faziam notar que enquanto há pouco tempo atrás não paravam e permaneciam estacionados na praça apenas dois ou três de entre eles, agora têm a dita praça cheia de carros parados. Uma cabeleireira local dizia que, "naqueles tempos", chegava a atender 20 clientes por dia, enquanto que, actualmente, nem por semana! E, em tempos de crise, a falta de movimento na cidade (sobretudo, depois de um período de relativas "vacas gordas") é sentida de forma particularmente aguda!
Os jornalistas da SIC percorreram os tais vinte e poucos quilómetros que, em estado de autómatos e sem vontade, os "maridos de Bragança", pelos vistos, agora fazem á noite (potenciando, naquele estado de inconsciência, a sinistralidade rodoviária que, só por acasos da sorte é que ainda não disparou em flecha!) e pararam numa pequena localidade castelhana, absolutamente rural, denominada Alcanices.
Lá deram com o primeiro bar de "alterne" transfronteiriço, pós - era Bragantina. Falaram com pessoas, com nuestros hermanos que - espanto! - ao contrário das "Mães de Bragança", só têm a dizer bem das novas e guapas jovens sul-americanas que lhes invadiram a terra! Mais ainda - provavelmente ofuscados pelo vil metal que fugiu de Bragança - dizem que são bem vindas, que dão movimento á terra, que se notam (porque a terra é pequena) e dão alegria e colorido a Alcanices, precisamente porque são jovens e guapas!
Concerteza que as ditas "alternadeiras" também já deram a volta à cabeça aos nossos vizinhos espanhóis; já os "enfeitiçaram". Só é estranho que tenham sido também mulheres (provavelmente, "mães castelhanas" de Alcanices) a dizerem isto, aos repórteres da SIC!!!
Moral da história: de Espanha, pelo menos, não devem vir bons casamentos...
Recorde-se a matéria de facto (tal como foi sendo divulgada pela imprensa, chegando mesmo a ser debatida numa das mais surrealistas e inimagináveis "mesas redondas" ao serão, alguma vez oferecida no espaço televisivo nacional):
Na velha, pequena e fechada Bragança, em pleno coração transmontano (se bem que a escassos 20 KM da raia espanhola e a pouco mais de 60, em boa estrada, de Zamora), um belo dia, começou a florescer um novo negócio que contrastou com os hábitos duros e contidos da generalidade da população.... Bom, dado o sucesso rápido de tais actividades comerciais, talvez não tenha, afinal, contrastado assim lá muito, pelo menos com a generalidade da população masculina! Mas, voltemos aos factos: o novo negócio era o dos bares de "alterne" e a nóvel e insólita actividade, naquelas bandas, era a das respectivas "alternadeiras".
O negócio florescia, sobretudo, à custa do "efeito novidade". Mais de uma centena de jovens e belas mulheres, maioritariamente brasileiras e sul-americanas, invadiram a pacatez da cidade, aquecendo as suas noites, tradicionalmente frias e escura. Bom, até talvez nem fossem tão belas como isso (pelo menos, todas); porém, o tal "efeito novidade" deve ter ajudado a ampliar, aos olhos da população masculina, o contraste provocado pelo colorido tropical em terra de tão agreste clima!
O certo é que, rapidamente, o mercado mostrou a sua dinâmica: às tradicionais três casas de "alterne" do centro da cidade, rezam as crónicas que, em função da pressão crescente da procura, acrescentaram-se, um pouco por toda a região, inúmeros novos bares. Até em Vinhais, terra de uma beleza rara, mas contida e frugal (bem ao jeito dos ambientes de Miguel Torga), marcada pelo velho e, agora, já pouco movimentado, Seminário, nasceu e floresceu uma das mais afamadas casas de "alterne" do nordeste transmontano.
A reacção das senhoras da terra também não se fez esperar muito. Cansadas de verem os maridos abandonarem sistematicamente o aconchego dos lares, nas noites frias de Bragança, sujeitando-se aos mais que prováveis resfriados, curas e subsequentes recaídas, começaram a organizar-se, criando um verdadeiro movimento feminino de reacção, uma espécie de "contra-ataque" de amazonas da terra, contra as invasoras estrangeiras, tropicais (apesar de tudo, da História e da proximidade a Zamora, não se tratava de Castela). E começaram a apelar e a fundamentar a respectiva acção reivindicativa na moral tradicional e nos "bons costumes".
O tom foi subindo e chegou-se mesmo a reivindicar a "protecção da família como princípio fundamental, constitucionalmente protegido". As várias reportagens dos telejornais iam-nos dando conta de alguns argumentos (fundados e respeitáveis) e de outros menos sólidos e mais inverosímeis: as velhas estórias (muito frequentes no imaginário tradicional daquela região) de mulheres que faziam feitiços aos homens, manipulando as suas vontades e desviando-os, assim, inconscientemente e sem culpa do próprio "desviado", do lar conjugal!
Algumas senhoras de Bragança, organizadas no dito movimento "Mães de Bragança", começaram a usar (e bem, a avaliar pelo impacte noticioso) as técnicas da reivindicação e das manifestações político-partidárias. E pressionaram as autoridades locais - pelo menos, o Governo Civil - para agirem. Queriam por fim àquela pouca vergonha tropical em terras frias transmontanas; queriam, sobretudo, recuperar a estabilidade familiar e enxotar as tentações que, qual ímans, atraíam como autómatos os respectivos maridos e levavam-os a desleixarem os filhos em casa, nas noites escuras de Bragança.
A polícia lá pôs termo ao negócio, fechando as ditas casa de "alterne" e prendendo (pelo que percebi da peça televisiva) os proprietários, detectando, finalmente, a prática de vários crimes (o principal dos quais de lenocínio), mas, bem entendido, á boa maneira nacional, só depois de a imprensa ter mostrado reiteradamente o escândalo de Bragança.
Bom, agora, alguns meses passados o que é que os jornalistas verificaram?
Primeiro: a actividade passou-se, de armas e bagagens, para o lado de lá da fronteira. É certo que, em Bragança, os ditos bares fecharam, porém, como os "maridos de Bragança" dispõem de automóveis, passaram, agora, a deslocar-se cerca de vinte e poucos quilómetros e, à noite, continuam a frequentar a e conviver (leia-se, a gastar o dinheiro dos orçamentos familiares), do lado de lá, ou seja, em Espanha.
Segundo: o movimento de pessoas de fora - para desespero dos comerciantes entrevistados - desapareceu, voltando Bragança à velha e tradicional pacatez de antigamente.
Queixava-se um vendedor de telemóveis que o negócio decaiu, pelo menos, 25 a 30%. Os taxistas da praça, com azedume, faziam notar que enquanto há pouco tempo atrás não paravam e permaneciam estacionados na praça apenas dois ou três de entre eles, agora têm a dita praça cheia de carros parados. Uma cabeleireira local dizia que, "naqueles tempos", chegava a atender 20 clientes por dia, enquanto que, actualmente, nem por semana! E, em tempos de crise, a falta de movimento na cidade (sobretudo, depois de um período de relativas "vacas gordas") é sentida de forma particularmente aguda!
Os jornalistas da SIC percorreram os tais vinte e poucos quilómetros que, em estado de autómatos e sem vontade, os "maridos de Bragança", pelos vistos, agora fazem á noite (potenciando, naquele estado de inconsciência, a sinistralidade rodoviária que, só por acasos da sorte é que ainda não disparou em flecha!) e pararam numa pequena localidade castelhana, absolutamente rural, denominada Alcanices.
Lá deram com o primeiro bar de "alterne" transfronteiriço, pós - era Bragantina. Falaram com pessoas, com nuestros hermanos que - espanto! - ao contrário das "Mães de Bragança", só têm a dizer bem das novas e guapas jovens sul-americanas que lhes invadiram a terra! Mais ainda - provavelmente ofuscados pelo vil metal que fugiu de Bragança - dizem que são bem vindas, que dão movimento á terra, que se notam (porque a terra é pequena) e dão alegria e colorido a Alcanices, precisamente porque são jovens e guapas!
Concerteza que as ditas "alternadeiras" também já deram a volta à cabeça aos nossos vizinhos espanhóis; já os "enfeitiçaram". Só é estranho que tenham sido também mulheres (provavelmente, "mães castelhanas" de Alcanices) a dizerem isto, aos repórteres da SIC!!!
Moral da história: de Espanha, pelo menos, não devem vir bons casamentos...
25.5.04
CULTURA BENFIQUISTA
O ex-treinador do clube encarnado acabou de declarar em Madrid que espera que o Mónaco vença a Liga dos Campeões.
Na foto parece estar arrependido e tapa a boca para não sair mais nenhum disparate. Mas julgo que a culpa não será do espanhol - trata-se apenas de uma integral assimilação do espírito benfiquista em que medrou no último ano.
Camacho estava perfeitamente ambientado: consta que até já apreciava fados, falava com a boca fechada e até comia caracóis e outros moluscos análogos.
Assim, o desejo camachiano de ver o F.C.Porto perder é somente o acto de expressar aquilo que os outros encarnados sentem mas não se atrevem a dizer publicamente.
Critérios
Já imaginaram as indignações e comoções que por aí andariam se esta catástrofe tem ocorrido em Atlanta, Chicago, Los Angeles ou Nova Iorque? Seria, claro, o resultado óbvio da política neo-liberal que tudo sacrifica ao lucro, inclusivamente a segurança das pessoas num espaço público gerido por privados...
