Aeroporto de Lisboa, 9 horas da manhã. Enquanto espero e desespero graças aos habituais atrasos da TAP passeio pelas lojas da área dos voos internacionais.
Deparo-me com uma que não conhecia: chama-se "Football-qualquer-coisa". Na montra três bonecos de madeira ostentam o equipamento da selecção, do Benfica e do Sporting. Tento encontrar as cores do campeão. Nada.
Entro e pergunto a umas meninas cuja expressão facial exprime o mesmo tipo de sagacidade dos manequins da montra.
- Há aí alguma coisa do Porto? - pergunta uma à outra, dizendo-me logo sem esperar a resposta - Acho que sim, há aí qualquer coisa.
- Deixe lá, não se mace - disse, gelado - Mas diga ao seu patrão que os estrangeiros que passam por aqui e gostam de futebol não fazem a mínima ideia de quem são aqueles equipamentos da montra. Sabe, aquelas equipas já não ganham nada na Europa desde o tempo em que eu nasci. O F. C. Porto, só nos últimos 2 anos, ganhou duas Taças Europeias - logo, os estrangeiros que gostam de futebol são capazes de estar mais interessados no actual campeão europeu do que nas outras.
Elas ficaram naquele silêncio atemorizado dos néscios perante o que não conseguem compreender. Saí.
No mesmo dia, cerca das 5 horas da tarde, passeio pelas ruas de Estocolmo. Os meus olhos são atraídos para uma loja de artigos desportivos com uma montra monumental. Tem as camisolas dos principais clubes europeus. Ao centro, em lugar destacado, está a do Futebol Clube do Porto. Por baixo, a legenda: "Winner of the Champions League 2003/2004".
Respirei fundo. Estava em casa - como estou em quase todo o lado, excepto em Lisboa.