27.7.05

Manifestos e cidadania

Os manifestos são importantes, sobretudo, se subscritos por pessoas que sabem ou tem obrigação de saber sobre os assuntos versados.
Mas, devido a dois factores, tem perdido a sua relevância: por um lado, a crescente utilização e consequente vulgarização dos mesmos e, em segundo lugar, a sua inoperância em termos práticos. Estes manifestos tem assumido como um caracter «preventivo», para o futuro, do género: «nós bem dissemos». O que é manifestamente pouco, dadas as questões relevantes abordadas.

Se de facto os autores destes manifestos encaram sériamente os avisos e perigos assinalados, deverão, ou pelo menos, nós, cidadãos, agradeciamos que fossem, consequentes. E assim, uma vez que dispõem da influência necessária, notoriedade/impacto público e suporte financeiro adequado, deveriam, para além da manifestação das suas posições, tomar em mãos a defesa das mesmas. Não em termos estritamente políticos ou partidários. Mas em termos de cidadania:
- avançar com pedidos administrativos e judiciais de acesso aos estudos que tem estado escondidos da opinião pública, mas que supostamente servem de suporte a tais decisões gravosas;
- patrocionar investigação sobre efeitos económicos dos mesmos, em alternativa a «estudos» que o Estado não fez ou que não disponibilza;
- patrocionar a investigação dos mecanismos de pressão efectuada por empresas dos sectores envolvidos com interesses directos e de longo prazo naqueles investimentos e respectiva influência directa e indirecta junto dos diferentes grupos de decisores políticos e administrativos;
- estudar e divulgar soluções alternativas, baseada em experiências similares conhecidas e comparáveis (exemplo: estruturas aeroportuárias, formas de expansão das mesmas, modelos adoptados, modelo de financiamento/gestão/rentabilidade dos diversos sistemas de tgv europeus, etc.).

Estes pequenos exemplos, a que poderiam ser acrescentados muitos outros, seriam bem mais profícuos e salutares, do que meras afirmações de caracter vago, embora acertivas e indubitávelmente correctas. Há que saber ser consequente. A gente agradecia.