A lei penal tem, apesar de tudo, a vantagem de responsabilizar os indivíduos pelos seus actos com base na ideia de que outros indivíduos têm direitos. É por isso muito mau sinal que tanto grande parte do SIM* como grande parte do NÃO concordem que o aborto deixe de ser combatido pela via do direito penal para passar a ser combatido pela via do estado social. Isto é, concordam que o aborto é um mal, concordam que o estado deve deixar de julgar os responsáveis directos pelos abortos e concordam que o estado passe a ajudar esses responsáveis directos a não abortar. Ou seja, a responsabilidade pelos aborto será cada vez menos individual e cada vez mais colectiva. As pessoas serão cada vez menos responsáveis pelos seus abortos e cada vez mais responsáveis pelos abortos dos outros.
*Já para não falar de uma parte do SIM que acha que o estado deve ajudar os responsáveis directos pelo aborto a abortar.