30.11.04

A economia de que a esquerda gosta

Celso Furtado, um economista brasileiro, morreu a semana passada. O seu pensamento económico é elogiado em vários artigos dos jornais de fim de semana. Celso Furtado não é celebrado por ter descoberto uma nova lei económica ou por ter elucidado um fenómeno económico até então inexplicado. Celso Furtado é celebrado por se ter preocupado com os pobres e desfavorecidos do Terceiro Mundo e por ter defendido o contrário do que defendiam os economistas liberais. Um articulista chamou a isto "pensamento próprio" e inconformista. Como se a preocupação com os mais desfavorecidos e o inconformismo pudessem, como que por magia, suspender as leis da economia.

A acreditar num dos articulistas, Celso Furtado defendia uma coisa chamada "desenvolvimentismo", uma teoria segundo a qual um cocktail de crédito barato, planeamento central e barreiras alfandegárias poderia tirar um país da miséria. Esta é uma bela receita para a miséria, a inflação, o endividamento, o desperdício, o isolamento e a estagnação. Mas o que é que isso interessa se o homem se preocupava, tinha um pensamento próprio, era inconformista e batia nos liberais?

Ao que parece, ninguém minimamente relevante leva as teorias de Celso Furtado a sério, e se calhar foi por isso que não lhe deram o Nobel. Mas, o desenvolvimentismo até pode estar certo, diz um dos articulistas, afinal, a economia não é uma ciência exacta. De facto, a economia não é uma ciência exacta, mas a realidade, chatisse chatice das chatisses chatices, é exacta.

Lição do dia: Uma coisa são os bons sentimentos, outra a boa ciência.

PS - Celso Furtado pode estar inocentes mas muitos dos seus admiradores de certeza que não estão.

PS II - A má ciência causa miséria.