28.11.07

Fazer bebés III

Na área de comentários, Daniel Oliveira escreveu o seguinte:

Carlos, nunca ouvi ninguém dizer que não tem filhos por causa dos impostos. Mais vezes se fala da carreira, de não ter casa, etc. E depois há a qualidade de vida. As pessoas são mais exigentes. Para si e para os seus filhos. Por fim há a entrada das mulheres no mercado de trabalho.

Só me ocorre uma forma de criar condições não para que as pessoas queiram ter filhos mas para que os possam ter se assim quiserem: garantias de estabilidade de emprego e horários menos pesados.


Este comentário ilustra na perfeição o fenómeno conhecido por anestesia fiscal. Poucos relacionam as dificuldades na carreira, a falta de casa, de qualidade de vida, os problemas que as mulheres têm no mercado de trabalho, a estabilidade no emprego e os horários pesados com os impostos. À primeira vista estes problemas não têm nada a ver com o facto de o Estado levar 50% do rendimento de cada um. Mas, claro, se só levasse 25%, seriam 25% a mais para que cada um pudesse comprar uma casa mais cedo, tivesse melhor qualidade de vida, menos preocupações com a estabilidade no emprego e menos necessidade de aceitar horários pesados. Se as mulheres tivessem mais 25% de rendimento disponível de certezinha que estariam muito menos preocupadas com os problemas que têm na carreira. E se a economia privada tivesse mais 25% de rendimento, desenvolver-se-ia muito mais rapidamente.
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Como o Daniel não vê ligação entre impostos e os problemas que impedem as pessoas de ter filhos, propõe uma solução que passa pela criação de ainda mais impostos. Mas o que quer que o Estado faça para facilitar a vida das pessoas será sempre feito à custa de lhe dificultar a vida através do aumento dos impostos. Mas o socialismo é assim. É uma forma ingénua de olhar para a sociedade que esquece que todas as opções estatistas têm custos. Esquece que por cada euro gasto a criar garantias de estabilidade de emprego e horários menos pesados existe um euro cobrado às pessoas que se pretende ajudar. O efeito desse euro é, na melhor das hipóteses, nulo.