Manuel Pinho defende no Diário Económico que Portugal tem que investir em transportes para reduzir a desvantagem competitiva da periferia. Curiosamente, os países tidos como modelo por todos, a Irlanda e a Finlândia, são pelo menos tão periféricos como Portugal e não andaram a investir à bruta em transportes. A Irlanda é o segundo país mais rico da União Europeia e é um país periférico.
Manuel Pinho diz ainda que o estudo de Marvão Pereira prova que os investimentos em transportes são os que têm um efeito multiplicador maior. O que não diz é que o estudo de Marvão Pereira se refere aos anos 70 e 80, uma época em que o país não tinha infraestruturas nenhumas. Como é óbvio, a rentabilidade de um investimento em infraestruturas depende da oferta de infraestruturas semelhantes. Num país sem infraestruturas, o investimento em infraestruturas pode ser muito rentável. Mas à medida que forem construidas mais infraestruturas a rentabilidade de investimentos semelhantes diminui. Toda a gente percebe que o investimento num primeiro aeroporto é mais rentável do que um investimento que visa substituir um aeroporto que já existe.