26.9.07

Factor de implosão

Porquê tanta surpresa com o que se passa no PSD? Tendo em consideração o vazio total daquela agremiação e a «qualidade» dos candidatos, estranho seria que as coisas se passassem de forma diferente.
Aliás convém recordar que, pelas mesmas razões, atitudes menos elegantes já tinham ocorrido na recente disputa pela liderança do CDS/PP. O afastamento do poder é uma coisa devastadora para quem apenas o parasita.
Mas a actual situação é a meu ver, e ao contrário do que bastante gente diz, muito positiva. Seria mais grave se o cenário se apresentasse como minimamente credível, pois levaria a um arrastar de uma situação pantanosa por mais uns anos.
Nesta fase, manter o actual estado de vazio e desfasamento sócio-ideológico dos principais partidos seria terrível a médio/longo prazo. A um sistema de partidos que se revêem ainda em valores, projectos e posicionamento ideológicos com três décadas de patine, reflexo directo dos particulares condicionalismos políticos de 1974, só se pode desejar que seja destruído de uma vez por todas.

Assim, de um ponto de vista não-«socialista-democrata», o candidato cuja vitória julgo que provocaria efeitos positivos globais a médio prazo, seria sem dúvida Luís Filipe Meneses.
Seria aquele que pelo seu estilo de cata-vento, pelo facto de ser mal-querido pelas elites e grupos de interesses do seu partido, pelo seu genuíno populismo, poderia provocar as mais violentas, mas saudáveis, reacções internas. A sua vitória poderia funcionar como um factor reagente e levar muita gente a finalmente provocar as rupturas há muito adiadas, cisões desejadas mas nunca concretizadas, uma clarificação ideológica mais do que necessária.
E ao final da catarse, surgir um novo panorama político-partidário, mais arrumado, mais actual e com mais alternativas para o eleitor. Apenas poderão advir benefícios se essa clarificação radical ocorrer, para que de uma vez por todas se termine com o panorama político partidário mono-socialista.