Refira-se, a título de informação adicional, que os terminais dos aeroportos americanos são, na sua grande maioria, custeados pelas companhias que os utilizam. Em Roissy, tais investimentos ficam a cargo da ADP, uma empresa pública gestora dos aeroportos de Paris, que equaciona agora destruir por completo o terminal que ruiu, uma obra inaugurada há pouco menos de um ano e que custou 750 milhões de euros aos contribuintes franceses...
Verdadeiramente patética a política de informação daquela empresa. Num Flash Info de ontem, realça-se a atitude espontânea de 80 funcionários de diversos sectores, que se ofereceram como voluntários para informar e guiar os passageiros em Roissy...
Refira-se, a título de informação adicional, que os terminais dos aeroportos americanos são, na sua grande maioria, custeados pelas companhias que os utilizam. Em Roissy, tais investimentos ficam a cargo da ADP, uma empresa pública gestora dos aeroportos de Paris, que equaciona agora destruir por completo o terminal que ruiu, uma obra inaugurada há pouco menos de um ano e que custou 750 milhões de euros aos contribuintes franceses...
Verdadeiramente patética a política de informação daquela empresa. Num Flash Info de ontem, realça-se a atitude espontânea de 80 funcionários de diversos sectores, que se ofereceram como voluntários para informar e guiar os passageiros em Roissy...
O Candidato anti-sistema
Enquanto uns e outros refreiam os seus ímpetos eleitorais, Alberto João quase abre o jogo e pré-anuncia a sua candidatura a Belém.
O lado da barricada em que AJJ se encontra é conhecido. AJJ prepara-se para iniciar a caminhada para a IV República. Mas só se Santana Lopes não avançar...
Alberto João Jardim, apesar de não ter assumido directamente a sua própria candidatura, garantiu que se Santana Lopes não avançar, Cavaco Silva terá um concorrente da direita na corrida a Belém. "Cavaco Silva não terá caminho livre", advertiu o presidente do governo regional no domingo passado, numa das saídas da missa. (aqui)
Se Santana Lopes desistir, afiança Jardim, "vai aparecer alguém que vai obrigar o centro e a direita a escolher entre os colaboracionistas com o regime e aqueles que defendem a afronta com esse mesmo sistema".
O lado da barricada em que AJJ se encontra é conhecido. AJJ prepara-se para iniciar a caminhada para a IV República. Mas só se Santana Lopes não avançar...
POR FAVOR, DIGAM LÁ
... se em Portugal não existem dois países de costas com costas?
Ando nas ruas do Porto, entro nos cafés, converso com amigos e colegas - só há um tema para a conversa: a grande final de amanhã!
Ouço as rádios, vejo os noticiários e o tema omnipresente é o futuro treinador do Benfica e os desvarios legais desse clube que ostenta o nome de um bairro de Lisboa.
Há pouco falei ao telefone com um amigo lisboeta e benfiquista. Depois de arrumados os assuntos profissionais, ele, ansioso, perguntou:
- Então e esta pulhice que vocês querem fazer ao Benfica?
- Qual? - perguntei, ocioso.
- Esta coisa incrível que querem fazer ao Ricardo Rocha - bramou ele indignadamente.
- Sabes, nós por cá só nos preocupamos com a final da Liga dos Campeões de amanhã.
- Pois, está bem... - foi a conclusão desiludida do meu amigo que vive do lado de lá.
Ando nas ruas do Porto, entro nos cafés, converso com amigos e colegas - só há um tema para a conversa: a grande final de amanhã!
Ouço as rádios, vejo os noticiários e o tema omnipresente é o futuro treinador do Benfica e os desvarios legais desse clube que ostenta o nome de um bairro de Lisboa.
Há pouco falei ao telefone com um amigo lisboeta e benfiquista. Depois de arrumados os assuntos profissionais, ele, ansioso, perguntou:
- Então e esta pulhice que vocês querem fazer ao Benfica?
- Qual? - perguntei, ocioso.
- Esta coisa incrível que querem fazer ao Ricardo Rocha - bramou ele indignadamente.
- Sabes, nós por cá só nos preocupamos com a final da Liga dos Campeões de amanhã.
- Pois, está bem... - foi a conclusão desiludida do meu amigo que vive do lado de lá.
Blasferas - Top Ten
E devia lá aparecer o Blogamemucho, Lolita! Mas a culpa é do seu amigo Gabriel, esse "unhas-de-fome". De resto, neste blogue feito por gente séria - apesar do blogue não ser lá muito sério, reconheça-se - há gostos para tudo. Imagine que nem nas gloriosas cores azuis e brancas existe consenso, mais uma vez por culpa do "remendado" do Gabriel. Mas já é mais fácil estabelecê-lo - raio de negativismo - num ódiozinho de estimação chamado Benfica...
Parabenizando também...
Estamos todos a ficar velhos. Agora é o Lagarto de Tavira que faz um ano. Porventura com uma grande prenda, Jaquim: acesso à CL via secretaria, por bestuntice dos lampiões! E não precisas de lhes dar isco, eles já se mordem sem ele.
Longa vida e melhores peixeiradas, rapaz!
Longa vida e melhores peixeiradas, rapaz!
PARABÉNS AO
JAQUINZINHOS
PELO SEU ANIVERSÁRIO!
NOTA: esta posta não tem relação com a "peixeirada" anterior. O jcd é gente fina que muito estimamos apesar das evitáveis tonalidades esverdeadas.
PELO SEU ANIVERSÁRIO!
NOTA: esta posta não tem relação com a "peixeirada" anterior. O jcd é gente fina que muito estimamos apesar das evitáveis tonalidades esverdeadas.
O Estado da nação benfiquista!
Acho esta expressão - "nação benfiquista", "portista", "gil vicentina"? "boavisteira", etc., etc. - particularmente ridícula; usuo-a aqui parafraseando o Presidente de uma Sad e de um clube (o SL Benfica) que, pelos vistos, tem pretensões a líder sociológico de "um povo", quiçá, até mesmo e com mais propriedade da diáspora, em verdadeira "travessia do deserto" (em busca do título? do passado? das ex-colónias?, do Eusébio?, de D.Sebastião?, enfim, em busca da história perdida). Mas, "nações" à parte, pude assistir a uma autentica peixeirada em directo, na SIC Notícias, como é referido na posta antecedente!
Não vale a pena dizer que não foi digno, nem sequer do Presidente do Marco, quanto mais do Benfica! E, juro, o que mais me impressionou foi ver o Presidente da dita "nação" (ele próprio se auto proclama assim), como que sentado ao "colo" do apresentador e, com um ar de falsa indignação (não se percebe bem porquê!), saltitando de um lado para o outro (de comentador residente para comentador residente) berrando e negando-se ao diálogo! Tudo bem, podem dizer-me que o homem (por quem até nutria uma certa simpatia) perdeu a cabeça, estava irritado... Mas há poses (e "colos", sobretudo, "colos"!) que não dignificam ninguém, nem um Presidente de uma Associação Recreativa e Cultural!
Ora, mas importa reter alguns pequenos pormenores do show televisivo, apresentado esta noite . Vamos aos factos:
eles foram noticiados na SIC, no telejornal das 20 horas. Prendem-se com alegadas irregularidades - sobretudo, formais - na inscrição do jogador Ricardo Rocha. O hipoteticamente sucedido está noticiado aqui e em vários órgãos de comunicação social.
Aparentemente, terá havido uma irregularidade. Formal, já se disse. Terá eventuais consequências? Regulamentarmente, também parece que sim...
É certo que, materialmente falando, também acho ridículo consistir eventualmente a perda de pontos desportivos (vá que não vá...) e, sobretudo, a derrota administrativa na Taça de Portugal, na sanção a aplicar ao caso concreto (como também já foi referido pelo CL, infra)! Sou portista e claro está que não só não quereria ter esta taça para nada, mas sobretudo não a quereria administrativamente. O Benfica ganhou e ponto final. Até terá ganho bem, já se discutiu o jogo em si...
Agora, o que é facto é que terá que haver um inquérito. Ter-se-ão que averiguar os factos. Até estou convencido que houve uma distracção (incompetência) dos serviços da SAD benfiquista. Quiçá justificáveis, até.... O que não se pode dizer é o que o L F Vieira, com um ar de total impunidade e controlo do "seu" sistema - que é a Liga - disse: garantir, em ar de desafio, que não aconteceria nada ao Benfica! Isto dito, meus amigos, se fosse o fantasma benfiquista do Pinto da Costa a dizê-lo, caíria o Carmo e a Trindade! Isto dito, é a assumpção de que tratando-se do Benfica, não há legalidade, nem Estado de Direito que resista!
Depois da farsa do cheque "careca" para regularizar a situação perante o fisco (também transmitida pelas televisões, lembram-se?), depois da entrega das acções (sem avaliação e sem precedente) da própria SAD para garantia das dívidas fiscais - tudo isto aceite com bononomia pelas autoridades competentes (inclusivamente, de forma indirecta, pela Sra. Ministra das Finanças, irmã do comentador-residente Dias Ferreira)- só faltava que o presidente da dita "nação" desse impunemente e sem, ao menos, um pouquinho de decoro, um despreocupado pontapé nos regulamentos...
