Segundo o Expresso, um grupo de sábios do Ministério das Finanças apresentou um estudo designado «Quatro medidas para a Segurança Social», com o nobre propósito de salvar aquela instituição estatal do descalabro.
A mais significativa de todas é a de prolongar o trabalho até aos 70 anos de idade, criando «incentivos» que o justifiquem, nomeadamente que cada ano a partir os 65 (actual limite) contasse a dobrar e a triplicar para efeitos do cálculo da reforma. Assim, o Estado não só receberia mais cinco anos de contribuições, como atrasaria por igual período de tempo o início dos pagamentos aos reformados. Se tivermos como boa a média dos 75 anos de expectativa de vida de um cidadão português, e o facto de a maior parte deles iniciar uma actividade profissional, e os consequentes descontos, antes dos 25 anos, logo se apercebe o alcance e a justeza social dessa medida.
A notícia não revela quais são as outras três medidas. Mas, a avaliar pelo que já se conhece, não seria de espantar que se adiantasse a obrigatoriedade do trabalho até aos 100, ou a continuação «post mortem» dos descontos, debitando-os sobre os rendimentos dos herdeiros (o que já sucedia com o «imposto sucessório»). Se, no antigo regime, os mortos podiam votar, no actual, nada os impedirá de trabalhar.
O que certamente não terá ocorrido aos sábios das Finanças terão sido medidas como tornar iguais as regras da reforma dos funcionários públicos com as dos demais contribuintes, criar regras justas para as reformas dos «Miras» e dos altos quadros do Estado, dos senhores deputados e quejandos, enfim, disciplinar os gastos do Estado consigo mesmo e com os seus dedicados servidores que, como o CAA aqui demonstrou num oportuno «post», persiste em gastar os seus (nossos) recursos a sustentar-se.