12.7.07

Pois é, pois é... (III)

Caro Gabriel,
Esse site tem, de facto, uma versão diferente das declarações - estou a ver que o ministro Santos Silva até tem razão e os jornalistas, esses malvados, precisam de rédea curta...
Mas, ainda assim, não me parece que o sentido reivindicativo da pose tenha mudado substancialmente. Aliás, seria um exercício jornalístico bem curioso saber o montante dos apoios públicos de que a igreja tem beneficiado nos últimos anos. Por exemplo, quanto dinheiro recebeu a U. Católica e comparar com o que não terão recebido as outras Universidades não públicas.
Depois há a questão da Concordata - está assinada e ainda não regulamentada. Mas esse acordo nunca devia ter sido feito. Para mim, a Concordata está no sentido oposto da interpretação razoável do espírito do art. 41.º da CRP - julgo-a materialmente inconstitucional já que subalterniza as demais confissões religiosas relativamente à ICAR. Portugal deveria denunciá-la e aplicar integralmente a Lei da Liberdade Religiosa.
Claro que isso não irá acontecer, todos o sabemos. A ICAR, com a sua sabedoria milenar, sobrestou nas suas exigências até ao momento em que o Governo começou a resvalar - e logo atacou no modo e no tempo certo (o pormenor político das vésperas das eleições em Lisboa é deliciosamente revelador). O Governo tem falta de margem e está desprovido de nervo para fazer frente ao poder reivindicativo daquela organização. E vai ceder em toda a linha, sobretudo nos dinheiros. Como dizia o outro, 'é hoje!'