Curisoso foi também o deitar as culpas para a Liga! Para quem já se esqueceu, o actual secretário executivo da dita cuja, foi lá posto pelo Benfica (Cunha Leal), depende do Benfica (salvo erro, já desde o tempo do famigerado Vale e Azevedo) e, para cúmulo, foi relativamente à mesma Liga que o próprio L F Vieira disse em tempos, alto e bom som, que o importante até nem seriam as contratações de jogadores, mas sim os lugares ocupados (por si, ou seja, no interesse da sua "nação") nessa mesma Liga!!!
Já agora, será mesmo verdade que o dito Cunha Leal sabia e escondeu tal alegada irregularidade? A ser verdade, então, até é capaz de ser importante a ocupação dos ditos lugares...
Enfim, e para concluir, tudo isto são palhaçadas em torno de um modo sui generis de, entre nós, (não) ser visto o futebol!
O essencial e o importante, esta semana, apesar de a grande maioria dos órgãos de comunicação não querer assumi-lo (basta ver os alinhamentos noticiosos!), é, de facto, quarta feira em Gelsenkirchen...
Não vale a pena dizer que não foi digno, nem sequer do Presidente do Marco, quanto mais do Benfica! E, juro, o que mais me impressionou foi ver o Presidente da dita "nação" (ele próprio se auto proclama assim), como que sentado ao "colo" do apresentador e, com um ar de falsa indignação (não se percebe bem porquê!), saltitando de um lado para o outro (de comentador residente para comentador residente) berrando e negando-se ao diálogo! Tudo bem, podem dizer-me que o homem (por quem até nutria uma certa simpatia) perdeu a cabeça, estava irritado... Mas há poses (e "colos", sobretudo, "colos"!) que não dignificam ninguém, nem um Presidente de uma Associação Recreativa e Cultural!
Ora, mas importa reter alguns pequenos pormenores do show televisivo, apresentado esta noite . Vamos aos factos:
eles foram noticiados na SIC, no telejornal das 20 horas. Prendem-se com alegadas irregularidades - sobretudo, formais - na inscrição do jogador Ricardo Rocha. O hipoteticamente sucedido está noticiado aqui e em vários órgãos de comunicação social.
Aparentemente, terá havido uma irregularidade. Formal, já se disse. Terá eventuais consequências? Regulamentarmente, também parece que sim...
É certo que, materialmente falando, também acho ridículo consistir eventualmente a perda de pontos desportivos (vá que não vá...) e, sobretudo, a derrota administrativa na Taça de Portugal, na sanção a aplicar ao caso concreto (como também já foi referido pelo CL, infra)! Sou portista e claro está que não só não quereria ter esta taça para nada, mas sobretudo não a quereria administrativamente. O Benfica ganhou e ponto final. Até terá ganho bem, já se discutiu o jogo em si...
Agora, o que é facto é que terá que haver um inquérito. Ter-se-ão que averiguar os factos. Até estou convencido que houve uma distracção (incompetência) dos serviços da SAD benfiquista. Quiçá justificáveis, até.... O que não se pode dizer é o que o L F Vieira, com um ar de total impunidade e controlo do "seu" sistema - que é a Liga - disse: garantir, em ar de desafio, que não aconteceria nada ao Benfica! Isto dito, meus amigos, se fosse o fantasma benfiquista do Pinto da Costa a dizê-lo, caíria o Carmo e a Trindade! Isto dito, é a assumpção de que tratando-se do Benfica, não há legalidade, nem Estado de Direito que resista!
Depois da farsa do cheque "careca" para regularizar a situação perante o fisco (também transmitida pelas televisões, lembram-se?), depois da entrega das acções (sem avaliação e sem precedente) da própria SAD para garantia das dívidas fiscais - tudo isto aceite com bononomia pelas autoridades competentes (inclusivamente, de forma indirecta, pela Sra. Ministra das Finanças, irmã do comentador-residente Dias Ferreira)- só faltava que o presidente da dita "nação" desse impunemente e sem, ao menos, um pouquinho de decoro, um despreocupado pontapé nos regulamentos...
Curisoso foi também o deitar as culpas para a Liga! Para quem já se esqueceu, o actual secretário executivo da dita cuja, foi lá posto pelo Benfica (Cunha Leal), depende do Benfica (salvo erro, já desde o tempo do famigerado Vale e Azevedo) e, para cúmulo, foi relativamente à mesma Liga que o próprio L F Vieira disse em tempos, alto e bom som, que o importante até nem seriam as contratações de jogadores, mas sim os lugares ocupados (por si, ou seja, no interesse da sua "nação") nessa mesma Liga!!!
Já agora, será mesmo verdade que o dito Cunha Leal sabia e escondeu tal alegada irregularidade? A ser verdade, então, até é capaz de ser importante a ocupação dos ditos lugares...
Enfim, e para concluir, tudo isto são palhaçadas em torno de um modo sui generis de, entre nós, (não) ser visto o futebol!
O essencial e o importante, esta semana, apesar de a grande maioria dos órgãos de comunicação não querer assumi-lo (basta ver os alinhamentos noticiosos!), é, de facto, quarta feira em Gelsenkirchen...
O GRANDE PEIXEIRO
O presidente de todos os benfiquistas entrou pelo estúdio da Sic-Notícias e fez uma chinelada das antigas.
Na esteira do saudoso Vale e Azevedo citou regulamentos errados, vociferou incessantemente, ameaçou, insultou.
Enfim, tal como o seu émulo, agora em prisão preventiva, auguro-lhe um grande futuro, a si e à "nação" que afirma representar. O que aliás parece fazer na perfeição...
Na esteira do saudoso Vale e Azevedo citou regulamentos errados, vociferou incessantemente, ameaçou, insultou.
Enfim, tal como o seu émulo, agora em prisão preventiva, auguro-lhe um grande futuro, a si e à "nação" que afirma representar. O que aliás parece fazer na perfeição...
24.5.04
Compreende-se...
Os Barnabés andaram todo o fim de semana excitadíssimos com o Congresso do PSD e hoje ainda estão na ressaca. É natural, eles não conseguem ficar indiferentes ao folclore...
ESPECTÁCULO!
Luís Filipe Vieira entrou pelo estúdio dentro da Sic Noticias, ao vivo, no programa "Dia seguinte".
A disparar em todas as direcções. A não dizer nada. A berrar e a puxar de papéis. Só faltou bater em alguém. Espectáculo. Maravilha. Queremos mais circo!
A disparar em todas as direcções. A não dizer nada. A berrar e a puxar de papéis. Só faltou bater em alguém. Espectáculo. Maravilha. Queremos mais circo!
Que absurdo é este
Em que uma equipa ganha (bem ou mal, não vem ao caso) a Taça de Portugal e acaba o campeonato em segundo lugar e depois arrisca-se, diz-se, a ficar sem os dois por causa de mais um erro de secretaria?
Parece-me que o Benfica pode ficar descansado quanto à Taça de Portugal, já que esta é uma competição da Federação Portuguesa de Futebol e não da Liga...
Como portista, ficaria escandalizado se a Taça fosse atribuída ao meu clube por causa de um erro destes. Como nestas coisas a razão fica escondida, confesso que é muito estranho a esta notícia aparecer a dois dias do grande jogo.
Update: a notícia da SIC parece estar correcta quanto à possibilidade que avança: o clube que utilize um jogador irregularmente inscrito pode ser punido com a pena de "derrota" e multa nos jogos realizados há menos de trinta dias (artigo 60.º do Regulamento Disciplinar da Liga e 51.º do Regulamento Disciplinar da Federação; este último prevê a "qualificação automática do adversário" no caso de "provas a eliminar"). Se vierem a ser aplicadas tais "penas", a "verdade desportiva" ainda fica pior do que estaria com a "irregularidades".
Ricardo Rocha foi mal inscrito, perante o regulamento da Liga de Clubes no seu artigo 32º, o jogador só poderia assinar o contrato com o Benfica a partir de 1 de Abril. Mas não foi isso que aconteceu. O Benfica, através de Manuel Vilarinho, e Ricardo Rocha, assinaram e reconheceram o contrato em Janeiro. Isto é, Ricardo Rocha joga no Benfica com uma inscrição ilegal. Perante o que determina o regulamento, os resultados dos jogos são homolgados 30 dias depois de se efectuarem, o que siginifica que em risco estão todos os jogos que ainda não estejam abrangidos pela homolgação: com o Sporting, União de Leiria e a final da Taça de Portugal frente ao FC Porto.
Parece-me que o Benfica pode ficar descansado quanto à Taça de Portugal, já que esta é uma competição da Federação Portuguesa de Futebol e não da Liga...
Como portista, ficaria escandalizado se a Taça fosse atribuída ao meu clube por causa de um erro destes. Como nestas coisas a razão fica escondida, confesso que é muito estranho a esta notícia aparecer a dois dias do grande jogo.
Update: a notícia da SIC parece estar correcta quanto à possibilidade que avança: o clube que utilize um jogador irregularmente inscrito pode ser punido com a pena de "derrota" e multa nos jogos realizados há menos de trinta dias (artigo 60.º do Regulamento Disciplinar da Liga e 51.º do Regulamento Disciplinar da Federação; este último prevê a "qualificação automática do adversário" no caso de "provas a eliminar"). Se vierem a ser aplicadas tais "penas", a "verdade desportiva" ainda fica pior do que estaria com a "irregularidades".
