23.12.04

FALTA DE VERGONHA (I)

Sente-se, nesta quadra natalícia, uma estranha sensação no ar: Portugal está mergulhado num ambiente geral insólito, marcado por acontecimentos bizarros e pouco ortodoxos e que têm, entre si, um ponto comum: uma despudorada FALTA DE VERGONHA!...como, de resto, muito claramente o Blasfemo João Miranda evidenciou, aqui, a propósito do estranho caso do marketing ao OGE de 2005, feito com toda a "naturalidade" (falta de vergonha) e como quem não quer a coisa, pelo Governo!

Mas, antes de tentar perceber mais sobre a incomodidade que, em termos políticos, se sente em Portugal, dei comigo a pensar noutras sistemáticas "faltas de vergonha" que, por mais habituais e recorrentes que sejam e que ocorram entre nós, não deixam de ter um sentido. Passo a explicar-me:

Vem isto a propósito do futebol. O futebol (muito ou pouco importante, não interessa agora) que, entre nós, tem o caracter de "amostra sociológica".

Anteontém, houve um estranho jogo, para a Taça de Portugal, entre o Benfica e a Oliveirense (3ª Divisão). Não adianta "chover mais no molhado": houve uma (habitual, para quem acompanha aquele árbitro) tremenda "falta de vergonha", no que se passou em campo. Objectiva. Assinalada, com timidez, apesar de tudo, por quase todos os órgãos de comunicação social.
Ontém, houve um jogo entre o FCPORTO e o Marítimo. O Porto jogou (como vem sendo habitual) mal; porém, o Marítimo não jogou melhor!
O golo do Porto, que deu o empate ao jogo, resultou de um lance corrido que nenhuma dúvida, em campo e no momento, levantou a ninguém. Até mesmo porque o passe (de Bosingwa) foi feito para trás, sendo o jogador do Porto acompanhado, em paralelo, por um defesa do Marítimo. O marcador, Luis Fabiano, estava adiantado em relação ao seu marcador directo, mas não relativamente ao tal outro defesa que, do lado direito do ataque do Porto, acompanhava Bosingwa. Como, numa fugidia e única imagem (repetição) da SPORT TV se viu...
Pois, aqui d'el Rei, hoje, a imprensa, de um modo geral, com o claro intuito de "branquear" a "falta de vergonha" do Benfica-Oliveirense, da véspera, acha, afirma, decreta, que o golo foi em off-side e, sem o qual, (et pour cause) o Porto deveria ter perdido! E já nem falo da delirante crónica da SIC, feita por um jornalista da Madeira e na Madeira (também já é habitual a "falta de vergonha" desses jornalistas que, por subserviência ou por cegueira regionalista, acham invariavelmente que as equipas da Madeira merecem sempre ganhar!)

Conclusão: afinal, a influência do futebol na política é muito maior do que aquilo que se pensa. A vida políitca actual, copiou os métodos da SEM VERGONHICE futeboleira nacional!