«A discriminação dos idosos (48 por cento) é, aliás, uma das características mais alarmantes das sociedades contemporâneas, em que a falta de solidariedade, a falta de memória e a falta de respeito pelas pessoas atinge, sobretudo, os seres mais fracos e enfraquecidos. Este drama é agravado em Portugal pelos baixos rendimentos que os idosos auferem, com reformas e pensões miseráveis e onde muitos milhares não passam fome devido à rede de apoio social lançada pelos governos de António Guterres.» São José Almeida, PÚBLICO
Mesmo deixando de lado os elogios à «rede de apoio social lançada pelos governos de António Guterres» cabe perguntar se São José Almeida alguma vez terá lido um jornal português dos anos 20, 30 ou 40 do século XX.
Esta tese dos idosos muito respeitados nos fabulosos tempos de antanho é uma das mais disparatadas ideias feitas usadas a torto e a direito para dizer mal dos tempos presentes. Em primeiro lugar os idosos quase não o chegavam a ser. Morria-se muito cedo. E no caso das mulheres os inúmeros partos e abortos transformavam qualquer mulher de trinta anos numa quase idosa. A isto há que juntar as dificílimas condições de vida. A ausência de medicamentos eficazes... Os idosos tal como os adolescentes são 'categorias' contemporâneas. Existiam sim os velhos. Eram poucos como disse. Respeitados em alguns casos. Odiados noutros. Folheiem-se os antigos livros da escola primária e encontram-se textos terríveis como os do filho que foi levar o pai ao cimo do monte para o deixar lá. A fazer o quê? À espera da morte.