25.1.05

Cegada

A proposta de Sócrates de reduzir 75 mil postos de trabalho na função pública, mediante a fórmula de por cada 2 reformados admitir um novo funcionário, é estúpida.
Veja-se: não se sabe (ou não é dito, mas acredito mesmo que não se sabia...) em que serviços e sectores de actividade os tais 150 mil funcionários irão reformar-se. Ou para que sectores irão ser admitidos novos funcionários. É uma proposta e uma fórmula cega. Defende que o funcionário público é um indiferenciado. Tanto faz sair um médico como um administrativo. Vai dar na mesma. Se se reformarem 1000 médicos, apenas entrarão 500. Se se reformarem 1000 administrativos, entrarão 500. Sejam ou não necessários. Uma coisa é certa: os contribuintes, ao final de 4 anos, passarão a pagar, para além das reformas daqueles 150 mil funcionários, mais 75 mil, novos salários. E como não se procedeu a uma política de gestão de recursos humanos baseada nas necessidades e na eficácia, o custo será ainda superior, pois que certos serviços continuarão com pessoal excedentário e uma prestação ineficiente, e outros verão agravadas as condições de laboração por falta de recursos.
Tivesse sido outro líder a propor tal medida e o que não choveriam de críticas de «neo-liberalismo», «economicismo», «medida cega», «não atender às necessidades e às pessoas» e outros chavões. Mas como vem de um socialista....
Mas o que de facto impressiona, é que Sócrates sendo e estando acompanhado de tantos ex-gestores do Estado (ministros, secretários, adjuntos, etc.) que têm o dever de conhecer bem a máquina estatal, não consigam apresentar um plano de reestruturação da administração publica, pelo menos em linhas gerais, recentrando as funções do Estado, apontando áreas onde a mesma deverá ser diminuída outras onde eventualmente deverá ser reforçada e para cada uma dela indicar números, objectivos, recursos, custos, ganhos de eficiência. Assim sendo, completamente desenquadrada, esta proposta é apenas mais um chavão, uma coisa oca e potenciadora de um ainda maior desperdício e ineficácia.