18.1.05

Não é liberalismo, mas para lá caminha

Meu Caro CAA, também não eram nada liberais as condições de trabalho na 1ª revolução industrial. Mas quem passou por elas preferiu-as então aos rigores do trabalho agrícola. E foi a acumulação de riqueza propiciada pela dita revolução que permitiu melhorá-las exponencialmente, passar para a sociedade pós-industrial e atingir o nível de prosperidade e bem estar ímpares de que hoje usufruimos.

Os chineses aspiram a ter idêntica evolução e estão no seu direito. Mas nós estamos a pretender que um País num estádio de desenvolvimento do século XVIII, queime todas as etapas e garanta as regalias laborais e sociais vigentes no ocidente no século XXI e que foram sendo conquistadas ao longo de mais de 200 anos. Estamos, no fundo, e de uma forma perfeitamente hipócrita, a pretender criar uma barreira não tarifária para impedir a concorrência.

A alternativa a não abrirmos o comércio com a China e com todos os países do 3º Mundo é sermos invadidos pelos seus povos à procura de melhores condições no el dorado do ocidente - há 100 milhões no norte de África prontos para atravessar o estreito de Gibraltar. Teríamos todos o pior dos mundos: a mesma concorrência no mercado de trabalho, mas que andaria a par com o crescimento da xenofobia, o desenraizamento de milhões e a ausência de produtos baratos para todos os consumidores.

O livre comércio é a forma mais harmoniosa de promover a criação de riqueza e o desenvolvimento à escala global e este trará consigo, inevitavelmente, o embrião da liberdade política. A persistência da pobreza, por sua vez, anda sempre de mãos dadas com a servidão.