Passei as duas últimas semanas fora de Portugal. Longe dos blogs, longe dos jornais e dos telejornais portugueses e da caixa de e-mail. Quase noutro planeta, no que a Portugal diz respeito.
Ontem, mal saído do aeroporto, ligo o rádio do carro e ouço o repórter de serviço anunciar que o «primeiro-ministro» se prepara para fazer uma comunicação ao país. De repente, é a voz de Pedro Santana Lopes que surge no éter, com um discurso que me soou, simultaneamente, incoerente e dejá vu, a propósito de um «pacto de regime para a justiça» e de uma qualquer mudança dos Códigos Penal e do Processo Penal».
Primeiro choque: Pedro Santana Lopes? Então não era uma comunicação do primeiro ministro? A custo, lá consigo recordar-me que o Governo tinha mudado.
Segundo choque: um pacto de regime para a Justiça a meio de Agosto? Isto não é normal.
Começo depois a ouvir falar de «cassetes», de «cd's» e de demissões na Polícia Judiciária? Outra vez? penso. Não tinha havido uma onda de demissões, substituições e exílios forçados há poucas semanas? Vou-me tentando inteirar aos poucos do que se passou, mas confesso que ainda não percebi bem como é que umas cassetes alegadas desaparecidas da gaveta de um jornalista podem provocar tal onda de caos.
Entretanto, já hoje, descubro que o Director Geral dos Impostos continua em funções, apesar dos boatos que corriam sem o desmentido do Ministro das Finanças antes de me ter «desligado». E que a máquina fiscal começa a parecer querer funcionar.
Afinal, parece que ainda não está tudo louco. Parece...