Corinne Maier é uma francesa sobre-educada e sub-ocupada que escreveu um elogio à preguiça que rapidamente se tornou num best seller em França. Corinne Maier defende que, dado que o mercado de trabalho está tão condicionada pela mentalidade socialista, só os tolos é que se esforçam. E por isso aconselha os seus leitores a preguiçarem durante o expediente.
José Manuel Fernandes diz que Corinne Maier parte de uma premissa certa (as leis laborais francesas são mesmo socialistas) para chegar à conclusão errada. José Manuel Fernandes acha que Corinne Maier devia apelar à ética do trabalho, tudo em nome da grandeza da França. Segundo José Manuel Fernandes, os franceses até poderiam preguiçar à vontade se não fosse a concorrência externa (ninguém escapa à mentalidade socialista).
Ora, o que José Manuel Fernandes não percebeu é que Corinne Maier se limita a fazer aquilo que Ayn Rand disse que deviam fazer todas as pessoas com o mínimo de talento numa sociedade semi-socialista: greve. Foi isso, aliás, que os russos, os polacos, os húngaros e alemães de leste fizeram durante décadas.
Corinne Maier faz ainda melhor. Nutre pela França os mesmos sentimentos que Ferro Rodrigues pelo segredo de justiça. Como tem o sentido da ironia que falta a José Manuel Fernandes, durante as poucas horas em que é suposto estar a trabalhar (20 hostas por semana, pelas quais recebe 2000 euros) vai escrevendo best sellers às custas da pública Electricité de France.
PS. José Manuel Fernandes ainda diz que a solução para tudo isto é a Estratégia de Lisboa. Santa ingenuidade. A estratégia de Lisboa é a única que permite que os sobre-educados continuem sub-ocupados. Mas agora com acesso à net em banda larga.