Distingo entre os que reconhecem um erro e se esforçam por não o voltar a cometer e aqueles que nele persistem, caem em estado de negação, recusando a evidência do engano.
Concretamente, sobre a inegável falência do modelo social europeu e as observações de Cavaco Silva, pergunto-me em que lugar este se passará a situar. Nas últimas décadas as soluções do Estado Social revelaram-se discrepantes com a realidade – hoje, pouco mais temos do que um ‘modelo fiscal’ que tudo asfixia e cuja voracidade está perto do limite. Mas, na política, o óbvio só o consegue ser muito depois de afirmado.
Há quem não se aperceba da mudança. Quem a consiga detectar mas falhe na análise da sua dimensão. E os que a atingem mas fingem nada se passar porque a perspectiva não lhes é agradável.
Se Cavaco tivesse declarado o que agora disse há 12 anos talvez ainda fosse a tempo.
* Publicado no Correio da Manhã em 7. IX. 2007