Blasferas - Edição Especial
Dez semanas volvidas desde o ínício das Blasferas, decidimos esta semana apresentar uma espécie de "best of". Em vez dos costumeiros sete blogs (escolhidos um por cada blasfemo), o quadro à direita mostra a síntese das primeiras dez edições, com os dez mais votados (na verdade são doze, por causa dos empates técnicos) e os dez menos votados (onze, pela mesma razão).
As BLASFERAS não são, nunca foram nem nunca quiseram ser um ranking de blogs. Reflectem apenas, semana a semana, a opinião de cada um dos blasfemos sobre os blogs em análise. A "lista" que esta semana apresentamos deve ser vista apenas pelo seu interesse de registo histórico. As "votações" são as atribuídas nas semanas em que cada um dos blogs foi observado e podem ser, por essa mesma razão, injustas. É possível (direi mesmo que é provável) que se a votação fosse repetida hoje, os resultados seriam naturalmente diferentes.
De qualquer modo, aqui fica o (duplo) top ten, com o convite à (re)visita a cada um dos blogues indicados, bem como a manifestação, mais do que evidente mesmo nos blogues mais consensuais, da saudável divergência de opiniões de quem escreve neste blogue, até na análise que é feita da "concorrência".
As BLASFERAS não são, nunca foram nem nunca quiseram ser um ranking de blogs. Reflectem apenas, semana a semana, a opinião de cada um dos blasfemos sobre os blogs em análise. A "lista" que esta semana apresentamos deve ser vista apenas pelo seu interesse de registo histórico. As "votações" são as atribuídas nas semanas em que cada um dos blogs foi observado e podem ser, por essa mesma razão, injustas. É possível (direi mesmo que é provável) que se a votação fosse repetida hoje, os resultados seriam naturalmente diferentes.
De qualquer modo, aqui fica o (duplo) top ten, com o convite à (re)visita a cada um dos blogues indicados, bem como a manifestação, mais do que evidente mesmo nos blogues mais consensuais, da saudável divergência de opiniões de quem escreve neste blogue, até na análise que é feita da "concorrência".
"Rei morto" (salvo seja...), Scolari posto?
Finalmente, já é oficial.
CAMACHO vai mesmo para o Real Madrid, substituir Carlos Queiróz - cuja contratação o Presidente Pérez considerou, afinal, um erro.
Só falta agora confirmar aquilo que (quase) já se sabe: o treinador da selecção nacional (ou será o virtual treinador do Benfica, em estágio de adaptação e conhecimento ao Futebol nacional, através sa selecção?), irá para o Benfica...
CAMACHO vai mesmo para o Real Madrid, substituir Carlos Queiróz - cuja contratação o Presidente Pérez considerou, afinal, um erro.
Só falta agora confirmar aquilo que (quase) já se sabe: o treinador da selecção nacional (ou será o virtual treinador do Benfica, em estágio de adaptação e conhecimento ao Futebol nacional, através sa selecção?), irá para o Benfica...
QUE JOGUE MELHOR DO QUE FALA
" (...)penso que comigo ou sem-migo, o Porto....", Ricardo Carvalho na TSF.
(em tempos, um outro jogador também disse: "não minto nem desminto".)
(em tempos, um outro jogador também disse: "não minto nem desminto".)
BONS EXEMPLOS
A India, a maior democracia do mundo e um país predominantemente de religião Hindu, tem um presidente muçulmano e um primeiro-ministro sikh.
NORMALIDADE
Passado o pirosismo da boda, e a vacuidade de um congresso partidário, eis que o país regressa à normalidade: notícias dos estágios da Selecção, preparação do final da Liga dos Campeões e transferências de jogadores e treinadores.
POSITIVISMO
As mentores da iniciativa "Portugal Positivo" tem tanto optimismo que até acharam que Vasco Pulido Valente seria uma boa escolha para defender a necessidade de aumentar a auto-estima dos portugueses.
Não é que o homem foi defender que os portugueses já "tem auto-estima mais"?.
Mas eu pergunto, os promotores costumam ler VPV?
Não é que o homem foi defender que os portugueses já "tem auto-estima mais"?.
Mas eu pergunto, os promotores costumam ler VPV?
23.5.04
Monarquia vs. República (II)
1. A Monarquia é supostamente elitista, mas de facto popular; a República é aparentemente meritocrática, mas de facto vulgar.
2. A Monarquia não prega valores, mas pratica alguns; a República prega todos, mas não pratica nenhuns.
3. A Monarquia denota distinção, a República presunção.
4. Na Monarquia, a corte é composta por marqueses e duques snobs, por vezes simpáticos, geralmente falidos; na República, predominam betinhos sem grande nível, com o único fito de enriquecer.
5. A Monarquia é culta, mas duvida que o seja; a República é inculta, daí ter certezas absolutas.
6. A Monarquia por vezes é austera, outras vezes faustosa com toques de requinte; a República é sempre faustosa, com toques de novo-riquismo.
7. A Monarquia é mais simbólica, feminina, adere-se-lhe de forma emocional; a República é mais terrena, materialista, a adesão é sobretudo racional.
8. A Monarquia é mais gastadora, mas o seu prestígio gera receitas e negócios; a República só gera despesa (pública).
9. A Monarquia é tradicional e religiosa; a República é laica e anti-clerical.
10. Ambas são feitas por homens e mulheres e portanto imperfeitas.
Seja em Monarquia ou em República, VIVA A DEMOCRACIA LIBERAL.
P.S.: Posta dedicada à nossa prezada leitora Maria da Boa Fé, feita por um burguês plebeu e sem fé, que não de má fé.
2. A Monarquia não prega valores, mas pratica alguns; a República prega todos, mas não pratica nenhuns.
3. A Monarquia denota distinção, a República presunção.
4. Na Monarquia, a corte é composta por marqueses e duques snobs, por vezes simpáticos, geralmente falidos; na República, predominam betinhos sem grande nível, com o único fito de enriquecer.
5. A Monarquia é culta, mas duvida que o seja; a República é inculta, daí ter certezas absolutas.
6. A Monarquia por vezes é austera, outras vezes faustosa com toques de requinte; a República é sempre faustosa, com toques de novo-riquismo.
7. A Monarquia é mais simbólica, feminina, adere-se-lhe de forma emocional; a República é mais terrena, materialista, a adesão é sobretudo racional.
8. A Monarquia é mais gastadora, mas o seu prestígio gera receitas e negócios; a República só gera despesa (pública).
9. A Monarquia é tradicional e religiosa; a República é laica e anti-clerical.
10. Ambas são feitas por homens e mulheres e portanto imperfeitas.
Seja em Monarquia ou em República, VIVA A DEMOCRACIA LIBERAL.
P.S.: Posta dedicada à nossa prezada leitora Maria da Boa Fé, feita por um burguês plebeu e sem fé, que não de má fé.
22.5.04
MONARQUIA VS. REPÚBLICA
Evidentemente que a questão da chefia do Estado, em regimes democráticos de natureza parlamentar, não tem qualquer relevância política, sendo indiferente que ela seja exercida por um titular eleito, ou designado por sucessão dinástica. As funções desempenhadas por qualquer um deles são meramente protocolares e simbólicas, sem qualquer vestígio de poder soberano.
Pelo contrário, em regimes de atenuação da legitimidade política do parlamento sobreleva a figura do chefe de Estado. Nos modelos republicanos, o chefe de Estado só poderá ter poder político se tiver legitimidade democrática, isto é, se for eleito por sufrágio universal. A não ser assim, verificar-se-ia uma apropriação indevida de poderes sem representação nem legitimidade, pelo que estaríamos no pleno domínio do uso da força como forma aquisitiva e legitimadora do poder político. Por isso, nunca as monarquias constitucionais podem conceder poderes efectivos ao chefe de Estado, sob pena de perderem o seu cariz democrático e converterem-se em autocracias mais ou menos ditatoriais.
Neste ponto, e tendo nós a vantagem de pertencer a uma zona do mundo que vive em democracias estabilizadas, a polémica Monarquia vs. República tem o mesmo valor que uma disputa sobre um clube desportivo, uma questão literária ou artística. As consequências de uma ou outra opção constitucional são indiferentes, podendo, quando muito, discutir-se se um ou outro modelo pesa mais ou menos ao contribuinte, ou se é justo impedir que a cidadania possa aspirar à nobre arte de cortar fitas, ir a funerais de Estado e assinar diplomas de cruz. É uma questão de mero gosto pessoal, para quem queira perder tempo a meditar no assunto.
Por mim, sempre vou preferindo o cinzentismo pardacento da família Sampaio e a bonomia da família Soares, dos quais sei que inevitavelmente me livrarei ao fim de algum tempo, do que ter de aturar o histerismo romântico de telenovela em torno das vidas pessoais e sentimentais dos membros das casas reais, das suas intimidades, dos amores e desamores.
Num mundo povoado de imagens que nem sempre primam pelo bom gosto, em que a mentalidade geral é dominada pelo espírito de novela, não me entusiasma ver o sistema político contribuir para a sopeirização do ambiente. Sem ofensa às tradicionais empregadas de servir, hoje funcionárias de serviços domésticos, cuja sentida ausência é cada vez mais pesada.
