10.10.07

Religião e política *

Alguns dignitários da igreja católica têm afirmado sobre o projecto do Governo de assistência religiosa nos hospitais aquilo que ‘Maomé não terá dito do toucinho’.
Consultei esse projecto e fiquei pasmado! Afinal, no seu conteúdo não consta quase nada do que tem sido apregoado – até o padre coordenador das capelanias já o reconheceu. É um documento equilibrado, na linha da Constituição, da lei da liberdade religiosa e da Concordata.
Tem 2 pontos que se destacam:
(i) todas as crenças passarão a poder prestar assistência, terminando o monopólio da igreja católica nos hospitais;
(ii) os futuros capelães hospitalares já não serão funcionários públicos a cargo do Estado.
A igreja diz concordar com a primeira condição – então, a sua feroz contestação ao projecto só pode resultar da segunda. Para isso, dizem que está lá aquilo que não existe.
É só política. E pouco piedosa.

* Publicado no Correio da Manhã