4.6.07

Um partido sem histórias que possam ser contadas III

De facto é uma pena que o Bloco de Esquerda não tenha mais exposição mediática porque se tivesse poderiamos saber um pouco mais sobre a verdadeira natureza do Bloco. Mas de vez em quando ainda vão saindo umas notícias interessantes:
###
Contra as tendências fundadoras
Miguel Portas, acusou, numa das primeiras intervenções da manhã, os subscritores da moção Por uma plataforma de democracia socialista de não apresentarem propostas políticas alternativas e de possuírem uma "mania terrível de catalogar pessoas e ideias". Mas os ataques que alvejaram os subscritores, cujo primeiro signatário é Teodósio Alcobia, não provocaram recuos.
Helena Carmo, 47 anos, empregada de escritório e antigo elemento da "ala otelista" (assim se apresentou), preferiu não responder aos "epítetos" lançados pelo eurodeputado. "Ficam para quem os dá", disse ao PÚBLICO, frisando que o escasso exercício de democracia interna no Bloco de Esquerda (BE) é "uma realidade que tem vindo progressivamente a instalar-se". Isto porque, explicou, o BE está "muito restringido às quatro tendências fundadoras [Política XXI, FER, PSR e UDP]" e "não há espaço para as não tendências". Helena Carmo aponta o dedo à decisão de nomear um coordenador (que será o primeiro subscritor da moção da direcção, Francisco Louçã), argumentando que "esta escolha devia ser feita em convenção e por voto secreto." "É gato escondido com rabo de fora", acrescentou, salientando ainda que se se ler a tese da moção O Bloco como alternativa socialista "não se percebe o que é que ele fica a fazer."
Embora sejam apontados como a ala da extrema-esquerda dentro do BE, os signatários da moção minoritária defendem que não pretendem "disputar a liderança" do partido: "Estamos aqui para disputar um espaço de debate interno que queremos ver reforçado", afirmou Helena Carmo.
Teodósio Alcobia, 47 anos, electricista e um dos últimos condenados no processo das FUP/FP25 (esteve preso cerca de dez anos), interpretou as acusações de Portas como uma tentativa de "balizar" a discussão e referiu que, antes de elaborarem a moção, percorreram o país e confrontaram-se com activistas "descontentes" e com a "falta de informação". Candidato à câmara de Cascais nas eleições de 2001, antigo membro da UEC (União dos Estudantes Comunistas) e do PCP, José Casquilho é também um dos subscritores da moção alternativa à da direcção, mas entende que este documento "é mais complementar do que alternativo". Ao invés dos restantes signatários, este bloquista, professor no Instituto Superior de Agronomia, admite que ainda não tem uma "posição definida" sobre a futura existência de um coordenador. Até porque, diz, considera "mais interessante as funções de geometria variável." E para um "horizonte de dois anos" a experiência de "dar uma cara" pode criar "estabilidade.". E concorda com "a cara"? "Sim, ao nível da experiência política", responde. M.J.O.