Uma boa teoria ética não requer qualquer crença em Deus, mas requer um elemento de transcendência que o substitua e que garanta a imparcialidade. Para uma ética laica, esse elemento de transcendência tem que ser a Razão, entendida como algo que trancende cada uma das tentativas humanas para chegar à Verdade. No entanto, é necessário ter em conta, por um lado a falibilidade humana para descobrir a Verdade, e por outro a tendência para se confundir a Verdade com opinião. A tese de acordo com a qual determinadas questões de ética pública devem ser deixadas ao critério individual se existir diversidade de opiniões é incompatível com os princípios que devem orientar uma boa teoria ética. Se essa tese fosse levada a sério teriamos que aceitar que a ética da escravatura ou da violência doméstica variam de sociedade para sociedade e de época para época.
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É essencial que se distinga questões de ética pública de questões de ética privada. Só as questões de ética privada é que podem ser deixadas ao critério de cada um. As questões de ética pública podem, e na maior parte dos caso devem, estar sujeitas ao império da Lei.