Alberto João Jardim é o político mais esperto deste País. Ninguém como ele sabe perceber as lacunas da centralização e explorar a má consciência de quem nos tem governado.
Tudo o que Jardim faz tem um objectivo muito definido: mais poder e, sobretudo, mais dinheiro. Quando Jardim brada por autonomia isso quer dizer mais fundos para a Madeira; se Jardim ralha com Lisboa o significado é “ou me deixam fazer o que eu quero ou levam mais”; quando Jardim, a propósito da Lei do Aborto, fala em ‘vida’ e ‘moral’ a tradução literal é: "dêem-me mais dinheiro!"
Jardim é um produto típico do centralismo, o seu efeito secundário mais figurativo. É o maior aliado da manutenção desse sistema que o criou e acarinhou como uma espécie de mascote refilona. Se, por utopia, a Regionalização acontecesse, o fim do ‘folclore Jardim’ seria a sua primeira consequência.
* Publicado no Correio da Manhã