16.8.07

Fora de Tempo

Uma das grandes vantagens dos dias de Verão é a independência dos relógios e dos calendários. Foi assim que, esta manhã, não sei bem a que horas, ali pelos lados da praia de Adão e Eva, fora de tempo, peguei num jornal de ontem.

Dois artigos de opinião coroavam uma edição cheia de notícias próprias da silly season. Dois revolucionários representantes duma extrema-esquerda fora de tempo, respondiam a artigos de José Manuel Fernandes e de Vasco Pulido Valente. Um, ao mesmo tempo que se embalava numa defesa cega das atitudes do proto-ditador venezuelano, proclamava o iliberalismo económico numa demonstrativa iliteracia símbólica de pensamentos das décadas em que nas universidades ainda se ensinavam planos quinquenais. Outro, fradesco até mais não, indignado por lhe terem chamado fradesco, defendia-se apenas a si próprio em homilia e tentativa pindérica de alcançar a verve do quem a ele tinha dedicado um artigo. Para o fradesco que não quer ser fradesco, só o ridículo nunca fica fora de tempo.

O jornal lido fora de tempo, também falava de um homem que parece nunca ficar fora de tempo. Rui Costa.