12.9.07

Os donos da obra - uma notícia a ler por razões óbvias

Empresas portuguesas chegaram tarde às obras da Expo de Xangai
Maior parte das infra-estruturas já está adjudicada

As empresas portuguesas de construção civil já não terão oportunidade de obter encomendas no quadro da Expo de Xangai 2010, uma das maiores obras públicas em curso na China. Foi essa uma das mensagens do subdirector-geral da exposição, num encontro com construtoras portuguesas no quadro da visita oficial da secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino.
Embora o sector portuário seja o principal foco desta delegação - com contratos e acordos já garantidos - seguem na comitiva representantes de algumas de construtoras nacionais - Grupo Mota-Engil (via Tertir), Somague, Edifer, Bento Pedroso e Irmãos Cavaco, com o objectivo de estabelecer contactos exploratórios.
A ida à Expo de Xangai era uma das iniciativas para explorar essas oportunidades. No entanto, na primeira fase da construção, já não haverá grande possibilidade de contratos, na medida em que a maioria das infra-estruturas está adjudicada e em fase de construção. "É um pouco tarde para as empresas portuguesas entrarem na Expo", disse Huang Jianzhi, quando questionado sobre como poderiam as construtoras nacionais ter informação sobre eventuais concursos ou encomendas. As grandes obras já foram entregues ao nível do projecto e engenharia a empresas dos Estados Unidos, França, Reino Unido, Japão e mesmo a Espanha. A construção propriamente dita fica a cargo de empresas chinesas, que têm custos de mão-de-obra muito mais competitivos que as portuguesas, explicou.
As oportunidade que sobram nesta primeira fase estão centradas nos pavilhões nacionais, projectos a empresas dos próprios países. Portugal ainda não escolheu o comissário que vai chefiar a representação nacional, uma das mais de cem presenças na exposição internacional dedicada à qualidade de vida nas cidades.Oportunidades na 2.ª fase Para as empresas portuguesas há ainda oportunidades na segunda fase do projecto, pós-exposição internacional, até porque a Parque Expo assinou um contrato de consultoria com a Expo de Xangai para ajudar a desenvolver a componente imobiliária. No entanto, esta empresa pública não estava representada na delegação, nem os responsáveis da Expo de Xangai detalharam o que está previsto em termos de exploração imobiliária pós-exposição, onde ficarão cerca de 30% das infra-estruturas que vão ser construídas numa área que é cerca de uma vez e meia da Expo'98, mesmo no coração da cidade de Xangai.
Ana Paula Vitorino desdramatizou, em declarações aos jornalistas, a recepção aparentemente pouco entusiasta em relação ao interesse dos chineses no investimento português nesta área, considerando que foram deixadas pistas de oportunidades para as empresas nacionais que estas podem aproveitar, para além da Expo 2010. A governante lembra que a construção é um dos alvos do memorando de entendimento assinado esta semana para o reforço das relações comerciais entre os dois países e que, acredita, permitirá a nível político abrir canais de contacto junto dos donos de obra, a maioria dos quais são empresas do Estado.

http://dn.sapo.pt/2007/09/12/economia/empresas_portuguesas_chegaram_tarde_.html