Vale a pena analisar os indicadores de qualidade disponibilizados pela AEA (Association of European Airlines) numa base plurianual, para se aferir o nível de serviço miserável que a TAP nos "garante". No quadro ao lado (clicar para aumentar) estão sintetizados os dois indicadores que a AEA compila - extravio de bagagens e pontualidade - cobrindo os anos de 2003 a 2006 e os 2 primeiros trimestres de 2007.
O indicador relativo às bagagens diz-nos o número de malas extraviadas por 1.000 passageiros. Quanto menor ele for, maior a eficiência da companhia. Não significa a perda definitiva da bagagem: em média, cerca de 85% das bagagens extraviadas são recuperadas e entregues ao passageiro nas 48 horas seguintes. Apenas 0,46 malas por 1.000 passageiros jamais são recuperadas (dados de 2005 a nível mundial).###
O índice de pontualidade diz-nos a percentagem de voos que partiram ou chegaram "à tabela", considerando-se que tal acontece se o atraso não ultrapassar os 15 minutos face à hora prevista. Neste caso, quanto maior o valor, maior a pontualidade da empresa.
No quadro comparam-se, para cada indicador relativo a determinado período, os valores apresentados pela TAP com os da melhor e pior companhia (que se indicam), bem como com a média de todas as companhias integrantes da AEA (índice global AEA).
Em geral, pode considerar-se que a qualidade do serviço aéreo se vem gradualmente degradando ao longo do tempo, a que não será alheio o boom que a aviação comercial atravessa, já totalmente recuperada dos efeitos do 11 de Setembro. Porém, a TAP mostra uma degradação bem mais acentuada, distanciando-se cada vez mais da média AEA e ostentando vergonhosamente vários últimos lugares. No longo curso entra mesmo no campo da insolência, com bem mais de metade dos voos a partirem ou a chegarem atrasados. Se é esta a grande aposta da TAP, designadamente nas rotas para o Brasil, não tardará a perdê-la para concorrentes mais eficazes.
Verifica-se que os lugares cimeiros são sempre ocupados por empresas de menor dimensão e que as majors apresentam desempenhos entre o mediano e o mau, em grande medida por força da sua estratégia baseada no feeding em grandes hubs, factor de enormes congestionamentos. A este propósito, refira-se que 61% dos extravios de bagagens acontecem com passageiros em conexão.
Naturalmente que a análise da qualidade de uma companhia aérea não se esgota nos dois indicadores referidos. Noutras vertentes, como a diversidade de rotas, a rapidez nos transbordos, os programas de fidelização por pontos ou o serviço em terra, as majors apresentam alguns trunfos. Já no serviço a bordo, programas de entretenimento ou qualidade do catering, a minha experiência pessoal (estatisticamente irrelevante) com várias companhias em turística, aponta para uma generalizada mediocridade.
Estatísticas mais detalhadas disponíveis aqui.