MORNING
É óbvio, mas parece que de vez em quando há necessidade de o dizer: Quando as democracias negam, mediante a sua prática, os valores e os princípios democráticos, tal contradição é destruidora, porque mina o próprio fundamento da democracia e da liberdade. As vítimas directas de práticas violadoras dos princípios basilares das democracias liberais e modernas não são as únicas vítimas. O sistema vigente e o futuro democrático é posto em causa, com prejuízo directo dessas sociedades e prejuízo de todos quantos por esse mundo fora lutam pela liberdade.
A situação criada e a actuação em Guantanamo, ao arrepio das elementares regras do direito, as sevícias, torturas e humilhações no Iraque e no Afeganistão, são graves por sí mesmas mas também minam a democracia e a liberdade. Pelo menos enquanto não forem responsabilizados criminalmente, civilmente e politicamente os seus vários responsáveis.
O mesmo se diga quanto à actual intervenção de Israel em Gaza, acrescendo que aquelas práticas constituem claros crimes de guerra.
Neste conflito já vale tudo. Já se perdeu a noção do real, da política. É mesmo só ódio. É mesmo só desejar e tudo fazer para assegurar a destruição do "outro".
A situação criada e a actuação em Guantanamo, ao arrepio das elementares regras do direito, as sevícias, torturas e humilhações no Iraque e no Afeganistão, são graves por sí mesmas mas também minam a democracia e a liberdade. Pelo menos enquanto não forem responsabilizados criminalmente, civilmente e politicamente os seus vários responsáveis.
O mesmo se diga quanto à actual intervenção de Israel em Gaza, acrescendo que aquelas práticas constituem claros crimes de guerra.
Neste conflito já vale tudo. Já se perdeu a noção do real, da política. É mesmo só ódio. É mesmo só desejar e tudo fazer para assegurar a destruição do "outro".
VIVA A REPÚBLICA!
O único regime onde o princípio do mérito é estruturante e se rejeita a ideia da diferenciação das pessoas em função do seu nascimento.
Contra o sufocante pirosismo mediático acerca do casamento do príncipe castelhano.
A CADA UM SEGUNDO O SEU MÉRITO!
Bem sei que a nossa república não tem sido pródiga na demonstração do mérito - basta ver a insignificante figura que actualmente ocupa o cargo de Presidente da mesma...
Mas o que importa é o princípio que queremos implantar e a superação do que não desejamos.
O problema é nós temos uma República com quase todos os defeitos da monarquia.
Ainda assim, VIVA A REPÚBLICA!
21.5.04
A Monarquia, esse fascínio da plebe...
Terão a nossa indústria têxtil e os nossos ourives aproveitado alguma coisa com o enorme merchandising que está a acontecer aqui ao lado com a boda real? Desde réplicas de fatiotas da Letícia, t-shirts, anéis e mil bugigangas mais, passando pelos direitos de televisão e pela hotelaria, tudo se vende, dando um simpático contributo ao PIB de nuestros hermanos.
Bom negócio, a Monarquia! No Reino Unido e, pelos vistos, também em Espanha, constitui aliás um importante veículo exportador.
Quanto à República... enfim, é apenas uma fonte de despesas para nós, de angústias para Santana e Marcelo e de gozo para Cavaco, sempre a pôr aqueles dois à beira de um ataque de nervos.
Bom negócio, a Monarquia! No Reino Unido e, pelos vistos, também em Espanha, constitui aliás um importante veículo exportador.
Quanto à República... enfim, é apenas uma fonte de despesas para nós, de angústias para Santana e Marcelo e de gozo para Cavaco, sempre a pôr aqueles dois à beira de um ataque de nervos.
FORÇA MADAÍL
(fonte: Público)
MADAÍL, O CHAIMITE
Gilberto Madaíl assegurou ontem que a selecção nacional foi "blindada" após o desastre no Mundial de 2002" (...)
MADAIL, O COSTAS LARGAS
Quando há coisas para resolver, tudo é feito directamente comigo.(...)
MADAÍL, O CRENTE, O MARVEL E O ÓBVIO
(...) Espero que com a ajuda de Nossa Senhora de Fátima, que selecção esteja entre os finalistas. Isso é fundamental para o sucesso da equipa. Porém temos de ter em conta que não somos super-homens, é preciso ter os pés bem assentes na terra e estar nos quartos de final significa ser uma das oito melhores selecções da Europa. (...)
MADAÍL, O CAUDILHO
Se começarem a criticar a selecção a partir da convocatória, então mais valia jogar em Espanha
MADAÍL, THE FACE
Estou pronto a assumir tudo. Darei a cara, que aliás nunca escondi.
"PERIFÉRICA"?! Conhecem?.... e Vilarelho de Jales?
Contratações políticas
Com um intervalo de doze anos, a história repete-se: tal como aconteceu em 1992, Arlindo Cunha, ex-ministro da agricultura, ex-deputado europeu e actual presidente da comissão de coordenação e desenvolvimento regional do Norte, volta a ser falado com insistência em Bruxelas como o possível futuro comissário europeu responsável pela agricultura.(aqui)
O Presidente da República empossou hoje Arlindo Cunha no cargo de ministro das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente, em substituição de Amílcar Theias, exonerado ontem pelo primeiro-ministro.
O Governo contratou mais um Ministro a prazo ou Durão Barroso, entusiasmado com a remodelação nocturna, não foi informado dos rumores que correm na capital do império europeu?
O estranho caso da AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA e o FUTEBOL.
Segundo o Público,a Autoridade da Concorrência - ainda em fase de relativa instalação - acha que precisa de uma denúncia de alguém, para poder actuar (leia-se, para desencadear um inquérito).
Ora, a não ser que exista algum mal entendido na reportagem e na transcrição das declarações do responsável que falou em representação desta nóvel Autoridade, há aqui um grande equívoco! Que se torna tanto mais estranho e incompreensível, quanto significa que o próprio organismo a quem está confiada a suprema missão de velar pela manutenção da sã concorrência nos nossos mercados, não conhece a Lei e as suas próprias competências e obrigações!!!
Passa-se isto a propósito da prática de entente que, relativamente à venda dos bilhetes para a grande final da Champions League, aparentemente, se suscitou. Diga-se que, na realidade, é já habitual a existência de certas práticas comerciais de legalidade duvidosa, a propósito da comercialização de bilhetes para grandes jogos. Era perfeitameamente previsível que a pressão imensa da procura motivasse comportamentos como aquele que agora, a propósito da alegada cedência, em exclusivo, de bilhetes a uma agência de viagens, parece ter-se verificado. No entanto, se os agentes económicos fazem o seu papel (Cosmos, agência de viagens e FCPORTO, SAD), seria de supor que a AUTORIDADE da CONCORRÊNCIA também o fizesse! Num país ainda com pouca tradição neste tipo de enquadramento jurídico (ainda por cima no mercado relevante em causa - o do futebol), esperava-se (e espera-se) mais cuidado e mais actuação (pelo menos, profilática) de quem está imbuído dessa missão fundamental - a supervisão e o controlo da aplicação das regras de defesa da concorrência - para a racionalização dos mercados.
Veja-se, em confronto com as alegadas declarações, o que, desde logo, estipula o artigo 24º, da Lei nº 18/2003: "1 - Sempre que a Autoridade da Concorrência tome conhecimento, por qualquer via, de eventuais práticas proibidas pelos artigos 4º, 6º (é alegadamente o caso!)....procede à abertura de um inquérito (...)".
Ora, a não ser que exista algum mal entendido na reportagem e na transcrição das declarações do responsável que falou em representação desta nóvel Autoridade, há aqui um grande equívoco! Que se torna tanto mais estranho e incompreensível, quanto significa que o próprio organismo a quem está confiada a suprema missão de velar pela manutenção da sã concorrência nos nossos mercados, não conhece a Lei e as suas próprias competências e obrigações!!!
Passa-se isto a propósito da prática de entente que, relativamente à venda dos bilhetes para a grande final da Champions League, aparentemente, se suscitou. Diga-se que, na realidade, é já habitual a existência de certas práticas comerciais de legalidade duvidosa, a propósito da comercialização de bilhetes para grandes jogos. Era perfeitameamente previsível que a pressão imensa da procura motivasse comportamentos como aquele que agora, a propósito da alegada cedência, em exclusivo, de bilhetes a uma agência de viagens, parece ter-se verificado. No entanto, se os agentes económicos fazem o seu papel (Cosmos, agência de viagens e FCPORTO, SAD), seria de supor que a AUTORIDADE da CONCORRÊNCIA também o fizesse! Num país ainda com pouca tradição neste tipo de enquadramento jurídico (ainda por cima no mercado relevante em causa - o do futebol), esperava-se (e espera-se) mais cuidado e mais actuação (pelo menos, profilática) de quem está imbuído dessa missão fundamental - a supervisão e o controlo da aplicação das regras de defesa da concorrência - para a racionalização dos mercados.
Veja-se, em confronto com as alegadas declarações, o que, desde logo, estipula o artigo 24º, da Lei nº 18/2003: "1 - Sempre que a Autoridade da Concorrência tome conhecimento, por qualquer via, de eventuais práticas proibidas pelos artigos 4º, 6º (é alegadamente o caso!)....procede à abertura de um inquérito (...)".
