Quando era pequenino, sempre que um menino chorava, o Luís apontava-lhe o dedo e gritava "Maricas! Maricas!". Quando jogavam à bola e o seu guarda-redes sofria um golo, logo o Luís gritava "Frango!". E quando o avançado da sua equipa falhava um golo, o Luís vozeava um potente "NABO!", mesmo que a bola passasse a rasar o poste num remate de bicicleta fora da área. Quando a sua equipa ganhava, o Luís calava-se e partilhava os louros, mas quando perdia, subia para um palanque a listar os erros cometidos pelos colegas. Quando havia uma qualquer luta, o Luís gostava de ficar de fora a incitar os colegas. Se o adversário caísse no chão, o Luís era o primeiro a galgar para o meio do grupo e a pontapear energicamente o derrotado. Se, pelo contrário, fosse o amigo do Luís a cair, logo se afastava argumentando que a luta tinha sido mal conduzida e explicando o que é que deveria ter sido feito para ganhar. O Luís é daqueles que nas eleições da escola, votava sempre em segredo nos adversários, para minimizar as vitórias dos que o rodeiam.
É este Luís que quer ser chefe de turma, para mais tarde chegar à Associação de Estudantes. Tem hipóteses. Experiência não lhe falta.