5.9.06

blogs e jornais

Na mesma semana em que fechou portas O Independente, alguns jornais de referência, entre eles o Público e o Diário de Notícias, publicaram longas reflexões sobre a crise da comunicação social escrita e, paralelamente, embora sem aparente conexão directa, sobre o crescimento exponencial dos blogs portugueses de informação e de opinião política. O Público, na sua edição de domingo passado, publicou um interessante artigo sobre uma mega-fusão comercial de blogs ingleses, com vista à sua comercialização e rentabilização, e suscitou a possibilidade do mesmo vir a suceder com os principais blogs políticos portugueses, entre eles, naturalmente, o Blasfémias.
A interpretação comum sobre a referida crise, vai no sentido de responsabilizar menos os media tradicionais e enfatizar o aumento e a gratuitidade dos novos meios de comunicação, com especial destaque para a Internet e todos os produtos seus associados.
Sucede, porém, que esta explicação não é suficiente. Há que acrescentar que, nos últimos anos, os jornais portugueses, incluindo os «de referência», entretiveram-se a disputar leitores e mercado publicando verdadeiras abjecções supostamente informativas. Deste modo, e muito na senda de um estilo inaugurado pelo O Independente - que, curiosamente, acabaria por ser a sua primeira vítima fatal, os jornais portugueses dedicaram-se a competir entre si para ver quem publicava mais lixo, tendo conseguido saturar os leitores e o país. É que, como dizia o outro, o povo é sereno, mas não é estúpido.
Por outro lado, não há dúvida que o que se vai escrevendo, por ora, na net e, essencialmente, nos blogs, é mais genuíno e descomprometido. E é, também, na maior parte dos casos, francamente de melhor qualidade, embora a função dos blogs seja, por ora, mais de opinião do que de informação.
Os próximos anos dirão como se vai compatibilizar esta interessante e saudável relação concorrencial.