20.3.04

MANIFS

Que bom que é viver num país onde as pessoas se podem manifestar livremente.
Apenas nos países democráticos existiram manifestações.

E o que queriam os manifestantes? Eram contra a guerra no Iraque e pediam a retirada das forças policiais.
Porquê? pergunto.

Um ano atrás era compreensível que se fosse contra a solução de uma guerra como forma de resolver um problema político naquela região. Era também democráticamente aceitável que existissem pontos de vista diferentes e opostos sobre a legitimidade de tal guerra.

Mas, a guerra ocorreu.

E verifica-se que: 1. o ditador e regime tirânico foram derrubados; 2. existem forças militares no terreno que tentam assegurar a segurança e o estabelecimento de condições de vida normais; 3. as forças internacionais encontram-se a actuar sobre um mandato das Nações Unidas; 4. os cidadãos iraquianos são livres: podem viajar para o estrangeiro, publicam-se centenas de jornais, realizam-se manifestações, existem partidos, não há censura;
É certo que continua a haver insegurança, agora provocada, não por um regime e um Estado inteiro como anteriormente, mas por actos terroristas de pequenos grupos de criminosos. E demoram a serem asseguradas condições de vida básicas para a maioria dos cidadãos.

Mas parece-me óbvio de que os iraquianos estão agora melhor do que estavam um ano atrás.
E também me parece claro que dadas as actuais circunstâncias, as forças militares e policiais estrangeiras são necessárias por forma a assegurar o mínimo de estabilidade, a criação de um novo Estado e a concretização de um processo político que permita a devolução da soberania ao povo iraquiano.

É portanto com estranheza que vejo forças políticas que em tantos casos abstractos manifestam defender os valores da solidariedade, não serem no caso presente solidárias com o povo iraquiano. Pelo contrário, exigem egoísticamente o regresso a casa dos militares ali destacados em missões de segurança do povo iraquiano.
Se porventura, os mais de 30 países que ali tem tropas retirassem do Iraque, certamente aquele país seria varrido por uma onde de saques, guerra civil e desordens de toda a espécie que se prolongariam por muitos anos, e teriam ainda um efeito devastador nos países vizinhos e em toda a região.

Parece-me é que as forças políticas que querem a todo o custo o regresso das forças militares apenas gostariam de provocar embaraços aos governos actuais e estão pouco ligando para o povo iraquiano.

Porque é que não pedem o regresso das tropas no Kosovo ? Foi uma guerra desencadeada sem cobertura da ONU! E de Timor? Não é uma presença de tipo colonial ? Não deverá a segurança daquele território ser entregue ao povo timorense?

Duplo padrão, não?