27.9.06

Oposição ao Empresariado II

A própria ideia de uma oposição ao empresariado é uma perversão do sistema democrático. Numa democracia quem tem poderes públicos é eleito para representar os interesses do eleitor. É natural que o eleitor peça contas a quem gere mal os assuntos públicos. E é natural que o eleitor faça propostas em públicos para resolver problemas públicos. Mas o empresariado, uma classe difusa e heterogénea, não tem poderes públicos nem representa o eleitor. Os empresários pagam impostos para que os eleitos cuidem dos seus interesses e não o contrário. Os empresários não devem nada ao eleitorado e como tal são apenas responsáveis perante os seus clientes e parceiros de negócios. As críticas e pedidos de contas ao empresariado são absurdas, quer porque a função de empresário não é uma função pública, quer porque a actividade se encontra aberta à concorrência.
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Um pedido de responsabilidades públicas a entidades privadas é uma inversão total das relações entre governantes e governados e dos princípios de responsabilização dos eleitos. De repente são os defensores dos governantes que pedem contas aos governados, quando deveria ser ao contrário. São os governantes que são pagos para exercer uma função que visa proteger o interesse dos governados. Não são os governados que têm a obrigação de fazer o que os governantes ou outros governados querem que se faça.