20.5.04
CONCORDATA, DISCORDATA OU NEGOCIATA?
O texto (via ecletico) da Concordata entre o Estado Português e a Igreja Católica raia o absurdo.
Nenhuma das disposições ali vertidas é necessária, face à vigência da CRP, dos Tratados internacionais respeitantes aos direitos humanos e face à legislação portuguesa protectora da liberdade religiosa.
No entanto, acrescem à desnecessidade, disposições gravosas do ponto de vista da cidadania. Como sejam:
Artº 3, nº1: A República Portuguesa reconhece como dias festivos os Domingos.
Pergunta-se: o que é que a República portuguesa tem a haver com o caso? Em termos práticos, isso quer dizer o quê? Deixa o Domingo de ser considerado dia de descanso (como diz a lei), para passar a ser ?festivo??
Artº 9, nº5 :A Santa Sé declara que nenhuma parte do território da República Portuguesa dependerá de um bispo cuja sede esteja fixada em território sujeito a soberania estrangeira.
Pergunta-se: porque esta disposição? O que tem o Estado a haver com os limites da jurisdição das instituições da Igreja?
Artº 15, nº2 A Santa Sé, reafirmando a doutrina da Igreja Católica sobre a indissolubilidade do vinculo matrimonial, recorda aos cônjuges que contraírem o matrimónio canónico o grave dever que lhes incumbe de se não valerem da faculdade civil de requerer o divórcio.
Pergunta-se: o que está esta disposição doutrinária e interna da Igreja a fazer num documento que regula relações com o Estado Português?
Artº 30: Enquanto não for celebrado o acordo previsto no artigo 3, são as seguintes as festividades católicas que a República Portuguesa reconhece como dias festivos: Ano Novo e Nossa Senhora, Mãe de Deus (1 de Janeiro), Corpo de Deus, Assunção (15 de Agosto), Todos os Santos (1 de Novembro), Imaculada Conceição (8 de Dezembro) e Natal (25 de Dezembro).
Pergunta-se: Já que se fala tanto de soberania, (à atenção do Manel), porque deixou o Estado de ser soberano para fixar feriados, aqui eufemisticamente designados por ?dias festivos?? Informa-se o vasto auditório, que, salvo gralha na transcrição, a Sexta-Feira Santa deixou de ser feriado.
Nenhuma das disposições ali vertidas é necessária, face à vigência da CRP, dos Tratados internacionais respeitantes aos direitos humanos e face à legislação portuguesa protectora da liberdade religiosa.
No entanto, acrescem à desnecessidade, disposições gravosas do ponto de vista da cidadania. Como sejam:
Artº 3, nº1: A República Portuguesa reconhece como dias festivos os Domingos.
Pergunta-se: o que é que a República portuguesa tem a haver com o caso? Em termos práticos, isso quer dizer o quê? Deixa o Domingo de ser considerado dia de descanso (como diz a lei), para passar a ser ?festivo??
Artº 9, nº5 :A Santa Sé declara que nenhuma parte do território da República Portuguesa dependerá de um bispo cuja sede esteja fixada em território sujeito a soberania estrangeira.
Pergunta-se: porque esta disposição? O que tem o Estado a haver com os limites da jurisdição das instituições da Igreja?
Artº 15, nº2 A Santa Sé, reafirmando a doutrina da Igreja Católica sobre a indissolubilidade do vinculo matrimonial, recorda aos cônjuges que contraírem o matrimónio canónico o grave dever que lhes incumbe de se não valerem da faculdade civil de requerer o divórcio.
Pergunta-se: o que está esta disposição doutrinária e interna da Igreja a fazer num documento que regula relações com o Estado Português?
Artº 30: Enquanto não for celebrado o acordo previsto no artigo 3, são as seguintes as festividades católicas que a República Portuguesa reconhece como dias festivos: Ano Novo e Nossa Senhora, Mãe de Deus (1 de Janeiro), Corpo de Deus, Assunção (15 de Agosto), Todos os Santos (1 de Novembro), Imaculada Conceição (8 de Dezembro) e Natal (25 de Dezembro).
Pergunta-se: Já que se fala tanto de soberania, (à atenção do Manel), porque deixou o Estado de ser soberano para fixar feriados, aqui eufemisticamente designados por ?dias festivos?? Informa-se o vasto auditório, que, salvo gralha na transcrição, a Sexta-Feira Santa deixou de ser feriado.
TERRA DA ALEGRIA
A melhor apresentação:
"Hoje saiu mais um número da Terra da Alegria, publicação já obrigatória, pelo menos para os que nela escrevem."
(no Guia dos Perplexos)
Um projecto colectivo a seguir com interesse.
"Hoje saiu mais um número da Terra da Alegria, publicação já obrigatória, pelo menos para os que nela escrevem."
(no Guia dos Perplexos)
Um projecto colectivo a seguir com interesse.
IAPMEI no Porto
Através do (quase) sempre muito bem informado Nortadas, fiquei a saber que o Ministro da Economia anunciou a mudança da sede do IAPMEI para o Porto (se bem entendi esta e esta postas).
O IAPMEI desempenha um papel importante na gestão de incentivos públicos a actividades privadas, para quem entenda que eles são úteis ou desejáveis, mas tem uma atribuição que me parece, de longe, mais importante, que é a de funcionar como mediador no chamado "procedimento extra-judicial de conciliação", uma alternativa muito interessante (mas, segundo creio, pouco divulgada e utilizada) ao processo judicial de recuperação de empresas (que tem servido sobretudo de ante-câmara ao processo judicial de falência) e que vai continuar a existir com a entrada em vigor do novíssimo Código da Insolvência. Quando se perceber que o PEC pode salvar muito boa (ou nem por isso) gente da cadeia, o seu sucesso poderá aumentar largamente, com vantagem para todos (empresas em situação difícil, credores, administradores, trabalhadores e Estado-fisco).
Para memória futura, aqui fica o actual organograma do referido Instituto. Vamos ver que parte dele (e quando)é que vai mudar para a margem direita do Douro (estou particularmente curioso com um departamento do chamado "Centro Corporativo", o da "relação com a tutela e meios de comunicação social"; pensando melhor, a ideia do Ministro é bem capaz de ser o aumento da discrição do Instituto).
O IAPMEI desempenha um papel importante na gestão de incentivos públicos a actividades privadas, para quem entenda que eles são úteis ou desejáveis, mas tem uma atribuição que me parece, de longe, mais importante, que é a de funcionar como mediador no chamado "procedimento extra-judicial de conciliação", uma alternativa muito interessante (mas, segundo creio, pouco divulgada e utilizada) ao processo judicial de recuperação de empresas (que tem servido sobretudo de ante-câmara ao processo judicial de falência) e que vai continuar a existir com a entrada em vigor do novíssimo Código da Insolvência. Quando se perceber que o PEC pode salvar muito boa (ou nem por isso) gente da cadeia, o seu sucesso poderá aumentar largamente, com vantagem para todos (empresas em situação difícil, credores, administradores, trabalhadores e Estado-fisco).
Para memória futura, aqui fica o actual organograma do referido Instituto. Vamos ver que parte dele (e quando)é que vai mudar para a margem direita do Douro (estou particularmente curioso com um departamento do chamado "Centro Corporativo", o da "relação com a tutela e meios de comunicação social"; pensando melhor, a ideia do Ministro é bem capaz de ser o aumento da discrição do Instituto).
APENAS...
"Estado pagou apenas 13 por cento do custo de seis estádios"
O Estado central não sei. Sei que nós, contribuintes, pagamos ou iremos pagar 100% do custo de seis estádios.
Mais 25% de outros 4, acessos + manutenção anual nos próximos anos, + ....
Não se pode deixar de lado a "curiosidade" de uma câmara municipal ter reconstruído e pago integralmente um estádio novinho em folha que é propriedade particular (o de Guimarães). Foi um donativo certamente.
O Estado central não sei. Sei que nós, contribuintes, pagamos ou iremos pagar 100% do custo de seis estádios.
Mais 25% de outros 4, acessos + manutenção anual nos próximos anos, + ....
Não se pode deixar de lado a "curiosidade" de uma câmara municipal ter reconstruído e pago integralmente um estádio novinho em folha que é propriedade particular (o de Guimarães). Foi um donativo certamente.
CLARA. FERREIRA. DELGADO. ALVES.PONTO. NOS. COMEM
Acho que vale a pena ler esta posta. Uma reflexão política plurisignificativa a não perder.
AGENDA MEDIÁTICA DO TÉDIO
1. Casamento do previamente designado futuro Chefe do Estado Espanhol;
2. Congresso do PSD;
3. Final da Liga dos Campeões;
4. Início da ?campanha? eleitoral para as eleições europeias;
5. Início do campeonato europeu de futebol,
6. greve da carris;
7. transmissão directa das marchas populares da cidade de Lisboa;
8. eleições europeias;
9. quartos de final, meia final e final do campeonato europeu de futebol;
10. novas notícias sobre o caso ?apito dourado?;
11. remodelação governamental;
12. incêndios florestais;
13. aquisição e transferência de jogadores de futebol e de treinadores;
14. início dos jogos olímpicos;
Ainda faltam dois meses e meio para as férias....
