16.11.07

Um prémio para o status quo II

Creio que o Daniel Oliveira não percebeu muito bem este meu post. Nada tem a ver com o senhor em questão, mas com dois problemas essenciais do prémio promovido pelo ministério:

1. Nenhum júri tem capacidade para fazer comparações entre professores do secundário que leccionam em cidades diferentes, a não ser que compare apenas os que se notabilizaram, por razões que nada têm a ver com o ensino, entre o pequeno círculo de pessoas que controla a educação em Portugal.

2. O prémio é promovido pelo Ministério da Educação e portanto está politizado. Tenderá a reflectir a relação amor/ódio que os vários governos têm vindo a manter com os sindicatos de professores e com os pedagogos do eduquês.

Em nenhum local do post o Daniel encontra uma crítica ao mérito do professor que ganhou. O que lá está é uma crítica ao prémio atribuído cuja credibilidade é nula. Ah, e não vale a pena ao Daniel alegar que o júri é independente. O júri foi escolhido pelo Ministério. Se o Daniel quiser saber como é que se escolhem júris "independentes" eu explico-lhe. Outra coisa que o Daniel parece não querer compreender é que um júri que faz críticas ao ministério não é necessariamente um júri ideologicamente independente nem um júri capaz de ver para além do círculo limitado de pessoas que referi acima.

Ao ler o Daniel e outros comentários ao meu post anterior, percebo como funcionam os mecanismos perversos deste tipo de prémios. Como se trata de uma competição, as pessoas envolvem-se na discussão da competição. Se o professor mereceu, se não mereceu. Ninguém se questiona se um prémio como este, atribuído pelo governo, para distinguir uma actividade com as características das de professor faz sequer sentido. Aliás, para que a discussão sobre a competição fizesse sentido o que se teria que discutir era se o vencedor mereceu ganhar mais do que os restantes milhares de desconhecidos que também são professores. Ninguém está em condições de fazer essa avaliação, nem mesmo o júri.