14.9.06

Finalmente um debate de jeito?

O debate criacionismo/evolucionismo está a chegar a Portugal e eu espero que tenha vindo para ficar. Curiosamente, muitos adeptos do evolucionismo parecem muito desagradados com o debate. Não se percebe. Se estão tão convictos que têm razão, deviam estar contentissimos com a coça que vão dar aos criacionistas.

No entanto, os evolucionistas, se querem mesmo ganhar o debate, devem evitar os 3 erros cometidos hoje por Paulo Gama Mota em artigo publicado no Jornal Público (ver transcrição no Destreza das Dúvidas), a saber:
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1. Não se deve chamar ignorante as adversário por muito que ele pareça ignorante:

O jurista Jónatas Machado discorreu sobre o assunto, no PÚBLICO, há dias (08/09/2006), para atacar os que designa por "evolucionistas", exibindo uma prosápia só equiparável à sua evidente ignorância científica.

Jónatas Machado pode ser tudo, excepto ignorante.

2. Deve-se perceber o que o adversário diz antes de lhe responder. No caso, Paulo Gama Mota mostra que não percebeu que Jónatas Machado defende que as ciências histórica requerem uma teoria metafísica sobre o tempo, teoria metafísica essa que não pode ser falsificada pelo método científico. Respondendo a Jónatas Machado, Paulo Gama Mota diz:
Mesmo que não possamos viajar no tempo para ver como era o Universo nos primeiros três minutos, conseguimos recriar situações similares nos grandes aceleradores de partículas, que nos permitem testar as nossas hipóteses e modelos. Uma questão central a este assunto é o da forma como se faz prova em ciência, algo que J.M. evidencia não compreender de todo.

O problema é: como é que Paulo Gama Mota prova que o tempo existe?

3. É um erros pensar que se pode ensinar ciência sem ensinar filosofia, e isso é particularmente verdadeiro no caso da teoria da evolução:
E isto porque as minhas aulas de evolução não são sobre filosofia, ou ética ou moral, mas sobre ciência.

Como é que Paulo Gama Mota explica a teoria da evolução aos seus alunos sem lhes explicar primeiro determinados pressupostos metafísicos, como por exemplo a existência de uma realidade independente do observador, a existência de espaço e a existência de um tempo que se prolonga até a um passado remoto. Ou como é que se pode ficar pelas questões técnicas do evolucionismo sem a partir delas analisar as suas consequências filosóficas?