2. Congresso do PSD;
3. Final da Liga dos Campeões;
4. Início da ?campanha? eleitoral para as eleições europeias;
5. Início do campeonato europeu de futebol,
6. greve da carris;
7. transmissão directa das marchas populares da cidade de Lisboa;
8. eleições europeias;
9. quartos de final, meia final e final do campeonato europeu de futebol;
10. novas notícias sobre o caso ?apito dourado?;
11. remodelação governamental;
12. incêndios florestais;
13. aquisição e transferência de jogadores de futebol e de treinadores;
14. início dos jogos olímpicos;
Ainda faltam dois meses e meio para as férias....
BARTOON
(Bartoon a ler o jornal)
" - Segundo os Serviços Secretos americanos, 70 a 90 por cento dos iraquianos que estão detidos... foram presos por engano.
(Bartoon virando-se para um soldado americano)
" - Quando acertarem em alguma coisa na questão do Iraque, vocês avisam-me, ok?"
De facto...
" - Segundo os Serviços Secretos americanos, 70 a 90 por cento dos iraquianos que estão detidos... foram presos por engano.
(Bartoon virando-se para um soldado americano)
" - Quando acertarem em alguma coisa na questão do Iraque, vocês avisam-me, ok?"
De facto...
CONCENTRAÇÃO
Uma empresa consultora, a Roland Berger, realizou um trabalho para a reestruturação do INE e chegou a esta brilhante e esclarecedora conclusão:
"O novo modelo organizacional do INE assentará numa estrutura mais simples e com maior grau de concentração geográfica".
Em termos práticos, das 211 pessoas que trabalham actualmente nas várias delegações regionais, passarão a ser apenas 35, mantendo-se na "central" de Lisboa mais de 4 centenas de funcionários.
Não levanto dúvidas quanto à necessidade de redução de pessoal, de despesa, de um mais eficaz funcionamento, etc. A questão (grave e endémica), diz apenas respeito a esta paranóia centralista que parece atacar tudo e todos.
Um amigo meu dizia convictamente que "antes de a prazo estarmos todos mortos, estaremos todos a viver em Lisboa". Cada dia que passa cada vez me convenço que ele tem razão.
"O novo modelo organizacional do INE assentará numa estrutura mais simples e com maior grau de concentração geográfica".
Em termos práticos, das 211 pessoas que trabalham actualmente nas várias delegações regionais, passarão a ser apenas 35, mantendo-se na "central" de Lisboa mais de 4 centenas de funcionários.
Não levanto dúvidas quanto à necessidade de redução de pessoal, de despesa, de um mais eficaz funcionamento, etc. A questão (grave e endémica), diz apenas respeito a esta paranóia centralista que parece atacar tudo e todos.
Um amigo meu dizia convictamente que "antes de a prazo estarmos todos mortos, estaremos todos a viver em Lisboa". Cada dia que passa cada vez me convenço que ele tem razão.
COMUNICADO
Certamente devido aos entusiasmos dos últimos dias, alguém, piedosamente, enviou-nos o seguinte esclarecimento:
FCPORTO 1º no TOP 10 da CNN
Pela sexta semana consecutiva, o FCPORTO lidera o ranking mundial de equipas da CNN.
Com efeito, beneficiando do facto de ser finalista da Champions League (note-se, uma das duas provas que, de facto, é mesmo acompanhada a nível mundial) e, seguramente, também pela prosaica razão de os jornalistas internacionais desconhecerem o tão famigerado e tipical "sistema" que marca indelevelmente o futebol português, o FCP consolida, actualmente, a sua posição de melhor equipa mundial (para este ranking), à frente de outras equipas como o Valência (recém vencedor da Taça UEFA, sucedendo ao FCP), Arsenal (Campeão inglês), S.Paulo e Mónaco.
É claro que este ranking é elaborado semanalmente por uns rapazes (votação de jornalistas da CNN SPORTS, da SI.com e do World Soccer Magazine - esse mesmo, o da FIFA) que, nem de perto, nem de longe, são tão sabedores como os nossos empertigados e impositivos papas portugueses do jornalismo desportivo, como, por exemplo, aquele senhor de cabelo encaracolado que, com um ar muito sério, diz ou banalidades, ou coisas sem importância nenhuma, na SIC Notícias, e outros quejandos... Talvez seja por isso que não vi, ainda,nenhuma referência a este ranking (excepção feita - em verdade - a uma breve e fugidia alusão no telejornal da SIC). Mas enfim, é sempre interesante registar aquilo que no mundo pensam do futebol português (ou seja, do FCP, já que só esse é que, infelizmente, é relevante em Portugal, para quem vê o futebol de fora)
Com efeito, beneficiando do facto de ser finalista da Champions League (note-se, uma das duas provas que, de facto, é mesmo acompanhada a nível mundial) e, seguramente, também pela prosaica razão de os jornalistas internacionais desconhecerem o tão famigerado e tipical "sistema" que marca indelevelmente o futebol português, o FCP consolida, actualmente, a sua posição de melhor equipa mundial (para este ranking), à frente de outras equipas como o Valência (recém vencedor da Taça UEFA, sucedendo ao FCP), Arsenal (Campeão inglês), S.Paulo e Mónaco.
É claro que este ranking é elaborado semanalmente por uns rapazes (votação de jornalistas da CNN SPORTS, da SI.com e do World Soccer Magazine - esse mesmo, o da FIFA) que, nem de perto, nem de longe, são tão sabedores como os nossos empertigados e impositivos papas portugueses do jornalismo desportivo, como, por exemplo, aquele senhor de cabelo encaracolado que, com um ar muito sério, diz ou banalidades, ou coisas sem importância nenhuma, na SIC Notícias, e outros quejandos... Talvez seja por isso que não vi, ainda,nenhuma referência a este ranking (excepção feita - em verdade - a uma breve e fugidia alusão no telejornal da SIC). Mas enfim, é sempre interesante registar aquilo que no mundo pensam do futebol português (ou seja, do FCP, já que só esse é que, infelizmente, é relevante em Portugal, para quem vê o futebol de fora)
19.5.04
A SELECÇÃO DE TODOS NÓS
É no Adufe.
O Mister convocou-nos e estamos naturalmente muito satisfeitos por termos a oportunidade de virmos a dar o nosso melhor e quem sabe, uma grande alegria a todos os portugueses.
É o sonho de qualquer profissional e no nosso caso concreto, o ponto alto de uma carreira que ainda agora está no seu início. Estamos certos que a aposta que em nós tanta gente fez ao longo destes últimos meses será correspondida com o nosso esforço dentro e fora do campo.
Nesta hora de alegria não queriamos deixar de referir todos os nossos colegas que não foram seleccionados. Uma palavra de amizade nesta hora que, para eles será certamente de tristeza, mas que nunca desanimem e que apoiem a nossa selecção neste momento importante para todos os portugueses.
O Mister convocou-nos e estamos naturalmente muito satisfeitos por termos a oportunidade de virmos a dar o nosso melhor e quem sabe, uma grande alegria a todos os portugueses.
É o sonho de qualquer profissional e no nosso caso concreto, o ponto alto de uma carreira que ainda agora está no seu início. Estamos certos que a aposta que em nós tanta gente fez ao longo destes últimos meses será correspondida com o nosso esforço dentro e fora do campo.
Nesta hora de alegria não queriamos deixar de referir todos os nossos colegas que não foram seleccionados. Uma palavra de amizade nesta hora que, para eles será certamente de tristeza, mas que nunca desanimem e que apoiem a nossa selecção neste momento importante para todos os portugueses.
TUDO COMO DANTES NA SELECÇÃO
Tenho ouvido vários comentários elogiosos em relação à independência que Scolari teria demonstrado na sua convocatória de ontem. Dizem que não cedeu a pressões, que decidiu por si, apesar e para além dos clubes.
Estou em completo desacordo. Scolari reincidiu naquilo que os vários seleccionadores das últimas décadas fizeram: dividiu o mal pelas aldeias e convocou jogadores para agradar à plateia.
Acresce que algumas das suas escolhas não têm qualquer justificação futebolística.
Por exemplo, como é possível levar o Tiago à selecção depois da sua pior época de sempre? A ser verdade que Tiago sofre de uma pubalgia, será lícito convocar um jogador nestas condições? Na esperança que se venha a curar durante o estágio e, milagrosamente, recupere a forma de há 2 anos? Ou, no caso de tal não vir a suceder, acabar por convocar em sua substituição o Pedro Mendes mas, então, munido de um pretexto que não poderá desagradar à imensa mole encarnada...
E o coitado do Beto? Que faz aquela lídima confiança de todas as equipas que defrontam o Sporting ao lado de F. Couto, Jorge Andrade e R. Carvalho?
Para mim a resposta é clara e reside no timbre politicamente correcto das convocações de Scolari ? Era necessário que a grande massa benfiquista ficasse satisfeita, fosse como fosse.
Para Scolari e a sobejante escumalha da Praça da Alegria, o povo só estará com a selecção, ainda que esta perca, caso se consiga emprestar um ar de anti-Porto e anti- Pinto da Costa à equipa de todos eles.
Por isso, o melhor guarda-redes português ficou fora das contas das 3 primeiras escolhas.
