19.1.05

FREE TRADE ÜBER ALLES

Depois de ter pensado um pouco mais, restam ainda algumas dúvidas:

- Se houver free trade com um país onde existir a escravatura deveremos entender que se limita a ser um assunto "deles", que ninguém mais se deve importar com isso e que a criação de riqueza conseguirá ultrapassar esse pormenor no fim de algumas gerações?

- Em caso afirmativo e como os demais países têm de concorrenciar mesmo nessas condições desiguais, (e considerando, também, um certo pessimismo antropológico) não se colocará racionalmente a hipótese de ser o exemplo da escravatura que obterá reconhecimento e não o da criação de riqueza através do comércio livre entre pessoas livres?

- A ser assim, será curial presumir que o valor absoluto do free trade deverá afastar qualquer tentação da civilização ocidental de limitar no seu próprio espaço a criação exponencial de riqueza através da sujeição de outras pessoas (por exemplo, condenados, apátridas, emigrantes ilegais, sei lá, etnias com menor produtividade...) a um regime de escravatura?

- Por favor, elucidem-me acerca destas questões através das exegeses interpretativas dos ditames oraculares de Bastiat, Ricardo, Smith, Cobden e Rothbard que, como é por todos consabido, estão para o liberalismo como os vetustos Gaio, Paulo, Papiniano, Ulpiano e o inolvidável Modestino, da Lei das Citações, estavam para os tribunais romanos.