25.1.07

economia da fertilidade


Em 1800 cada mulher na Europa (à qual se refere o gráfico) dava à luz, em média, 7 filhos. Em 1990 este número tinha caído drasticamente para 2. E, desde então, continuou a caír e é agora de cerca de 1.5.

A razão principal para esta tendência é de natureza económica.

Numa sociedade predominantemente agrícola e pobre como era a Europa até à Revolução Industrial, os benefícios para uma família que resultavam do nascimento de mais um filho eram de duas ordens: primeiro o filho era, às vezes desde a mais tenra idade, a mão-de-obra gratuita da pequena economia familiar, ajudando o pai nos trabalhos agrícolas e, no caso das raparigas, ajudando a mãe nos trabalhos domésticos; em segundo lugar, não existindo pensões de reforma nem segurança social, os filhos eram o sustento dos pais quando estes atingiam a velhice. Os custos de ter um filho, pelo contrário, eram bastante reduzidos e resumiam-se na maior parte dos casos aos custos de o alimentar e o vestir (frequentemente com as roupas dos irmãos mais velhos).###

Não surpreende que, sendo os benefícios consideráveis e os custos reduzidos, as famílias tivessem muitos filhos. A situação alterou-se a partir da Revolução Industrial e a alteração prolongou-se com o advento da economia dos serviços que caracteriza a sociedade moderna. Pai e mãe passaram a assalariados, primeiro na fábrica, mais tarde, no escritório. Esta circunstância aumentou o custo de ter filhos, porque agora era necessário pagar a alguém que tomasse conta deles; a partir de certo número, deixava mesmo de compensar a um dos pais (geralmente, a mãe) trabalhar fora de casa - assim perdendo os benefícios de uma carreira profissional e os rendimentos dela resultantes.

Ao mesmo tempo que os custos de ter filhos aumentava, os benefícios que os pais poderiam retirar dos filhos diminuiam drasticamente. De uma economia familiar que era predominantemente agrícola e doméstica, e onde os filhos constituiam a mão-de-obra gratuita, evoluiu-se para uma economia baseada numa relação assalariada, onde os filhos não tinham qualquer interesse para a actividade produtiva dos pais; e, em simultâneo, o desenvolvimento dos esquemas estatais de segurança social, tornou os filhos irrelevantes para assegurarem o sustento dos pais na velhice.

Os custos de ter filhos aumentaram, os benefícios diminuiram. O resultado era inevitável: as mulheres iriam ter menos filhos. Famílias numerosas continuaram a ser típicas nos países pobres - em África, por exemplo, cada mulher tem ainda, em média, 7 filhos -, enquanto que nos países ricos da Europa, da América do Norte e da Asia, a média baixou para 1,5 filhos por mulher.