19.11.07

Economia social de mercado

O Estado entende que os portugueses devem ouvir música portuguesa. Ou que os artistas portugueses tem direito a uma quota de 25% dos direitos da música que passa nas rádios.
É uma forma de conformar o novo cidadão. Ou a de proteger e assegurar rendimentos a uma classe que de outra forma não conseguirá que os seus potenciais clientes lhe comprem o que produzem.###

E já agora, o que é música portuguesa? A lei esclarece:
«
a) Que veiculem a língua portuguesa ou reflictam o património cultural português, inspirando-se, nomeadamente, nas suas tradições, ambientes ou sonoridades características, seja qual for a nacionalidade dos seus autores ou intérpretes; ou
b) Que, não veiculando a língua portuguesa por razões associadas à natureza dos géneros musicais praticados, representem uma contribuição para a cultura portuguesa.»

Hum, vai ser difícil. O que será ao certo «património cultural português»? E o que serão músicas que «representem uma contribuição para a cultura portuguesa»?

Mas ainda há mais:
«A quota de música portuguesa fixada (...) deve ser preenchida, no mínimo, com 60% de música composta ou interpretada em língua portuguesa por cidadãos dos Estados membros da União Europeia.»

e
«A quota de música portuguesa fixada (...) deve ser preenchida, no mínimo, com 35% de música cuja 1.ª edição fonográfica ou comunicação pública tenha sido efectuada nos últimos 12 meses.»

Uau. Esta gente não falha. Está tudo previsto.

Eu tenho uma sugestão. Prática.
O ministro Santos Silva já fixa todos os anos os eventos relevantes de serviço público que tem de passar na televisão de que é responsável. Sempre 100% desporto, essencialmente futebol.
Ora, se para serviço público de televisão já se dá ao trabalho de um mínimo de programação dirigida, porque não fazer também uma play-list?

Dessa forma, o povo avaliaria o gosto musical de quem o pretende impor aos portugueses. E no caso de não ser bem sucedido, pronto, escolhia-se nas próximas eleições um novo ministro entre candidatos mais bem preparado: o Malato, o João Chaves, o António Sérgio, o Sala, sei lá quem mais.