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Tanta gente se queixa que os políticos, os candidatos, não apresentam e não debatem as suas próprias ideias. Que as não concretizam, que as não explicam e contextualizam.
O que é verdade, pois que os partidos não tem muito interesse em se comprometer, em ser realistas, em anunciar medidas impopulares, mas necessárias. Preferem a pequena intriga, o diz que dissse, o apontar o dedo.
Mas os jornalistas, que tantas vezes invocam o estatuto de intermediários da opinião pública ignoram-na, enredeam-se no mesmo jogo, são parceiros interessados no mesmo jogo e coniventes neste marasmo.
Os principais partidos já apresentaram os seus programas eleitorais. Mas não se fazem perguntas aos candidatos sobre o mesmo, não se confrontam dados, não se faz pesquisa, não se pede explicações do quê e do como pretendem os governos aplicar programas de quase 200 páginas. Não. Preferem pedir um comentário às declarações do dia anterior e no dia seguitne fazem o mesmo, num ciclo completamente estúpido e inútil.
Ah, sim, e no dia 21 de Fevereiro, os editores, os directores, sub-directores, jornalistas e comentadores dirão que a campanha foi «pobre», o «debate inexistente», «potenciou-se a abstenção», etc.
Sim, mas eles também serão responsáveis se isto continuar assim.