Por isso, um plantel sem classe como o do Benfica tem uns incríveis 6 jogadores convocados, o mesmo número dos do F. C. Porto.
Por isso, o Sporting também tem direito a ser contentado.
Nada de novo debaixo de sol da nossa selecção. Sempre foi assim. Lembro-me de, em 1982/3/4, Fernando Gomes ser consecutivamente o melhor marcador nacional e europeu, com trinta e tal e quarenta e tal golos, e ser preterido na selecção portuguesa por avançados que tinham terminado a época com 11 e 12 golos?
Recordo que, no Mundial do México de 1986, o Futre que atravessava um momento de forma excepcional ser suplente de velhotes com lugar cativo e dos clubes que interessavam. E que segundo os jornais desportivos de então, o Carlos Manuel nos treinos berrava para os seus apaniguados: ?não passem a bola ao miúdo, não passem a bola ao puto!?
Então perdemos. Aliás, a nossa selecção nunca ganhou coisa nenhuma a não ser lendas inconsequentes e duvidosas ?vitórias? morais.
Temo que tudo esteja a ser encaminhado como dantes (quartel-general em Abrantes?). Oxalá me engane.
Os cartazes do Rock in Rio
Via Mar Salgado (link na coluna da direita), descobri que não só os marketeiros do Rock in Rio que pontapeiam a língua portuguesa (com a mesma palavra).
Eis alguns exemplos
página do PS na Câmara de Lisboa
Instituto de Psicologia Cognitiva da Universidade de Coimbra
Jornadas de Engenharia Biológica da Universidade do Minho
Vitória de Setúbal
Last, but not the least
O site da Direcção Geral dos Impostos
Já agora, aqui fica o esclarecimento:
Eis alguns exemplos
página do PS na Câmara de Lisboa
Instituto de Psicologia Cognitiva da Universidade de Coimbra
Jornadas de Engenharia Biológica da Universidade do Minho
Vitória de Setúbal
Last, but not the least
O site da Direcção Geral dos Impostos
Já agora, aqui fica o esclarecimento:
A palavra Benvindo existe na língua portuguesa, mas é um nome próprio. Para dizer que alguém vai ser bem recebido ou que chegou bem, é necessário usar o hífen: bem-vindo. O nome também pode ser utilizado no feminino: Benvinda.
LIBERALISMO E SOCIALISMO - RESPOSTA AO IRREFLEXÕES
O meu caro camarada do Irreflexões, que não tive ainda o prazer de conhecer senão pela prosa e pelo estilo que de há muito admiro, mergulhou no passado e recordou uma antiga questiúncula que tivemos sobre o paradoxo que é ser simultaneamente socialista e liberal. O Irreflexões, num acto irreflectido que lhe faz jus ao nome, mantém-se na sua: é possível, diz ele, ser de esquerda e liberal.
Em rigor, a posição já não é bem a mesma: já não se trata de ser socialista e liberal, paradoxo evidentemente intransponível, mas de esquerda (seja lá o que isso possa ser) e liberal. Nesta hipótese, a coisa já me parece mais plausível. Mas, não seguramente com os argumentos com que a procura fundamentar.
Porque, ao centrar o problema na liberdade e responsabilidade, no valor do mercado livre ou intervencionado, na problemática da solidariedade e da redestribuição e na função intervencionista correctiva do Estado, o Irreflexões situa-se na periferia do problema e não no seu âmago. Todas as notas que assinalou resultam de algumas questões prévias, são suas consequências e não causas. O problema de fundo, aquilo que distingue o liberalismo do socialismo, e da esquerda em que suponho se situa, é de natureza ontológica e funda-se numa numa problemática sobre a ética humana.
No essencial, a questão pode colocar-se nestes termos: o que pensar das sociedades humanas, da capacidade de conhecer as regras (se as houver) a que obedecem, e quais as possibilidades de um homem, ou de um grupo de homens, sobre elas agirem de forma a determinarem com absoluta segurança as consequências dos seus actos. Estamos, na verdade, em plenos domínios da teoria do conhecimento, dos limites que o homem tem perante si e perante a sua capacidade de saber e de conhecer, para poder, depois, dominar.
Ora o socialismo inscreve-se numa antiga e continuada tradição de exaltação da razão humana, segundo a qual ela não conhece limites. Por isso, Platão defendeu uma «República dos Sábios», da mesma forma que August Comte também subscreveu a necessidade de serem os sábios (aqueles que dominavam as «leis» da ciência e do conhecimento) a governarem. O primeiro, por antecipação, e o segundo, por sucessão, não se situaram longe do racionalismo ilimitado de Descartes e de Francis Bacon, cuja vericitas naturae, ou seja, a doutrina da verdade evidente, pressupunha que ao homem nada estava vedado. Rousseau diz no seu contrato social que «aquele que quiser dominar um povo, tem de modificar a alma humana» (citação livre). Daqui chega-se imediatamente ao construtivismo social, do qual, em grau menor ou menor, fazem parte o pensamento keynesiano/social-democrata, socialista e totalitário: porque quem governa pode tudo conhecer - dizem-nos - pode intervir, seja para corrigir, seja para modificar, seja até, para revolucionar e criar uma nova ordem social. Todos sabemos como estas experiências costumam acabar.
Segundo o liberalismo o problema coloca-se doutra maneira. Tendo consciência da finitude humana (no que o liberalismo é profundamente cristão) e, em consequência, do princípio geral da nossa impotência ou extrema dificuldade em abarcar o mundo envolvente, a atitude liberal é de uma extrema humildade: porque não podemos conhecer a completa dimensão e as consequências dos nossos actos, o melhor será deixar a cada um - aos directos interessados, nomeadamente - a forma de resolverem os seus assuntos. Nesta óptica, o liberalismo não abdica de tentar conhecer. Como lembra bem Karl Popper, o facto de nosso esforço gnoseológico se traduzir, muito provavelmente, para cada um de nós, em ficarmos a saber muito pouco, ainda assim vale a pena tentar conhecer. Esta é, de resto, a natural tendência da humanidade, rumo a um conhecimento que lhe pode facultar uma vida melhor. Sempre conscientes, porém, que qualquer asserção científica só vale pela justa medida em que possa ser refutada. É o método hipotético-dedutivo, como método científico, e a aprendizagem pelo erro, como forma de adquirir conhecimento.
Pelo contrário, o socialismo acredita mesmo que os homens podem conhecer a essência dos fenómenos humanos, e, por isso, dominar o curso dos acontecimentos e da história. Marx era historicista: anteviu (mal) o fim do capitalismo, em resultado de uma interpretação dos factos que era, verdadeiramente, muito limitada. O socialismo acredita mesmo que os governantes são uma espécie de seres alados, sobredotados, com capacidades imensas, que podem dominar o curso das coisas e o andamento da vida em sociedade. Eles são herdeiros da «República dos Sábios» de Platão e de Comte, do despotismo esclarecido iluminista, ainda que, se calhar, não se apercebam bem isso. Seja o novo déspota, o «Senhor da Razão, a «vanguarda do proletariado», a elite dirigente, ou a engenharia financeira correctiva do mercado, eles acreditam mesmo que existem forças «sobrenaturais» a operarem sobre os homens. O socialismo é uma forma de superstição como qualquer outra, a astrologia, por exemplo, ou a leitura do tarot ou das linhas das mãos.
O liberalismo prefere que sejam os homens - verdadeiramente iguais entre si, pressuposto que é liberal e não socialista - a cuidarem dos seus interesses em livre interacção de uns com os outros. A isto, e tão só a isto, se chamou a «mão invisível», de cuja actuação resulta uma «ordem social espontânea» (ordinalismo). Se ela gera injustiças - e gera-as seguramente - serão as que resultam da própria condição humana, da vida do dia a dia em sociedade. Mas elas são, pelo menos, de menor monta do que as que resultam da ingerência de terceiros, de homens dotados de poderes especiais, com os seus interesses próprios e específicos, que intervêm em assuntos que verdadeiramente desconhecem ou não dominam tão bem como os próprios interessados. E podem sempre, por intervenção directa dos interessados, serem reparados ou corrigidos quase sempre a tempo. Isto é o que o liberalismo entende por mercado, conceito tão estranho para os socialistas.
Em conclusão, poderá dizer-se que o liberalismo, apesar de partir do pressuposto da limitação do conhecimento humano, faz profissão de fé nas capacidades humanas do cidadão e do indivíduo. Pelo contrário, o socialismo, sombranceiramente convencido das ilimitadas capacidades do género humano, acaba por passar um atestado de menoridade ao indivíduo, ao retirar-lhe, em todo ou em parte, não interessa, o governo da sua vida e passá-lo para as mãos dos governantes, seres que vá-se lá saber porquê, para os socialistas estão melhor habilitados a resolver problemas que não são seus, do que os directos interessados.
Como vê, meu caro Irreflexões, tudo o mais e principalmente o que refere na sua «posta», são corolários, sem dúvida interessantes, da questão de fundo, que é a de confiar ou não, nas capacidades do indivíduo, apesar (e sobretudo por isso mesmo) de as sabermos muito limitadas. Você, que é socialista, não acredita no indivíduo. Eu, que sou liberal, não acredito senão nos indivíduos, com excepção daqueles que estão no aparelho do Estado, a tratar dos meus assuntos, dos meus interesses, ou seja, da minha vida.
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