Pacheco Pereira aborda hoje no Público um dos problemas da política portuguesa: ninguém tem uma estratégia que possa enfrentar e vencer os grupos de interesse. É verdade. Mas não creio que esse seja o problema prioritário neste momento. Infelizmente, os grupos de interesses dominam não só o terreno, onde é dificil combatê-los, mas também o plano das ideias.
A maior parte dos políticos e dos opinion makers defendem as ideias que agradam aos grupos de interesses. Mesmo os mais independentes. Vemos muitos deles a defender convictamente o proteccionismo em nome dos centros de decisão nacionais, a estatização do ensino e da saúde em nome duma suposta qualidade e equidade, as farmácias em nome da saúde pública, o keynesianismo, a despesa pública e o défice em nome do crescimento económico, o Euro 2004 e a Expo 98 em nome do turismo, o TGV e a OTA em nome do progresso, os Jogos Olímpicos em nome do orgulho nacional e a função pública, os subsídios e os ««direitos dos trabalhadores»» em nome do emprego.
Tudo gente com a melhor das intenções. Tudo gente a defender reformas. Tudo gente que só está descontente porque na verdade quer é mais do mesmo. Tudo gente a defender as reformas erradas e a fazer o jogo dos grupos de interesse.