31.1.05

Linguagem e eleições

Sofia Lorena, no Público, ao referir-se aos assassinatos e atentados bombistas utiliza as expressões: «insurreição», «revolta» e «rebelião». Apesar de o mais conhecido líder ser um jordano de nome Zarqawi, a autora concluiu que a dita «insurreição» é de cariz nacionalista e doméstica.
Bom, aqui está uma prova de como a ideologia pode condicionar a forma como se apresenta a realidade.

CMC, pergunta «como pode haver eleições democráticas e esquecer a realidade iraquiana, com 135 mil soldados norte-americanos no solo iraquiano?
A ocupação militar e a existência de actos democráticos e livres não são realidades incompatíveis. Uma coisa é a dúvida teórica e outra a realidade. A História tem demonstrado que em todas as ocasiões em que os povos tem oportunidade para manifestar eleitoralmente a sua vontade, a ocupação militar do território não constititu impedimento. Porque a vontade do povo é de facto soberana e não delega em ninguém a sua manifestação.
Sempre que alguém defende que não existem condições ou que o povo não está preprarado para votar, invariavelmente, os povos demonstram o contrário.
Foi assim recentemente nos territórios militarmente ocupados do Afeganistão e Timor Leste. E também em tempos um pouco mais recuados, na Alemanha, no Japão, na Itália e na França ocupadas militarmente pelas tropas dos EUA, nos anos 40 do século XX.