22.4.05

COMEÇOU...

Ancorado na questão da lei espanhola que permite casamentos entre pessoas do mesmo sexo, hoje mesmo, o Vaticano clamou ao não-cumprimento das determinações legítimas e legais por parte dos funcionários do Estado espanhol, no caso os notários.
Ou seja, uma estrutura religiosa com enorme influência nas mentes dos cidadãos fez um apelo público e notório à violação da lei, ao incumprimento dos legítimos deveres dos funcionários públicos e ao desrespeito genérico pela ordem jurídica.
Atendendo às circunstâncias concretas deste clamor, feito em plena consciência do seu impacto social e na consequente pretensão de um resultado contrário à legalidade instituída, este pedido aos fieis por parte de uma estrutura do Vaticano aproxima-se perigosamente de um apelo à insurreição.
Atente-se no dramatismo volitivo que se emprestou à situação (sempre a paranóica atracção do martírio) e que revela uma total displicência do prefeito do Conselho para a Família, o cardeal colombiano Alfonso López Trujillo, perante as vidas que quer desgraçar:
«Não é facultativo. Todos os cristãos devem estar dispostos a pagar o preço mais elevado, inclusive a perda do emprego»