O caso do assalto em Viana do Castelo conseguiu causar um verdadeiro turbilhão e confusão.
A tal ponto que os enganos e desinformação das próprias forças policiais levaram o ministro Rui Pereira a afirmar ontem, em pleno parlamento que «a policia deu o corpo às balas e que os assaltantes tinham sido todos detidos».
Uma informação errada, de que não é responsável pois foi enganado pela própria polícia, tendo hoje mesmo a PJ determinado a realização de um inquérito urgente.
Mas tentemos desde já seguir o filme daquilo que foi sendo dito:
1. Às 12,45 a Lusa avança com uma notícia sobre o assalto, a fuga dos assaltantes e a existência de 4 feridos. A mesma notícia, foi sendo actualizada sem grandes acrescentos ás 13.01 e às 13.52.
2. Entretanto, pelas 14.26 horas surge a indicação da existência de dois feridos com bala, um dando entrada em Santo Tirso e outro na Trofa. As declarações da GNR são inicialmente ponderadas, afirmando «não saber se existe relação com o assalto de Viana».
Em princípio o tiroteio de Santo Tirso terá resultado, segundo a GNR, «de um desentendimento entre os envolvidos».
3. 15.10 começa a confusão:
Uma fonte da PJ dá conta à Lusa que há «3 detidos e um morreu»
4. Às 15.30: «O presidente da câmara de Viana afirma «"A polícia reagiu bastante bem e a prova é que foi atrás deles e dois já foram apanhados", disse o autarca citando informações que recolheu junto das autoridades».
Entretanto, fonte da Polícia Judiciária adiantou à Lusa que três dos assaltantes foram detidos e um quarto morreu.
A troca de tiros que ocorreu na sequência deste assalto causou ainda ferimentos em mais quatro pessoas, um agente da PSP e três civis que passavam no local.»
5. . 16.50, os números disparam para um morto e seis feridos: «Um assaltante morto a tiro e outro em "estado muito grave", dois polícias feridos, um deles com uma bala na coluna, e três transeuntes feridos». O ferido grave – um agente com uma bala na coluna foi para Braga e dali transferido para o Porto.
E o ferido por bala de Santo Tirso permanece na unidade hospitalar daquela cidade.
6. Às 18,50 os assaltantes são indicados como sendo do Vale do Ave. O intendente Martins Cruz, comandante da PSP de Viana do Castelo, refere ter informação sobre a existência de um morto.
Mas persistem dúvidas: na mesma notícia se refere que «Da troca de tiros resultaram cinco feridos, um dos ladrões e um agente da PSP, que se encontram internados no Hospital de São João do Porto e três civis, que foram assistidos no Hospital local e que se encontram livres de perigo»
8. Pelas 21.06 afirma-se que os feridos são «um dos ladrões e um agente da PSP, que se encontram internados no Hospital de São João do Porto e três civis, que foram assistidos no Hospital local e que se encontram livres de perigo.».
9. . Já o Jornal de Notícias pela manhã de hoje afirma que «Logo após o assalto, houve uma troca de tiros com a polícia que provocou cinco feridos, dois agentes da PSP e três transeuntes».
E que um dos transeuntes está em Braga, em estado grave.
10. Hoje, às 10.58 fica-se a saber que 3 feridos – um agente policial e dois transeuntes «já tiveram alta», mantendo-se «ligado à máquina» um ferido grave no S. João, suspeito de ser um dos assaltantes e que terá sido levado incialmente para a Trofa e dali para o Porto. Dá-se indicação de mais 4 feridos: um agente e 3 transeuntes, um dos quais internado ainda em Braga.
11. Às 11.49, o baleado de Santo Tirso foi transferido para Braga e nada teria a ver com o assalto de Viana..
A descoordenação de informação de 4 forças policiais envolvidas: PJ-Braga e PJ-Viana, PSP e GNR é preocupante. A provável existência de dois incidentes independentes, com tiros em regiões próximas terá ajudado a baralhar as coisas.
Mas, passado um dia e meio, referidos 5 hospitais (Viana, Braga, Santo Tirso, Trofa e S. João), um número variável de feridos ligeiros e graves, com acrescidas discrepâncias sobre a sua qualidade (suspeitos, agentes ou civis), é verdadeiramente incrível, como nem as forças policiais, nem os jornalistas conseguem informar correctamente e com precisão o que verdadeiramente aconteceu.