9.8.04

O natural, o artificial e o espontâneo IV

No século XVII os cientistas e os filósofos começaram a tentar demonstrar a existência de Deus através de argumentos científicos. Um dos argumento mais usados na época, e que ainda hoje é utilizado, é o argumento do desígnio.



Segundo o argumento do desígnio, o universo não pode ter surgido por acaso porque a natureza está perfeitamente ordenada, como os seres vivos estão tão bem adaptados ao seu meio ambiente e como os organismos vivos estão tão bem concebidos que tudo parece funcional da perfeição Tanta ordem e tanta organização só pode ter sido criada por uma mente superior que pensou em todos os detalhes e essa mente só pode ter sido a mente de Deus.

O argumento do desígnio é atraente porque os seres humanos tendem a partir do princípio de que mecanismos complexos só podem ter sido concebido por uma inteligência. Não é por acaso que a maior parte das pessoas tende a pensar que coisas como o dinheiro ou as línguas naturais são criações humanas.

E no entanto, já são poucos os que nos meios intelectuais ainda defendem que o mundo biológico só pode ter sido criado por uma entidade superior. Charles Darwin mostrou que a ordem biológica pode ter surgido por selecção natural, um mecanismo que não requer qualquer plano inteligente. Mesmo assim, e como bem mostrou o filósofo Daniel Dennett alguns biólogos, entre eles Stephen Jay Gould, que não por acaso era marxista, continuaram a tentar encontrar um mecanismo alternativo qualquer que salve de alguma forma uma réstia de concepção por uma qualquer inteligência.