O Bartoon de hoje, no Público, baseia-se numa opinião de Oliver Stone, segundo a qual a guerra é boa para a economia e será esse o principal motivo pelo qual os EUA se envolveram no Iraque e no Afeganistão. A frase final do Bartoon é bem elucidativa desse entendimento.
"A Paz também há-de conseguir promover negócios. De momento não me consigo lembrar de nenhuns, mas acredito que consegue..."
Lembro-me de muitos negócios que funcionam melhor em paz do que na guerra - por exemplo, praticamente todos. ###
Exceptuando os poucos segmentos directamente ou indirectamente envolvidos na máquina militar e sempre suportados por impostos, todos perdem.
Nos países onde decorre a guerra, morrem pessoas, destroem-se infraestruturas e minimiza-se a actividade económica. Para os Estados Unidos, o envolvimento numa guerra a milhares de quilómetros de casa é economicamente desastroso. A guerra desvia recursos para actividades cuja procura seria quase nula em caso de paz.
Formam-se militares em número excessivo para as necessidades de defesa. Estes militares deixam de ter uma outra qualquer actividade criadora de riqueza, alguns deles perderão a vida e outros sofrerão ferimentos graves.
O preço da guerra é suportado pelos impostos recolhidos em casa e servem, por exemplo, para comprar bombas que serão explodidas num qualquer alvo a milhares de quilómetros de distância. Não se compreende muito bem que necessidade de um americano é que terá sido satisfeita com uma bomba em Bagdade, excepto uma falsa sensação de maior segurança.
Os EUA gastam biliões de dólares a suportar uma máquina de guerra noutro continente - sem qualquer retorno visível em casa. Gente capaz, formada muitas vezes com recurso a fundos públicos, como médicos, enfermeiros ou engenheiros são utilizados para actividades absolutamente destruidoras de valor.
Claro que a médio prazo, uma guerra pode melhorar as condições económicas de um país, se remover obstáculos políticos à actividade económica, como poderá ser, por exemplo, o caso do Afeganistão. Mas neste caso, mesmo que a actividade económica privada entre empresas americanas e afegãs aumentasse significativamente, dificilmente traria para os Estados Unidos qualquer retorno comparável com o investimento militar efectuado.
Guerras como estas em que os EUA se têm envolvido, não se pagam. São opções puramente políticas e considerações económicas, a serem levadas em conta, estarão quase sempre do lado do não.