21.9.07

Por motivos que todos percebem

A recusa do governo português em receber o Dalai Lama faz todo o sentido. Do ponto de vista do Estado português a China é várias ordens de grandeza mais importante do que o governo do Tibete no exílio. É claro que um governante que se recuse a receber o Dalai Lama fica muito mal na fotografia. O facto de os governantes portugueses terem optado por defender os interesses do Estado que representam à custa da imagem pública é um sinal de que afinal levam as suas funções a sério.
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Os portugueses têm que decidir para que serve o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Ou serve para defender os interesses portugueses no mundo, ou serve para defender os direitos humanos. Não pode servir para as duas coisas porque os dois interesses são, pelo menos neste momento, contraditórios.

Portugal poderia seguir uma política externa de defesa dos direitos humanos etc e tal. Mas tal política teria que ser consistente e orientada para os resultados. Portugal não tem tal política. Se os governantes portugueses tivessem recebido o Dalai Lama, a causa tibetana ficaria na mesma. Os interesses portugueses no mundo ficariam pior. E se Portugal quiser ter algum impacto nos direitos humanos no mundo tem que seguir uma política consistente e pragmática. O que for válido para o Tibete tem que ser válido para Cabinda, para o Sara Ocidental ou para as cidades espanholas no Norte de África. Não podem existir territórios ocupados de primeira e de segunda sob pena de as posições portuguesas não serem levadas a sério.