2.1.07
Efeitos de longo prazo da fixação de preços
1 de Janeiro é o dia dos aumentos administrativos daqueles bens ou serviços cujo preço ainda é fixado pelo estado. É muito significativo que entre esses preços ainda se inclua o preço do pão, que de acordo com a comunicação social aumentará 20% no início deste ano. Estes aumentos "administrativos" do preço do pão são um indício de cartelização do sector. Mas a questão é um pouco mais complexa. O pão foi em tempos a base da alimentação dos portugueses e teve durante muito tempo o preço fixado pelo estado. Como consequência, aquilo que foi um dos bens mais importantes para a dieta dos portugueses teve durante muito tempo o preço fixado administrativamente com a consequente escassez, redução da qualidade e disputa política. O periodo de fixação de preços deixou uma memória que tem condicionado o mercado do pão desde então. A prévia existência de preços fixados administrativamente criou condições para o estabelecimento de carteis no sector. Em primeiro lugar porque a fixação de preços destruiu qualquer tradição de competiçao entre empresas. E em segundo lugar porque a fixação administrativa de preços criou uma referência cuja memória se mantém e que foi usada, pelo menos tacitamente, pelas empresas do sector para definir os preços do mercado liberalizado. O que é curioso neste caso é que o público aceitou que o papel de fixador dos preços passasse do estado para as empresas de panificação sem protestar. Ainda hoje muita gente acredita que o preço do pão é fixado pelo estado.