19.11.07

O melhor é não se noticiar nada

Porto, 19 Nov (Lusa) - O funcionário que regressou no início de Outubro à Escola EB 2,3 Leonardo Coimbra (filho), no Porto, após três meses de suspensão, negou hoje que tenha ameaçado colegas, professores e alunos com um machado.
«Ao contrário do falsamente propagandeado, o funcionário de manutenção, Mário Rodrigues, não ameaçou colegas, professores e alunos com um machado» em 09 de Março, afirma o seu advogado, Francisco Espinhaço, num comunicado enviado à agência Lusa.
Francisco Espinhaço salienta que, «ao invés, nessa data, Mário Rodrigues foi insultado e agredido na própria escola onde trabalha» há 18 anos.
«Por isso reagiu e acabou por apresentar queixa junto da entidade policial. É este o único processo-crime que está a decorrer: o Mário como queixoso», afirma o advogado.
Sustenta ainda que «foram instaurados outros processos disciplinares, alguns deles mesmo a elementos do próprio Conselho Executivo» da Escola Leonardo Coimbra.
Para o representante legal do funcionário, «os julgamentos em praça pública nunca resultaram em justiça» e «a especulação jornalística nunca engrandeceu o património da comunicação». ###
«A DREN [Direcção Regional de Educação do Norte] bem sabia que os problemas já vinham de trás. Eram várias as exposições e queixas que iam aí chegando, censurando a actuação do Conselho Executivo e as irregularidades cometidas na escola», realça Francisco Espinhaço.
«A demissão de alguns elementos desse órgão não foi motivada pelo funcionário Mário. Da mesma forma, o caos que reina na escola nada tem a ver com o seu regresso ao trabalho», acrescenta o advogado, frisando que o seu cliente «está indignado" com o que "acerca de si foi escrito e falado na comunicação social».
A versão do advogado sobre o que se passou em 09 de Março contraria as informações dadas por Margarida Moreira nesse dia.
Em declarações à agência Lusa em 09 de Março, Margarida Moreira afirmou que «o funcionário pegou num objecto contundente e ameaçou várias pessoas, mas acabou por se ferir a ele mesmo quando partiu um vidro com a mão».
«É uma situação inaudita e totalmente inadmissível. Acabei de assinar o despacho de suspensão do funcionário e garanto que o senhor não regressa à escola enquanto não estiver em condições», afirmou então a responsável.
Depois de cumprir a suspensão de 90 dias e de gozar um mês de férias, o funcionário regressou à escola no início de Outubro sem que o processo disciplinar estivesse concluído.
Contactada quinta-feira pela Lusa, a directora do Gabinete Jurídico da Inspecção-Geral da Educação (IGE), Paula Madeira, referiu que «o processo ainda está em curso e está numa fase final».
Paula Madeira afirmou que a decisão do inquérito será tomada pelo "membro do Governo com competência» na matéria.
«Não há prazos concludentes, só prazos ordenadores", afirmou Paula Madeira, referindo-se ao tempo previsto na lei para conclusão de inquéritos disciplinares.
Vários menores partiram, sexta-feira, à pedrada três vidros da Escola Leonardo Coimbra, num incidente alegadamente relacionado com o regresso à escola de Mári.o Rodrigues, noticiado na véspera pelo Jornal de Notícias e depois por outros órgãos de comunicação social.
Contactada então pela Lusa, a directora regional de Educação do Norte confirmou o incidente e atribuiu-o ao momento «complexo» por que passa a escola.
«A visibilidade dada [na comunicação social] ao caso de um funcionário provocou alguma perturbação e criação de facções», disse Margarida Moreira, garantindo que, no entanto, "foi tudo controlado".


Esta notícia é um retrato em tempo real do modo de funcionamento dos bastidores do ministério da Educção.
A IGE a quem cabia fazer o inquérito declara que «Não há prazos concludentes, só prazos ordenadores"
Margarida Moreira, directora regional de Educação do Norte, afirma que «A visibilidade dada [na comunicação social] ao caso de um funcionário provocou alguma perturbação e criação de facções».
O funcionário acusado de agressão «está indignado" com o que "acerca de si foi escrito e falado na comunicação social».
Quase se pode concluir que a culpa é das notícias. E na escola o que se passará? O que fazem os alunos?