16.2.07

O Regresso das Lojas do Povo

Na Venezuela, Chavez continua o imparável processo de estupidificação económica a que se alvitrou. Após ter tabelado os preços de alguns bens alimentares de primeira necessidade a valores abaixo dos custos, alguns supermercados tiraram esses produtos das prateleiras. Incapaz de compreender um conceito básico – ninguém vende para ter prejuízo – Chavez acusou os supermercados de açambarcamento de bens essenciais. A ameaça foi clara: ou vendem com prejuízo ou os supermercados serão nacionalizados. ###
Neste dilema do prisioneiro em que se movem os comerciantes na Venezuela, haverá de tudo. Alguns aceitarão os prejuízos, tentando compensar as perdas aumentando os preços noutros produtos. Outros tentarão sobreviver com a esperança de um fim mais rápido para o estado de demência que se apoderou da Venezuela. Outros ainda, venderão às escondidas com margens muito mais elevadas, que reflectirão não só o risco da ilegalidade como a falta de concorrência. Outros desistirão. As filas as portas dos consulados e embaixadas de Portugal na Venezuela indicam que a maior comunidade de comerciantes começa a desagregar-se.

Mas para Chavez, nada disto é relevante. Os problemas da distribuição resolvem-se com a aplicação da cartilha do socialismo revolucionário. Em breve os venezuelanos terão à sua disposição as anti-capitalistas Lojas do Povo, sempre abastecidas pelos produtos progressistas e de comércio justo, com produção e distribuição centralizada. Uma maravilha. A economia sem lucro ao serviço do povo.

E em breve, os venezuelanos mais bem dispostos poderão voltar a contar a velha anedota:

Na Loja do Povo:
O Cliente: "Bom dia, tem carne?"
O Lojista do Povo: "Não, aqui não temos é peixe. Ali em frente é que não há carne."