24.1.05

ADMINISTRAÇÃO POLÍTICA DO ESTADO

Curiosamente, sobre o pessoal que constituí a administração política, nunca ninguém fala, nem faz diagnósticos ou promessas. Como autênticos «zombies» ou vampiros frente ao espelho, estes «homens de Estado» passam sempre incólumes a reparos, observações e sugestões reformadoras.
E não estamos a falar propriamente em pouca gente. Se pensarmos na administração política central e local, nos 8.000 postos de nomeação directa em função da confiança política e partidária, dos 230 deputados à Assembleia da República, dos ministros, secretários e sub-secretários de Estado e, sobretudo, nas suas vantagens e privilégios por se dedicarem a essa nobre e desinteressada actividade, como as reformas ao fim de oito anos de serviço na Assembleia, percebemos que aqui se encontra parte importante da fatia gasta pelo Orçamento no sector Estado, cuja clara quantificação é ignorada pela cidadania. A agravar esta situação, há que ter em conta a ramificação do pessoal político para o sector empresarial do Estado. Ou seja, quem não tem lugar político (ou já teve e não quer ou não pode continuar) passa para a «gestão empresarial», para os inúmeros conselhos de administração, com funções executivas (os menos ineptos e mais trabalhadores) ou não executivas (os que só sabem mesmo fazer comícios e colar cartazes).
Num país exigente, quando tanto se fala na reforma da administração pública em véspera de eleições, seria de bom tom que os políticos e os partidos se pronunciassem sobre o assunto.